"A ciência fez de nós Deuses antes que merecêssemos ser homens".
Esta frase de Jean Rostand, biólogo e filósofo francês (1894-1977) é uma das minhas favoritas.
Eu encaro mais como caminhos distintos e entrelaçados do que opostos.
A religião trata de questões de fé, a ciência trata de factos. Uma avança pela experiência e pelo erro, a outra sendo dogmática não avança. Uma vive da busca de respostas, a outra já as tem.
Do meu ponto de vista a religião entra em campo quando a ciência atinge os seus limites. Quando esta se torna incapaz de explicar e de apresentar factos.
No entanto e se pensarmos bem, ambas baseiam-se na fé e na crença. Mas mais uma vez são fés opostas, ou seja, fé evolucionista e tangível vs fé espiritual e etérea.
Não creio que alguma vez que a ciência vá suplantar a religião, ou o contrário. Talvez, até em determinados aspectos estes dois "seres" entrelaçam-se e quase que se fundem. Especialmente porque, e neste caso em concreto, a ciência e a tecnologia navegam por campos e conceitos em que o dia-a-dia, o sentido prático e o senso comum se mostram absolutamente incapazes de dar uma percepção do que está em discussão.
Os seus temas de estudo são inatingíveis, difusos e etéreos apenas ao alcance da elite e de alguns sumos-sacerdotes (leia-se investigadores).
Neste ponto a própria ciência quase que se torna (ou torna-se) uma religião. Só não é dogmática.
Esta reflexão ocorreu-me quando após alguns meses de paragem por avaria nos seus circuitos de refrigeração o LHC no CERN - Centre European Recherche Nucléaire - voltou a funcionar em finais de Março.
O LHC (Large Hadron Colider) ou em português o Grande Colisor de Hadrões consiste num anel de 27 km de diâmetro enterrado no solo a 100 metros de profundidade próximo de Genebra, na fronteira franco-suíça.
Tem por objectivo acelerar feixes em sentido contrário de partículas pesadas, protões ou núcleos de chumbo, a velocidades muito próximas (99.99%) da velocidade da luz (300 000 km/s) fazendo-as depois colidir em pontos de intersecção muito bem determinados.
Com as elevadas densidades de energia que estão envolvidas nestas colisões pretende-se aproximar o conhecimento actual sobre a origem do universo ao momento zero da sua criação: o Big Bang.
Há apenas alguns milhares de anos estávamos a inventar a escrita, agora... almejamos vislumbrar a criação.