Aquele bloco de notas era a única prova material que o avô tinha existido para além da sua memória. Por isso ele amava aquele bloco.
Voltava sempre a ele quando precisava de fugir. Preso à cama, os seus desenhos eram escapes para a realidade imaginada, permitiam-lhe viver coisas simples. O mar, o sol, o vento, a chuva no rosto.
Intermitentemente o aviso sonoro disse-lhe que algo estava a correr mal. Não ficou preocupado. Sempre esperou que um dia o ouvisse em contínuo.
Como sempre nessas ocasiões fechou o bloco de notas e ao seu lado arrumou o lápis de cor amarela. Pôs a sua mão esquerda sobre a capa macia do pequeno bloco e esperou.
Talvez fosse desta. Precisava só de mais uns segundos, uma eternidade para ele. Começou a sorrir.
Quando a porta se abriu de rompante e se debruçavam sobre ele, já o menino tinha pedido outro bloco de notas ao avô.
Inkheart
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