sábado, 13 de janeiro de 2018

uma música para o fim de semana - Slow J


Creio que nenhum outro género como o hip hop tem tantas letras a fazer sentido.
Elas vêm de dentro dos seus autores e por sua vez as suas vozes e ritmo conferem-lhes uma assertividade rara de encontrar.

O setubalense João Baptista Coelho, Slow J no meio musical, tem enquanto músico hip hop, estas duas características bem presentes na sua música.
Diria que até aqui não há nada de especial nisto.

No entanto Slow J tem algo adicional que o leva para além do hip hop vulgar: sofisticação e elegância.
Duas palavras que regra geral não constam do léxico "hip-hopiano" e muito menos na mesma frase.
O músico consegue ir buscar esta evolução a através de convidados escolhidos a dedo e entrando pela porta de outros géneros musicais que não andam muito afastados da sua casa mãe musical: o R&B e o pop.

Outro grande trunfo de Slow J, dificilmente o ouviremos despejar a uma velocidade quase alucinada um ror infindável de rimas que dificilmente se consegue seguir por muita lógica elas possam ter.
Aliás, não é por acaso que o seu nome de palco é Slow J.
Slow de abrandamento, slow de saborear, slow de pensar.

A letra, claro que está fantasticamente bem conseguida e a voz de Nerve é um excelente contraponto a Slow J. Provavelmente um pouco mais de Nerve e menos de J, a coisa ficaria bastante melhor.
Ele só entra aos 2.46min mas dá logo aquele toque de elegância e sofisticação que mencionei há pouco. É uma participação minúscula. É uma pena.


Bom fim de semana ☺




[Refrão - Slow J]
Às vezes dói mas eu escondo
Desde que eu aprendi que os homens fortes
Nunca choram nem na berma da ponte
Às vezes dói mas eu escondo

Às vezes dói mas eu escondo
E eu ‘tou sozinho num café cheio de amigos
Que me querem ver morto
É só mais um copo

[Verso 1 - Slow J]
Às vezes dói mas eu escondo
Ligas e até respondo
Tudo tranqui meu puto
Tudo tranquei a onde
A dama como é que tá
Na verdade acabou
Mas eu tou fixe
Não tem maca
Sabes como é que eu sou

Sabes o que eu te conto
Às vezes dói mas eu escondo
Eu 'tou perdido entre o
Que eu quero ser e o que ainda não sou
Mas vou bafando o meu “nite”
Passa o dia e a noite
Não sei se 'tou a perder
Amor à vida ou ódio à morte

[Refrão - Slow J]
Às vezes dói mas eu escondo
Desde que eu aprendi que os homens fortes
Nunca choram nem na berma da ponte
Às vezes dói mas eu escondo
Às vezes dói mas eu escondo
E eu ‘tou sozinho num café cheio de amigos
Que me querem ver morto
É só mais um copo
Às vezes dói mas eu escondo

[Verso 2 Slow J]
E ela já nem me liga não precisa desse
Calor na barriga vê-se que esse amor não era
Desse amor que era pa sempre
Que aguenta toda a merda desde que esse amor exista
Se o dia tá de sol porque é que hoje eu 'tou tão cinzento
A precisar de ser preciso e eu não aguento
Às vezes dói mas eu escondo
Ouvi dizer meu puto conta-me 'tás bem?
Nada nada mano caga eu já caguei

[Refrão - Slow J]
Às vezes dói mas eu escondo
Desde que eu aprendi que os homens fortes
Nunca choram nem na berma da ponte
Às vezes dói mas eu escondo

Às vezes dói mas eu escondo
E eu ‘tou sozinho num café cheio de amigos
Que me querem ver morto
É só mais um copo
Às vezes dói mas eu escondo

[Verso 3 - Nerve]
(e que mais?)
E valido a função de um mapa
(Fui.) Lobo solitário a lançar umas cartas (Topas?)
Fechado em copas. Na estrada, um nada pleno
O lado negro. Antes do vale do fracasso extremo
Mas já bem p’ra lá do planalto do medo

Um homem (imper)feito
No espelho a aprender com as marcas no rosto (triste)
Feio (velho). Cara trancada e a chave no meu bolso
Vem, destrói o meu trono Freud
Vê só o sonho que corrói o meu sono
E mói o meu corpo e, ocasionalmente, dói mas eu..


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

a primeira compra do ano foram três


A primeira compra do ano na verdade
foram três:

  • Philadelphia Beat (Albert Heat)
  • The Third Decade (One For All)
  • Spaces and Places (Donald Byrd)

Os dois primeiros vêm na linha do hard bop muito ao jeito do jazz West Coast. Aromas de blues e de soul em linhas melódicas suaves e ritmadas.

O terceiro do trompetista norte-americano Donald Byrd é bem diferente.
Um jazz de fusão juntando dois géneros que muito gosto, a minha paixão: o jazz, e o funk. Ouro sobre azul.
O álbum editado em 1975 pela lendária Blue Note, Spaces and Places, é vivo, cheio de energia, positivo (típico do funk) e extrovertido.

O tema que abre o álbum chama-se Changes e é tudo o que escrevi acima.
Grande forma, jazzisticamente falando, de começar o ano.






terça-feira, 9 de janeiro de 2018