Elliott Erwitt, deve ser dos fotógrafos de rua mais fascinantes e inteligentes que conheço.
É divertido, sério, é sarcástico, perspicaz e acima de tudo um oportunista, no sentido de saber aproveitar e reconhecer a oportunidade quando esta surge à sua frente, brilhante.
Foi um dos primeiros fotógrafos a integrar a agência Magnum e um dos seus presidentes.
Despreocupado relativamente aos temas que pretendia fotografar, não se deixa prender por temas previamente definidos, nas palavras dele "apenas reajo ao que vejo", fica com a criatividade e imaginação desenfreadamente à solta. E é precisamente isto que o seu trabalho demonstra.
Descobri Elliott, nascido francês mas naturalizado norte-americano em 2013, numa das minhas viagens mais marcantes que fiz até ao momento: o transiberiano na rota transmongol.
Na entrada do hotel onde estava hospedado em Moscovo, havia um livro dele que se intitulava Paris.
Ao longo dos dias que estive em Moscovo, folheei quase diariamente este livro e facilmente, muito facilmente, deixei-me seduzir por este fotógrafo.
Paris, New York e Dogs, são talvez os seus melhores livros.
Até neste aspecto, Elliott quebra convenções. Quando elabora um livro - afirma que a existência de um fotógrafo passa pela existência em papel - procura nos seus arquivos, fotografias que possam ser alinhadas e dar origem a um tema coerente, espalha-as no chão e faz a selecção passeando por elas e tentando perceber quais as melhores que servem esse propósito.
A fotografia que encerra a série dele neste post, é a minha preferida da sua obra. É a capa do livro Paris. Consta que é uma fotografia minuciosamente encenada - o homem que salta no ar, será um bailarino contratado, veja-se a amplitude da abertura das suas pernas - para prestar homenagem, ao que Cartier-Bresson chamava o "momento decisivo". Aquele momento em que tudo se conjuga para a fotografia se tornar genial e perfeita.
Seja ou não encenada, a fotografia é brilhante e revela a intuição e a imaginação de Elliott para a fotografia.
Se há fotógrafos fora da caixa, e com uma profunda empatia com os cães, Elliott Erwitt, actualmente com 89 anos, é o maior deles.