sábado, 21 de abril de 2012

uma música para o fim de semana - Paulo Gonzo


Sou dos que defendem que a prostituição deveria ser legalizada.
Sendo ela a mais velha profissão, porquê pô-la de lado, porquê ignorá-la e assobiar para o lado?
Porque não proteger quem ela pratica e quem a ela recorre?
Porquê insistir na estigmatização social de quem a pratica, obrigando à prática de uma desgastante vida dupla?

Já que não se consegue erradicar, porque não atribuir-lhe dignidade ao mesmo tempo que se evita e se luta para que as mulheres e homens sejam explorados e humilhados?
A legalização permitiria ainda controlar ou diminuir a exploração sexual de crianças e o tráfico de carne branca.

Assumir como uma fonte de rendimentos legítima, providenciar os devidos e competentes cuidados médicos e sanitários uma vez que obviamente a saúde pública pode estar em causa.
Seguir os passos da Holanda, Alemanha e Nova Zelândia.
Esta minha opinião vem na sequência da música que escolho para este fim de semana, uma das várias músicas que gosto de Paulo Gonzo - Call Girl.

Call Girl é um filme de 2007 realizado por António Pedro Vasconcelos e protagonizado pela bela e sensual Soraia Chaves, conta a história de uma prostituta que é contratada para influenciar um presidente de câmara (Nicolau Breyner) a autorizar que uma multinacional construa um empreendimento turístico de luxo.

A letra da canção denota compreensão e respeito profundo pelas prostitutas e pelo terrível dilema, uma luta que elas enfrentam diariamente, como vender o corpo mas preservar a integridade da alma.
O custo é tremendo. Para muitas significa o abdicar do amor verdadeiro.

A música tal como a letra é tensa e obscura tal como a profissão de uma call girl.


Vives no fio da navalha
Teces as teias do amor
Onde se deita a perder
O prazer lado a lado com a dor.

Ardo no frio dos teus braços
Dizes o que eu quero ouvir
Caio aos teus pés de cansaço
E morres por mim a fingir.

Call girl, faz de conta
Quem és? Pouco importa
Call girl, sinto-me tão só
Call girl, no teu corpo
Quem quer inventa um outro
Call girl, por uma noite só.

Guardas contigo o segredo
Que põe o mundo a teus pés
Escondes em silêncio o medo
Que alguém um dia saiba quem tu és.

Call girl, faz de conta
Quem és? Pouco importa.
Call girl, sinto-me tão só
Call girl, no teu corpo
Quem quer inventa um outro
Call girl, por uma noite só.


Bom fim de semana  :)





quinta-feira, 19 de abril de 2012

LY Lisboa :)


E se as pessoas escrevessem a giz, numa ardósia preta, o que que mais gostam de Lisboa?
As respostas seriam a luz, o sol, a calçada, os pasteis de nata, a cerveja, o bacalhau e claro aquilo que mais marca uma cidade, uma terrinha, um país e até um continente... as pessoas.

Um vídeo muito fixe que celebra uma cidade altamente  :)





quarta-feira, 18 de abril de 2012

um rei diverte-se





O rei de Espanha, esse inútil monárquico, partiu a anca há uns dias atrás enquanto andava a caçar elefantes no Botswana.

Toda a gente critica o rei de brincar, porque andava a divertir-se à conta do zé povinho espanhol. Parece que gastou umas dezenas de milhares de euros a fazê-lo, mas o grande problema não é esse, disso tratam os espanhóis entre si.
O grande problema é uma figura pública, reconhecida mundialmente anda a matar um animal, é o divertimento de tirar uma vida, a leviandade e superficialidade com que esse gesto é praticado.
E não é a primeira vez que ele faz isto.

Valem as declarações de Brigite Bardot: "É indecente, repugnante e indigno de uma pessoa com a sua responsabilidade. O senhor não vale mais do que os caçadores ilegais que roubam e saqueiam a natureza.Você é a vergonha de Espanha".

Mas parece que a estupidez pega-se.
Se o rei da treta partiu uma anca no chalé quando já tinha voltado desse acto profundamente útil à sociedade que é matar elefantes, o seu neto de treze anos por sua vez espetou um tiro no próprio pé ao praticar tiro ao alvo com o pai. Que sai aos seus não degenera...

Pessoalmente teria preferido que para além da anca tivesse partido a tromba e sido (muito) profundamente empalado por uma presa.
E ainda por cima este palhacito espanhol é presidente de honra da World Wild Fund espanhola.


terça-feira, 17 de abril de 2012

compra de fim de semana - Marylin Mazur





Sempre admirei (e admiro) o mundo dos percussionistas.
Arriscando-me a dizer uma enormidade, diria que o mundo dos percussionistas é mais variado, mais imaginativo e fascinante que o dos bateristas.
É simultaneamente um complexo mundo encantado com fadas, faunos, elfos e ninfas e um mundo simples e primitivo cheio de sons primordiais, por vezes quase tribais.
O tema Elixir que dá nome a este cd, é um bom exemplo desta tribalidade sonora

Marylin Mazur, uma americana nascida em Nova Iorque mas a viver desde os seis anos na Noruega e que durante vários anos tocou com Miles Davis, pertence a este mundo encantado.
Em Elixir, ela abre-nos a porta para esse mundo de par em par.
A parceria com Garbarek, acrescenta asas a todo este universo. Em temas como Spirit of Air e Spirit of Sun sentem-se bem os ventos encantados que se libertam da flauta do músico norueguês.

