sábado, 3 de outubro de 2015

uma música para o fim de semana - Márcia





Felizmente que não há muito a dizer ou a escrever sobre Márcia.
Basta ouvi-la.

Tem uma das vozes mais genuinamente adoráveis da música nacional.
Perpassa por ela um encanto, uma calma e tranquilidade sincera.
Não é uma voz esforçada, pensada ou trabalhada. A voz com que canta para um público, é a voz com que canta no chuveiro.

Ouve-se e gosta-se. Somos fascinados  por ela. É simples. É fácil.
Quanto a Insatisfação do seu álbum Quarto Crescente lançado em Maio deste ano, não tem nada. Pelo contrário.


Bom fim de semana :)




A Insatisfação

Escrita fina
quando corre ensina 
não dura um deserto que atravesse
Pode ir sendo
que demore um tempo
mais tarde ou mais cedo 
lá me acerto

Na lembrança 
o meu céu de criança
a quem nunca se entrega um tom cinzento
por momentos
vem num pensamento
e uma nuvem chove cá por dentro

Quase nada
(experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma
(prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação
(temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona
(mas nada me impede de tentar)

Porque tento
andar atrás no tempo
e entender a chuva que acontece?
Como por magia 
há sempre um novo dia
e outra Lua Nova que anoitece
Se a madrugada traz uma canção
pouco importa que me insista hoje em "dia não"
tomei o meu fastidio pra me atormentar
pedras no meu trilho são pra me assentar

Quase nada
(experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma
(prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação
(temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona
(mas nada me impede de tentar)

Mesmo transformando em nosso o que era meu
se és a sorte do caminho que a vida escolheu
Canta que me afina, faz-nos avançar
premeia-me o destino por te ver dançar

Quando acordar do sono que eu escolhi
quero ter no meu cantinho sempre mais de ti
cada rosa, cada espinho que tanto cresceu
mesmo quando venham pra nublar-me o céu.

Quase nada
(experimento o céu de negro que há de norte a sul
nunca me conforma
(prometo-me a mim mesma mais de céu azul)
a insatisfação
(temo que haja pouco pra me contentar)
nunca me abandona
(mas nada me impede de tentar)


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

dia mundial da Música - Johann Sebastian Bach


O dia mundial da Música bem que podia ser o meu dia mundial.
É difícil para mim conceber a minha vida sem ela e até dos que vivem sem ter a sua presença.

Não há amor como o primeiro. Se o jazz é o amor da minha vida, a música clássica foi o meu primeira. E é um amor com muitas paixões.

Uma delas é o sublime prelúdio da Suite Nº1 para Violoncelo solo do compositor e músico alemão Johann Sebastian Bach.
Com ele vamos ser apresentados à voz solene e pausada do violoncelo de uma maneira única. Quase trezentos anos depois ninguém conseguiu fazer melhor.

Vamos ouvir um Prelúdio de um violoncelo. Só ele. Nenhum outro instrumento se interpõe entre ele e nós. Subtilmente somos "obrigados", cativados e depois fascinados a ouvir até ao que ele tem para anunciar.

É esse o dever de um prelúdio, a sua maior satisfação; ser o arauto, chamar a atenção para o que vem a seguir. Que as coisas não acabam no fim deste anúncio. Que tudo vai começar. Que o melhor está para vir
E o que vem a seguir a este anúncio é maravilhoso.

Mas há um segredo que este Prelúdio não conta. Ele não está só. Tem mais cinco irmãos. Cada um deles
Bach compôs seis suites para violoncelo. Pensa-se que tenha sido entre o período de 1717 a 1723. Johann Sebastian Bach morreu em Julho de 1750.
Cada uma das suites tem o seu prelúdio. A Nº1 é a mais conhecida, possivelmente por ser a primeira e pela beleza avassaladora do seu prelúdio.
Mas infelizmente nem sempre há a vontade de ouvir toda a família.

Vão em frente. Comecem na 1 e vão até à 6. E apreciem cada uma delas.




uma citação (no dia mundial da Música)



"Onde as palavras falham, a música fala"

Hans Christian Andersen





terça-feira, 29 de setembro de 2015

Grande Ecrã - Sem Saída



Um “lixinho” é um filme que sei que não é grande coisa, mas que me vai entreter. É um filme que sei que não trás valor acrescentado.
No fundo trata-se de um filme domingueiro e é assumidamente isso.

Sem Saída é um filme falhado. Nem sequer é um “lixinho”, e não estava a contar que fosse, mas é pior que isso. É puro lixo! 

Não tem argumento, pretende ser um filme de acção mas única acção capaz de provocar em quem o vê, é fazer-nos sair da cadeira ao intervalo e não voltar.

Se acção tem muito pouco, suspense tem ainda menos.
Pretende criar suspense, criar expectativas, emoção, mas mais uma vez, a unica emoção que causa é de evitar que a cabeça caia para o lado de sono.

A praia de Owen Wilson (Jack Dwyer) é furar casamentos e andar aos tiros com Jackie Chan no Oeste onde fica bem fazer biquinhos com os lábios.
Agora armar-se em herói e chefe de família e protector desta, está longe das suas capacidades enquanto actor.
Pierce Brosnan (Hammond) faz figura de corpo presente, está lá só para fazer isco para os mais incautos irem ver este filme pela sua presença.
Quanto a Lake Bell, Annie Dwyer, a mulher de Jack, passa metade do tempo escondida e a correr atrás dele.


O realizador John Erick Dowdle, que por acaso também escreveu o argumento, não é capaz criar um ambiente fidedigno de um país do sudeste asiático em revolta - aposto que é a Tailândia - e não consegue criar nem incutir dinâmica no filme. Este arrasta-se dolorosamente.
A fotografia nem se nota que existe e os diálogos são monótonos.

Sem Saída não tem ponta que se pegue. E o trailer é melhor que o filme.
Ah, relativamente ao título, é óbvio que há saída...

Quero o meu dinheiro de volta.