quarta-feira, 20 de maio de 2015

Para ali não, para ali não!



Nem sempre é preciso ver, mas ajuda muito, sangue, cenas cruéis e maltrato dos animais nos matadouros para percebermos o quanto a proximidade da morte assusta um animal.

Neste vídeo, temos a consciência do que sente um animal que está literalmente no corredor da morte.
Esta vaca sabe o que está à frente dela. Sabe o que acontece, o que se passa por trás daquela porta para a qual olha fixamente e não se quer aproximar. Está assustada.

Quer voltar para trás mas o cruel corredor de cimento está desenhado para que ela não consiga. É estreito para o seu corpo. Tenta por tudo voltar para trás, recuando. Mas nem isso lhe é permitido.
É picada, é magoada, forçada a ir para a frente, para a porta que não quer cruzar. Para o destino que não escolheu.
Um estouro e vemos as suas patas, está caída no chão.

Esta é a grande lição que aprendi. Os animais sabem o que é a morte. Têm a noção dela.
Sabem que aquilo não é bom para elas, não o desejam. Provoca-lhes, medo, stress e angustia. Querem fugir.

Há uma palavra que descreve a capacidade que esta vaca, como todos os outros animais e logo nós próprios, de sentir, de fazer uma escolha, de reagir e interagir com o ambiente que os rodeiam.
Escolher o que é melhor para elas.
O que é bom e mau. O que dói e o que conforta. O que é a agressão e o carinho. O que é liberdade e o enjaulamento. Que sabem o que é perder as sua crias, serem separadas delas e a ansiedade que sentem por isso.

Essa palavra, bonita, poderosa, comum a milhares espécies e de novo, a nós próprios, chama-se Senciência.
Exactamente aquilo que somos e egoisticamente não reconhecemos, negamos e ignoramos nos animais não humanos.

Pela beleza desta palavra, pela reacção desta vaca, e de porcos, e galinhas, e patos, e coelhos, e peixes, e polvos e incontáveis outros seres vivos que são desrespeitados, que têm uma vida miserável, que enfrentam a morte quando não a desejam, por eles todos, que não são menos que cães ou gatos, me tornei vegetariano.

É bom sê-lo, porque preservo a vida, porque contrabalanço a atrocidade e crueldade praticada nos animais, porque protejo e respeito o mundo à minha escala, torno um pouquinho melhor este planeta que é tão bonito.
E sinto-me tão bem por isso.







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