Eu consideraria que este seria um dueto improvável.
Gosto de bastante de Boss AC, um grande "hipopista" mas estou longe de ser um fã de Mariza. Não gosto da sua voz e não a considero verdadeiramente uma fadista.
Mas a fusão do hip hop e do fado neste tema dos UPA - Alguém me Ouviu (Mantêm-te Firme) - surpreendeu-me e Mariza até resulta muito bem.
Se tomarem atenção à extraordinária letra da música para este fim de semana, ela divide-se entre duas forças opostas que coabitam ou que nos dominam/ dominaram em algum momento da nossa vida.
Em termos de Guerra da Estrelas será o dark side of the force vs o light side of the force.
Boss AC representa o lado escuro da letra. É obscura e densa. Representa o desespero, a angústia, a resignação, a luta travada e logo perdida, o cansaço, a solidão que esmaga.
Mariza contrapõe com a esperança, a perseverança, a coragem, a tenacidade, que quando caímos temos que nos levantar. Mesmo que quando escuridão abunda, tem que se procurar algo que nos leve para a luz.
Não sei quem terá escrito esta letra, mas quem a escreveu conhece ou conheceu muito bem o dark side of the force.
Bom fim de semana :)
Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparente ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouco me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta.
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é raínha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma uma voz dentro de mim que me diz...
Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
E não sei se que me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo
Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz...
Chorei
Mas não sei alguém me ouviu
E não sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo.
UPA - Unidos Para Ajudar - é um movimento que surgiu em 2008 de músicos portugueses nomeadamente, Camané, Dead Combo, Xutos & Pontapés, Mesa, Rodrigo Leão, Mão Morta, Sérgio Godinho, Rui Reininho, Clã, Boss AC, entre outros que tinha por objectivo mudar a maneira como a sociedade encara as doenças mentais.
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