sexta-feira, 6 de março de 2015

estupidez, a suprema inteligência


Homer Simpson é um homem de sorte. Ver o mundo a preto e branco ou, na sua perspectiva, com e sem cerveja, é uma bênção.
Reduz a complexidade do mundo à quantidade de espuma que tem a cerveja ou ao tamanho de um donut.
Desconstrói a responsabilidade, até ao ponto em que ela deixa de existir e portanto de o atormentar.

Encolhe os ombros aos problemas porque isso só o chateia e o que o chateia não vale a pena dar importância.
Não precisa, não necessita de ser inteligente, porque não precisa dela para aquilo que é importante para ele. A cerveja, os donuts, a televisão.

Ser inteligente é dar a si próprio uma oportunidade para sentir e sentir não é bom. Sentir, magoa.
A estupidez é uma bênção e portanto há que a aproveitar e deixar-nos inundar por ela, escudar-nos por detrás dela. Assumi-la como uma permanente e fiel fonte de conhecimento, de lógica e de convicções inabaláveis.
É pensar estoicamente. Porque partir uma perna pode ser positivo porque podia-se partir as duas o que era pior.

Ir no rebanho, ir na protecção do número. Muitos a pensar o mesmo têm que estar certos, logo o pensamento pode ser dispensado. 
A separação do pensamento do corpo para dispensar o primeiro. Eu não sou o meu cérebro.
Abandonar a dualidade e adoptar a unidade. Reduzir-mo-nos ao material, ao corpo e ao que que ele gosta.

Homer faz o que muitos de nós gostaríamos, se tivéssemos inteligência para isso. Sermos genuinamente estúpidos. Sermos lineares, Criar uma realidade protectora, a nossa realidade, porque a que está à nossa frente não existe, porque não a percebermos, porque não temos percepção dela. É complexa inteligência da estupidez. 
A suprema inteligência.




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