Pelas suas mensagens de união e esperança, mais uma vez Bob Marley foi "chamado" a dar a cara e a sua música (High Tide or Low Tide) para um projecto humanitário que visa a ajuda às populações atingidas pela terrível seca que está a assolar o chamado Corno de África, na África Oriental.
Dos vários países situados nesta zona, o Quénia e particularmente a Somália são os mais atingidos.
Morrem diariamente cerca de 50 crianças e estima-se que cerca de um milhão de crianças estejam em risco de vida nos próximos meses por ausência de comida, água e medicação adequada.
Este é o video que promove a campanha de ajuda às vitimas da fome, em particular as crianças.
Para o pessoal virado para o cinema, o realizador deste pequeno filme é o mesmo de O Último Rei da Escócia - Kevin MacDonald.
O que se está a passar em Londres não é revolução, descontentamento social e nem sequer é um protesto ideológico, seja ele de esquerda, de direita ou das respectivas extremas. É um vazio absoluto de ideias.
É pura destruição. Algo que não é remotamente útil para quem quer que seja.
As únicas consequências desta selvajaria cretina e ausência de civilização é em primeira instância para as comunidade locais, para os comerciantes e de quem vive das suas economias.
Depois, fará com que qualquer outra verdadeira e genuína manifestação de protesto social, seja em que país for, seja encarada com desconfiança e como uma potencial fonte de caos e destruição, e portanto fortemente policiada. Que por definição, é ela própria uma situação geradora de tensões.
Tentar justificar estes actos invocando argumentos políticos e económicos, só conduz à validação e desresponsabilização dos actos em si, é a promoção do vandalismo e da criminalidade pura e dura.
E aí sim correremos o risco de ver Paris a arder, Atenas a arder, Madrid a arder e por aí fora.
É uma mistura de ET com Goonies, com uma saltada evidente a George Romero (zombies) e uma pitada de pozinho romântico de Shakespeare (Romeu e Julieta).
A associação ao ET de Spielberg é inevitável.
Um extra terrestre quer voltar para casa e um grupo de crianças acaba por ajudar enquanto pelo meio estas enfrentam a incompreensão dos pais e um bando de mauzões com grandes meios militares.
Enquanto um queria telefonar para casa ou outro precisa de uma nave para voltar para casa.
Super 8 de J.J. (Jeffrey Jacob) Abrams, realizado e escrito por ele, parece ter como objectivo único prestar homenagem aos filmes do seu produtor Spielberg.
É talvez esse um dos seus maiores pontos negativos. Passamos todo o tempo a encontrar (para quem conhece) menções directas ou indirectas à cinematografia de Spielberg dos anos 80. Aliás temporalmente passa-se na mesma época de ET. Fins da década de 70, inícios de 80.
Desconhecer ET e Goonies é uma vantagem considerável para quem vê este filme.
Super 8 é quase um filme que vem de dentro de outro filme (terror com zombies) e que precisamente está a ser realizado por um grupo de crianças com uma câmara de super 8 - foi assim que Spielberg e J.J. Abrams começaram as suas carreiras.
A certa altura das suas filmagens o grupo vai para uma velha estação de comboio e assistem a uma colisão de um carro com um comboio que o faz descarrilar.
É talvez a melhor sequência de todo o filme. Muito bem filmada, rápida, espectacular e com grandes efeitos especiais (mas como é que carga de água um condutor resiste a uma colisão destas???).
Na fuga deixam cair a velha câmara que continua a filmar. Ao revelar o filme descobrem o que a fuga não lhes permitiu ver. Algo propositadamente vago e que parece ser um extra terrestre sai do comboio e rapidamente estranhos acontecimentos começam surgir um pouco por todo o lado.
Alice Dainard (Elle Fanning) e Joe Lamb (Joel Courtney) dão o cheirinho romântico ao filme com tal toque Shakesperiano. Os respectivos pais, com questões não resolvidas e relacionadas com o passado, proíbem-nos de se relacionarem sob qualquer pretexto.
Cabe a esta dupla o melhor do filme, particularmente a cena em que Alice ensaia o seu diálogo na estação de comboio.
Uns bons furos abaixo dos filhos estão os seus "pais", Jackson Lamb (Kyle Chandler) e Louis Dainard (Ron Eldard) que parecem perdidos e desligados dos seus papeis.
O final tem desenlace rápido e fácil para um filme que dura quase duas horas.
Tem a arte de esconder o extra terrestre quase até ao fim. Deixa lugar para a nossa imaginação funcionar e até ansiar vê-lo para ver se confirma o que imaginamos, mas nas cenas finais quando finalmente vemos o "bichinho" sabe a pouco e ficamos um pouco defraudados. Era preferível ficarmos sem sabermos como ele era. Tipo totem do Inception. Caiu ou não caiu?
Super 8 é um filme de aventuras e entretenimento, bom para ver num domingo - por acaso vi-o num sábado - o que não é muito para a dupla Spielberg/ Abrams e para o orçamento envolvido.
Um conselho para o pessoal mais apressado. Aguentem pelos créditos finais. O melhor do filme está nesses derradeiros minutos.
Texto previamente publicado na revista de artes on line Textualino.
É fácil apontar o dedo a Amy Winehouse e chamar-lhe drogada e alcoólica. Em verdade estamos mesquinhamente, a apontar o dedo a nós próprios e às nossas imperfeições.
O problema de Amy Winehouse era ser conhecida à escala mundial, isto amplifica na mesma proporção as suas imperfeições e a dificuldade em lidar com elas.
É uma escala que nós dificilmente teremos que lidar. É a grande vantagem da mediania. Tudo o que somos e nos tornamos fica diluído no cinzento número da vulgaridade.
Com 27 anos, a idade com que Amy morreu, a maior parte de nós só é conhecido por uma dúzia de pessoas (família e amigos) e pelo nosso cão ou gato se tivermos a sorte de ter um.
Não sabemos o que é estar na voragem e pressão da indústria fonográfica para regularmente colocar discos cá fora, serem um êxitos para que o público possa avidamente comprar e dar dinheiro a ganhar às editoras.
Mas apesar de tudo talvez consigamos imaginar a destruição que as “más companhias” podem provocar em alguém que está mentalmente fragilizado ou que de repente se vê num meio, que de raiz talvez não pertença ou não se adapte.
É assim que vejo Amy Winehouse, uma rapariga pequena perdida num grande mundo. Alguém que precisava da paz e protecção de um abraço amigo e não de sugadores de vidas e dinheiro.
Tive, tenho e terei sempre um carinho muito especial por Amy. Era uma mulher muito bonita com uma voz ainda mais bonita.
O álbum Frank passou-me um pouco ao lado, mas o Back to Black atingiu-me em cheio. Não tanto por Rehab, mas por algumas faixas como Back to Black, Love is a Losing Game, Tears Dry on Their Own e ainda You Know I'm No Good.
Sempre me custou ver a degradação física que Amy atingiu e ainda mais vê-la “atropelada” por quem supostamente gosta de a ouvir, mas que provavelmente estaria lá na esperança, muitas vezes confirmada, de assistir a mais um triste espectáculo de decadência e humilhação em público de alguém que no fundo não queria, lutava e tentava não defraudar o seu público.
Para meu conforto gosto de pensar que Amy está em paz num sítio onde a sua voz pode ser admirada e aplaudida apenas pela sua pureza e dimensão.