A colaboração de Marylin Mazur com o saxofonista norueguês é longa. Durante mais de quatorze anos tocaram juntos.
Agora inverteram-se os papeis. É Garbarek que colabora com a percussionista. Ele está presente em cerca de metade das faixas. As restantes são de Marylin.
É nesta metade, que reside o grande interesse de Elixir. Assistir à tremenda capacidade que ela tem de apenas com (variados) instrumentos de percussão ser capaz de "encher" os nossos ouvidos.

Põe à frente dos nossos olhos, paisagens sonoras bem distintas.
Ora nos leva ao mundo feérico da fantasia, ora nos coloca em atmosferas mais primitivas e secas.
Consegue criar sons ríspidos que soam quase a reprimendas, como consegue o oposto. Sons gentis como a carícia da mãe que passa os seus dedos pelo rosto do filho adormecido.

É pena que as faixas tenham em média cerca de três minutos. Não chegam a desenvolver-se. São vinte uma histórias acabadas à pressa. Falta-lhes corpo e sabe a pouco.
Por vezes nem nos apercebemos que já estamos noutro tema.

O resultado final é um álbum diferente. Pleno de texturas por força da percussão de Marylin Mazur estando esta muito bem secundada por Gabarek.
É um trabalho sedutor, contemplativo e por vezes hipnotizante.
A faixa de abertura de Elixir, Clear, ilustra bem as minhas palavras.




segunda-feira, 16 de abril de 2012

dia mundial da voz


Considero curioso este dia. Dia Mundial da Voz. É a forma de comunicação mais antiga que existe.
Durante milénios os seres humanos comunicaram uns com os outros exclusivamente através voz. A passagem do conhecimento através da oralidade é intemporal. Ainda hoje domina sobre qualquer outra forma de comunicação.

Quando soube que hoje era o dia mundial da voz, pensei de que maneira poderia fazer jus a este dia.
O mais óbvio seria através de uma canção, de um cantar. Também desde sempre que as canções e cantares tradicionais existem. Também através delas se transmite conhecimento e se perpetua a cultura dos povos.

Mas depois pensei para além de uma canção, de que outras formas a voz é igualmente importante. Que mais ela pode fazer para além de transmitir conhecimento

Lembrei-me. A palavra falada. Os discursos.
Estes podem transmitir emoções, sonhos, ideias e ideais. Podem transmitir coragem ou incitar ao medo. Através de um discurso inflamam-se ou moderam-se povos. Conduz à revolta ou ao apaziguamento. Pode mudar o curso da História.

A palavra falada é uma arma poderosa, talvez mais eficaz que uma arma. Influencia, milhares ou milhões de pessoas. Pode perpetuar um orador.
Ela, a palavra falada, já lançou na imortalidade homens e mulheres.
Wiston Churchil, John F. Kennedy, Mahatma Gandhi, Adolf Hitler, Benazir Bhutto e Margaret Thatcher são bons exemplos da força e do poder que um discurso pode ter nas pessoas, num país.

Procurei na net, aquele discurso, o mais influente, aquele que melhor transmitiu um ideal e um conceito de justiça.
Encontrei-o facilmente, era igualmente a minha escolha. Foi um discurso tão inspirador que provavelmente lhe terá custado a vida quase cinco anos depois de o ter proferido.

Martin Luther King, no discurso I Have a Dream, proferido a 28 de Agosto de 1963 à frente de 200 mil pessoas, na luta pela igualdade de direitos e contra o racismo nos EUA, conta o sonho que teve.
O sonho que um dia os seus quatro filhos viveriam num país onde não seriam julgados pela cor da sua pele, mas sim pelo seu carácter.

A voz e o discurso de MLK no dia mundial da voz.




domingo, 15 de abril de 2012

centenário Titanic


A 31 de Março de 1909, o maior navio de passageiros do mundo começava a tomar forma nos estaleiros Harland & Wolff em Belfast, Irlanda.
Quatro anos depois, a 2 de Abril de 1912, o Titanic da White Star Line estava pronto a navegar.

O Titanic impressionava pelos seus números.
Tinha 269 metros de comprimento, 28 metros de largura, uma altura de pouco mais de 53 metros e pesava 46328 toneladas.
Na sua construção foram utilizados 3 milhões de rebites e custou na época 7.5 milhões de dólares.

Com capacidade para 3000 passageiros, incluindo tripulação, o Titanic podia atingir os 45 km/h e consumia 825 toneladas de carvão diariamente.
Tinha uma piscina aquecida, campos de squash e bibliotecas.

Estavam previstos 64 botes de salvamento, mas para manter a beleza e a elegância do convés, esse número foi diminuído para 20. Mesmo assim estava acima do que a lei em vigor na altura impunha.




