sexta-feira, 2 de abril de 2010

Jesus Cristo encarnou não "empeixou"

Quando andava no liceu tive uma disciplina por opção que se chamava "religião e moral".
Por detrás desta escolha não esteve nenhum motivo religioso ou particular interesse na religião cristã mas simplesmente porque o padre que dava esta disciplina era um comunicador inato e tinha uma invulgar capacidade de perceber os jovens e a sua maneira de actuar e pensar.

Numa dessas aulas, próximas da Páscoa, ele uma vez falou sobre o facto de as mães forçarem, em particular nas sextas-feiras quaresmais as "criancinhas" a comerem peixe. Na altura, afirmou sorrindo que "Jesus Cristo encarnou e não empeixou".

Contextualizando a afirmação, disse que o conceito de não comer carne vinha da altura em que este acto era considerado um luxo, ao contrário do consumir peixe.
No período quaresmal pretende-se que o cristão abdique do luxo, da opulência, do conforto e adapte uma vida mais simples, regrada, virada para a oração e bem estar do próximo, estando até previsto inicialmente o jejum (prática não adoptada correntemente) tudo à semelhança do Ramadão islâmico.
O consumo de carne enquadrava-se nesses luxos, daí a lógica do não comer carne e de Jesus Cristo ter encarnado e não "empeixado".

Este padre era considerado muito progressista e liberal na altura e era um incómodo para as suas hierarquias, mas houvesse mais padres (evoluídos) assim e a Igreja Católica não estava mergulhada numa crise de valores, vocação e atraso de ideias em relação aos tempos que correm.
Chamava-se padre Alberto Neto.


terça-feira, 30 de março de 2010

Igreja - escândalo pedófilo


Se há instituições que ao longo do tempo se têm vindo a descredibilizar, a Igreja Católica é uma delas.
Não só pela óbvia incapacidade em acompanhar o modernismo dos tempos, mas também pelo conservadorismo das suas atitudes (homossexualidade, uso do preservativo, pílula contraceptiva, eutanásia). Não é portanto surpreendente a falta de vocações que a Igreja tem vindo a sentir ultimamente.
Recentemente, mais uma pedrada. 

O escândalo dos padres pedófilos que tem minado a igreja nestes últimos dias, quer na Europa quer nos EUA. E especula-se se em Portugal também já não haverá possíveis casos. Soa a cinismo o pedido de desculpa que o papa Bento XVI fez recentemente através de uma nota pastoral a propósito de abusos a crianças por padres irlandeses. Especialmente pelo aparente silêncio que fez em 1996, enquanto responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, quando soube do caso (entre outros) de crianças surdas abusadas por um padre norte americano.
De uma instituição que supostamente é timoneira em questões morais, condutas e se diz representante de Deus na terra esperava-se mais. Mas na verdade ela não está a desiludir. Tem sido igual a si própria: contradizente, silenciosa e cínica.
"Faz o que eu digo, não faças o que eu faço", seria o lema que mais se adequa à Igreja Católica.