terça-feira, 29 de dezembro de 2015

última compra do ano - Mette Henriette



É surpreendente a todos os títulos o primeiro álbum de estreia na ECM, da saxofonista norueguesa, Mette Heriette,

Primeiro, porque sendo (ainda) desconhecida, a ECM apostou num álbum duplo, depois o nome dele tem também o nome dessa mesma desconhecida: Mette Henriette.
E ainda tem a ousadia de nesse duplo, existir também uma dupla personalidade, uma por cd, que não por acaso, são compatíveis entre si.

No primeiro está um trio de jaz, algo diferente do que nós esperamos, saxofone (Mette Henriette), piano (Johan Lindvall) Katrine Schiøtt e violoncelo (Katrine Schiot).

No segundo está um ensemble de treze músicos, onde influências do jazz se misturam com a música erudita estão bem presentes. Os membros do trio, fazem parte do ensemble.

À informalidade e espontaneidade jazzística do primeiro, complementa-se, não se deve falar em oposição porque esta não existe, a formalidade do segundo.

Mas em ambos os cds, as sonoridades, são atmosféricas, etéreas, frágeis, muito intimistas, um pouco... escurecidas, mas com espaço para que a luz possa irromper pelas janelas musicais deles dois.
Existe um equilíbrio magistral entre música e silêncio. Um respeita o outro, um depende do outro.
Quer no primeiro cd, quer no segundo, mais neste último, o do ensemble, existem alguns sobressaltos, momentos de tensão. Aliás este é bastante mais tenso, mais dissonante. Como se houvesse necessidade de nos trazer à terra, à realidade, de nos subtrair por alguns minutos da Terra do Nunca para onde Mette nos atira no seu trio.

É uma autêntica experiência este duplo álbum. Complexa, arriscada, aventureira, de autêntica descoberta. Cada audição há algo de novo, algo não percebido, não ouvido, da vez anterior.

Neste álbum, tudo flui, tudo se completa, mesmo nos opostos. O jazz do trio, solto, mas muito consonante, e a dissonância da música de câmara do ensemble.
O grande, grande trunfo é sonoridade e a composição de Mette Henriette. É fascinante e encantatória. Talvez seja este o melhor termo para definir esta pérola do universo musical da etiqueta alemã: encantamento.






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