Há uma grande dose ingenuidade quando se ouve a música tradicional portuguesa quando tocada pela rapaziada dos Quatro e Meia.
São cinco elementos, unidos pelas tunas académicas de Coimbra, que se juntaram em 2013. Na sua página, eles explicam o porquê do seu nome.
Dos cinco, há um que é um meia-leca, o Rui, que toca contrabaixo.
Quando depois se tornaram seis, resolveram manter o nome original. Eles são o João Cristóvão Rodrigues toca violino e bandolim, o Mário Ferreira que além de vocalista também toca acordeão, o Pedro Figueiredo na percussão, Ricardo Liz Almeida na guitarra e voz, o contrabaixista Rui Marques e Tiago Nogueira também guitarra e voz.
Apesar de já existirem há quatro anos, foi agora, foi no último dia de Junho deste ano que saiu o seu primeiro disco.
Baile de São Simão, o tema que fecha o álbum remete-me para "o meu querido mês de Agosto", que está quase a chegar.
Arraiais, bailes e bailaricos, quase todos eles dedicados a santos e santinhos, plenos de fatos domingueiros, com os donos e donas deles tão conservadores quanto cuscos, banhados em perfumes tão bons quanto os sucedâneos de chocolate espanhóis, em terreolas perdidas e espalhadas pelas serras, que triplicam o número de habitantes quando os emigrantes retornam a elas.
A música dos Quatro e Meia tem aquele equilíbrio sábio e difícil de obter, de manter a tradição popular e saborosa, embrulhada numa novidade colorida, mas que não a descaracteriza nem a altera.
Baile de São Simão é uma música fresca e cheia de boa onda.
Bom fim de semana ☺
São as festas da aldeia de S. Simão
Todos se vestem de gala p’rá ocasião
E à saída da igreja, eu vejo a luz!
Tu, no teu vestido branco, de ombros nus.
E a aldeia todo fala, Que despudor!
Não se entra em casa de Deus Senhor!
Esta há-de ir pró inferno e de arder bem
Por mostrar assim os ombros à Virgem Mãe!
E eu só penso que hoje à noite há um baile e vais lá estar
Se tu vens assim prá missa, como sais para dançar?
Ponho água de colónia, fico a cheirar a jasmim
Rezo p’ra que lá na praça te aproximes de mim!
Roda, menina, e solta o teu cabelo ao vento!
Baila, menina, e esquece o mundo ao teu redor!
E eu rodo contigo
E eu bailo contigo!
Quando tu rodas o baile ganha outra cor!
Outro dia se levanta em S. Simão,
Todos vestem roupa nova p’rá procissão
E na fila da direita, longe da cruz,
Vais no teu vestido branco e de ombros nus
E a aldeia toda fala, Que despudor!
Com a vergonha até o santo cai do andor!
O diabo há-de levá-la, há-de arder bem.
Nem que reze mil novenas à Virgem Mãe!
E o que interessa é que hoje à noite vai haver baile outra vez
E eu só quero acompanhar a leveza dos teus pés
Tomo banho, faço a barba e ensopo o cabelo em gel
Vou ficar à tua espera mesmo junto ao carrossel!