A 10 de Abril de 2012 fez a sua viagem inaugural partindo do porto de Southampton com 2208 passageiros a bordo, sob as ordens do experiente capitão Edward John Smith.

Os passageiros estavam divididos em três classes. A primeira destinado à classe alta, a segunda à classe média e a terceira a pessoas de baixas posses e imigrantes.
Cerca de 70% dos passageiros pertencia à terceira classe.

Logo à saída do porto as coisas iam correndo mal. Devido à deslocação de água provocada pelo Titanic,  um barco ancorado foi arrastado na sua direcção rompendo as cordas de amarração, não colidindo por pouco. Foi a rápida intervenção de um rebocador e da tripulação do maior navio do mundo que salvou a situação.

De Southampton, o Titanic navega em direcção a Cherbourg, França. Daí partiria para Queenstown na Irlanda, pelo Canal da Mancha.

Após a chegada a Queenstown parte de novo desta vez para o seu destino final, Nova Iorque, Estados Unidos da América.




Tudo corria normalmente. O Titanic navegava à velocidade máxima.
Para além de ser o maior e mais luxuoso navio do seu tempo, a White Star Line queria que fosse também o mais rápido.
Para isso tinha que chegar aos EUA em menos de uma semana.
Assim em pleno Atlântico e apesar de avisos de outros barcos de avistamentos de icebergues, o majestoso navio continuou a todo o vapor.

Na noite de domingo, 14 de Abril, o Titanic colide com o icebergue. Devido à manobra efectuada, em vez de uma colisão frontal o gigante dos mares raspa lateralmente na massa de gelo, causando um rasgão no seu casco de 90 metros, inundando cinco compartimentos sob o casco.
O construtor do navio que estava a bordo ao tomar conhecimento das extensão dos danos percebeu que ele estava destinado a afundar.

Os homens que trabalhavam nestes compartimentos foram as primeiras vítimas do Titanic. Quando as comportas se fecharam para isolar estes compartimentos, sem hipóteses de fuga, as suas vidas ficaram logo seladas naquele exacto momento.

A meter água, com as bombas a mostrarem-se incapazes e insuficientes de fazerem frente ao volume de água que entrava, e com o capitão Smith a dar ordens para o navio se manter em movimento, o fim do gigantesco Titanic acelerou ainda mais.
Percebendo a gravidade da situação e do que estava acontecer ele manda parar a marcha dos enormes hélices.
Estima-se que cerca de 25 mil toneladas de água terão entrado na primeira hora.

O capitão dá ordem de evacuação do navio e manda descer os botes salva vidas.
Na sua capacidade máxima eles podiam levar até 1700 passageiros, número abaixo do número total de passageiros, pouco mais de 2200.
Com a pressa e o pânico da salvação, os botes salva-vidas, vão quase vazios. Apenas pouco mais de 700 passageiros vão neles.
Mulheres e crianças vão primeiro e são privilegiados os passageiros da primeira classe. Da terceira classe quase ninguém se salva.
Apesar de existirem vário lugares disponíveis neles, exceptuando um, nenhum deles volta atrás para recolher as pessoas que estavam dentro da água gélida.

Por volta das 02.10h da madrugada do dia 15 de Abril, quando sob o peso da água, o navio inclina-se para a frente, mergulhando a proa nas águas frias e escuras do Atlântico, levantando a popa fora de água. Às 02.17h, devido ao seu próprio peso, a popa parte-se. O Titanic fica divido em dois.
Dois minutos depois, a parte da frente mergulha de imediato em direcção ao leito oceânico, quase quatro mil metros de profundidade.
A parte de trás, a popa, ainda fica a flutuar. Poucos minutos depois também ela faria a vertiginosa descida até ao fundo do oceano Atlântico.
Quando pousam, popa e proa ficaram separadas cerca de seiscentos metros entre si.
Por volta das 02.24h, o impossível acabara de acontecer, O Titanic tinha-se afundado.

O Carpathia da rival Cunard que recebeu o pedido de socorro do Titanic recolheu os sobreviventes do Titanic.
No total salvaram-se pouco mais de 700 pessoas e cerca de 1500 pessoas perderam a sua vida.




Foram necessários 73 anos para que se voltasse a ver de novo imagens do Titanic.
Após várias tentativa frustradas de descobrir o seu leito de morte, o oceanógrafo americano Robert Ballard em Setembro de 1985 revela ao mundo as primeiras imagens dos destroços do malogrado navio.
Para evitar pilhagens, que viriam a acontecer posteriormente, foi mantido em segredo a exacta localização do

Agora por 30 mil euros pode-se literalmente ir de submarino ao local onde o Titanic repousa.




Este ano, desde o dia 5 de Abril os destroços estão sob protecção da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.
De acordo com a convenção da UNESCO, uma vez que já passaram cem anos sobre o seu naufrágio, o Titanic pode ser agora protegido da destruição, pilhagens, roubo e venda dos seus destroços e objectos pessoais nele encontrados.


Faz hoje, 15 de Abril de 2012 cem anos que o Titanic se afundou.