sábado, 28 de setembro de 2013

uma música para o fim de semana - John Coltrane


Durante a manhã choveu torrencialmente. Sem frio, quase sem vento. Só chuva.
O tempo amainou e agora a tarde está confortável e silenciosa. Está tépida e suave como uma manta polar onde os gatos gostam de ser enrolar quando decidem iniciar os seus quase sessenta por cento do seu tempo diário a dormir uma sesta.

Tenho estado a ouvir o pianista polaco Marcin Wasilewski, no seu extraordinário trabalho chamado Faithful.
Quando o cd acabou, olhei para a janela como que em busca de uma inspiração para saber que músico iria tocar na vez de Marcin.
O Miles está a dormir próximo de mim com as patas da frente dobradas para dentro e o Mahler está no meu quarto em cima da cómoda, junto à janela a dormir uma soneca prolongada já há várias horas.

Se eu fosse um gato e quisesse uma manta polar musical para para me aconchegar o sono dos justos o que escolheria??
A quietude do tempo lá fora e ter-me lembrado que na segunda feira passada John Coltrane teria feito 87 anos se fosse vivo, fez de imediato saltar a reposta: ouvir o Ballads.

Diz-se frequentemente que Ballads, um trabalho exclusivamente composto por baladas, era um trabalho que John Coltrane não estava muito interessado em gravar. Por esta altura navegava já nas águas agitadas e turbulentas do free jazz e jazz avant-garde. O período de gravação do álbum ocorreu entre os finais de 1961 e 1962.
Mas como estava no seu primeiro de colaboração com a Impulse, Coltrane lá terá feito o "frete".

Não acredito que tenha sido um frete. De todo. Creio que Coltrane pôs lá a sua alma.
É um trabalho simples, linear e muito coerente. É fácil de ouvir e gostar.
É delicado, suave, quente e aconchegador. É introspectivo e harmonioso. É cheio de cores quentes com notas de silêncio.

Neste momento Ballads já toca no lugar de Faithful.
A música para este fim de semana, já outonal, é a primeira que abre o álbum. Chama-se Say it (Over and Over Again).

Ao contrário dos meus gatuchos, que já lá estão há algum tempo, não vou já para o sono dos justos. Vou ouvir Ballads até ao fim. 
Depois carrego na tecla repeat e vou para os braços de Morpheu embalado pelos sons aveludados do saxofone tenor de John Coltrane. 
Cinco minutos depois (se tanto) eles estarão comigo. Um do meu lado esquerdo junto à cabeça, o outro do lado direito encostado às minhas pernas.

E Coltrane nem sonha que o seu quarteto se tornará durante alguns minutos num sexteto. Eles ronronam que nem uns leões. Dos grandes, claro ;)

Bom fim de semana :)




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

hoje faria 87 anos






série "estatísticas da vida" - LII


Há pouco mais de um ano iniciava esta série.
Gráficos divertidos, exagerados, mas muito subtis e por vezes mais sérios do que se possa pensar.

Todos eles vindos do graphjam, inspirados neles e de blogs que os adaptaram e os traduziram.
Dois deles, as minhas principais fontes destes gráficos. São os blogs crazyseawolf e chongas.
A César o que é de César. Obrigado ao pessoal ao deles.
Portanto e até ver, as Estatísticas da Vida continuam :)))).

E esta edição é dedicada ao graphjam, como não podia deixar de ser.








domingo, 22 de setembro de 2013

um poema de... Miguel Torga (bom dia Outono)





Outono

Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

Miguel Torga, Diário X