quinta-feira, 20 de novembro de 2014

alma


alma


Alma, de chama ausente
no caminho a olhar a dor
amortecida no que sente
por uma busca sem calor

Alma, sem esperança
na negridão que não clareia
deseja o que não alcança
o sonho a que é alheia

Alma, que caminha
cega sem parar
o tempo que a definha
na busca de não encontrar

Alma, que muito agoniza
entre as minhas mãos cerradas
esse cansaço que se enraíza
num horizonte cheio de nadas

Alma, atolada no deserto
sem volta nem maré
O teu passo é incerto
não caias, fica de pé

Alma, quem és tu
que foges e não me compreendes
amarga filha de Nosferatu
que não soltas e me prendes

Alma, sempre errante
imersa na longa solidão
essa raiva tão abrasante
que te seca à exaustão

Alma, que ruges furiosa
irrompes e uivas a dor
amaldiçoas a noite silenciosa
em gritos e choros de temor

Alma, o que tenho de fazer
pergunto-lhe eu por fim
será que terei de jazer
para deixar de ser assim?


Inkheart


1 comentário:

  1. Um grito na noite, intenso, este teu poema.

    Alma, âmago do ser que norteia a vida, não com o que quereriamos sentir, mas com tudo o que se intensifica em nós.

    Gostei muito de tua visita. E da 'solidariedade' dos sentires.

    Bom fim-de-semana :-)

    ResponderEliminar