Márcia recorda-me Martin Scorcese, por muito que o queira não consegue cantar mal, ou fazer algo desinteressante.
Márcia é igual a si própria. Felizmente.
Intimista, pausada, serena. Encantatória. As suas canções são quadros pintados com pinceladas delicadas e cores suaves. Quadros pintados sem pressa e solitariamente. Quadros que se ouvem com o coração.
Tempestade, antecede o seu novo álbum Vai e Vem, a ser lançado em Outubro.
Tudo nele é Marcia. E traz um ensinamento precioso consigo:
Dança o teu azar
enterra-o por aí
Vem passar por dentro
da tempestade
Lança-te a voar
nada como abrir
as asas ao vento
e aprender a cair
Bom fim de semana ☺
Espera sempre dos momentos
Alguma coisa que ao passar
te leve mais além
A mais algum conhecimento
Mas não queiras salvamento
se faltar a alguém
Dança o teu azar
enterra-o por aí
Vem passar por dentro
da tempestade
Lança-te a voar
nada como abrir
as asas ao vento
e aprender a cair
Convence o próprio pensamento
a abrir as portas para passar
sem vetar ninguém
Cada Ser seu sentimento
e talvez o salvamento
nos salve a nós também
Dança o teu azar
enterra-o por aí
Vem passar por dentro
da tempestade
Lança-te a voar
nada como abrir
as asas ao vento
e aprender a cair
Fui para o aeroporto de Tblisi a trautear Where the Wild Roses Grow.
Um dueto incrível entre Nick Cave e Kylie Minogue que surge no álbum Murder Ballads de Nick Cave, corria o ano de 1996.
Na noite anterior, num daqueles cafés perdidos nas labirínticas ruelas da velha Tblisi, a playlist voltou a ser de excelência.
O Pur Pur, um dos cafés restaurante mais antigos da cidade, tem uma decoração maravilhosamente misturada com notas retro, vintage e victoriana. Uma colagem de épocas. O ambiente é sabiamente iluminado com cores quentes, a convidar à conversa agradável, ao romantismo. Ele é conhecido pela sua cozinha, carta de vinhos e pelos (altos) preços praticados.
Regularmente tem música ao vivo. Na altura, tocou um quinteto de jazz com dois saxofones (tenor e alto), um baixo, uma guitarra e bateria. Todos músicos excelentes, à excepção talvez do saxofone alto que mostrou algumas hesitações e por vezes falta de fôlego.
Após o concerto, a playlist do Pur Pur entrou em acção. Ao deixar o bar, Where the Wild Roses Grow de Nick Cave, umas das minhas favoritas de sempre, inundou-me com uma suave, mas insinuante, melancolia. Arrumei com todo o cuidado a minha cadeira para que esta não perturbasse a dupla de vozes.
They call me The Wild Rose
But my name was Elisa Day
Why they call me it I do not know
For my name was Elisa Day
From the first day I saw her I knew she was the one
She stared in my eyes and smiled
For her lips were the colour
Of the roses
That grew down the river, all bloody and wild
When he knocked on my door and entered the room
My trembling subsided in his sure embrace
He would be my first man
And with a careful hand
he wiped at the tears that ran down my face
They call me The Wild Rose
But my name was Elisa Day
Why they call me that I do not know
For my name was Elisa Day
On the second day I brought her a flower
She was more beautiful than any woman I've seen
I said, 'Do you know
Where the wild roses grow
so sweet and scarlet and free?'
On the second day he came with a single red rose
He said: 'Give me your loss and your sorrow'
I nodded my head,
As I lay on the bed
'If I show you the roses will you follow?'
They call me The Wild Rose
But my name was Elisa Day
Why they call me that I do not know
For my name was Elisa Day
On the third day he took me to the river
He showed me the roses and we kissed
And the last thing I heard
Was a muttered word
As he knelt above me with a rock in his fist
On the last day I took her where the wild roses grow
She laid on the bank, the wind light as a thief
And I kissed her goodbye
Said, 'All beauty must die'
And I lent down and planted a rose
'tween her teeth
They call me The Wild Rose
But my name was Elisa Day
Why they call me it I do not know
For my name was Elisa Day
My name was Elisa Day
For my name was Elisa Day