sexta-feira, 18 de outubro de 2013

centenário nascimento Vinicius de Moraes


Brasileiro, de Rio de Janeiro, Marcus Vinicius de Moraes nasceu há cem anos. Em 19 de Outubro de 1913.
Diplomata, poeta, escritor, cronista, muito ligado à música popular brasileira (MPB) pelas suas letras e até foi crítico de cinema, Vinicius foi um homem das mil palavras. Era boémio, apreciador de tertúlias e whiskey. Era também um homem de muitos amores e paixões. Casou nove vezes!
Como quase toda a gente que o conhece é a sua faceta de poeta que mais nos marca.

Dele, existe um poema - Soneto da Fidelidade - que considero maravilhoso, em parte devido ao último terceto.
Recorro frequente ao último verso deste terceto, para eu perceber, para eu não me esquecer, para eu consiga apreciar os momentos, os instantes bons, porque são estes que mais se aproximam da felicidade.

Recorro a ele para que que eu consiga, que eu tenha o dom de os eternizar enquanto eles estão presentes, enquanto os tenho, enquanto estão na minha mão, à frente dos meus olhos, enquanto os consigo escutar e ver.
Tudo o que é bom, que é belo, é efémero. Acaba sempre cedo por muito que durem. A arte de os eternizar enquanto estão presentes é um privilégio
Quando eles cessam, quando se esfumam, será na nossa memória, nas sensações que causaram, que viverão e se manterão. A magia dos bons momentos será eterna.
E então terão sido infinitos enquanto duraram. 





Soneto da Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes


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