terça-feira, 5 de maio de 2015

a negação de um direito





Pensamos que o sofrimento físico e psicológico é um exclusivo nosso, do ser humano.
Não é verdade.
O extremo confinamento, a dor constante dos maus tratos, de serem marcados com ferros em brasa, bicos cortados, ambientes escuros, sujos, gritos de dor que os animais ouvem que provêm de outros animais, perturba-os, stressa-os, provoca-lhes ansiedade, desespero e auto-mutilação.

Pensamos que só os seres humanos é que sentem a dor da perda de um filho.
Muito longe disso.
As vacas choram as vitelas e os bezerros que acabam nos nossos pratos através dos matadouros.
Os porcos que são considerados mais inteligentes que um cão, sofrem quando lhes retiram os leitões, quando estão perto de si, mas as barras não os permitem acariciar e confortar.

Pensamos que é errado, comer cães, gatos, porque são inteligentes, meigos, porque dormem nas nossas camas, porque nos fazem companhia.
É verdade, mas está errado.
Uma vaca, um porco, uma galinha, um cavalo, um coelho, todos eles são meigos e inteligentes.
Está profundamente errado porque não lhes damos a mínima hipótese de provarem, de nos mostrarem que o são.


Olhamos para estes animais, sempre do alto da nossa superioridade. São inferiores porque os comemos.
Não lhes reconhecemos inteligência, a sensibilidade, a capacidade de amar ou de serem capazes de sofrer.
Com base nesta pretensa inferioridade, negamos-lhe liminarmente aquilo que desejamos para nós próprios. O conforto, o bem estar, a liberdade, a protecção, o carinho, o reconhecimento das nossas personalidades, as nossas diferenças.

Pior. Ironicamente, negamos-lhe o direito a aquilo que o ser humano mais apregoa e valoriza como sendo o valor mais sagrado de todos os seres vivos: o direito à sua vida.


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