sábado, 26 de abril de 2014

uma música para o fim de semana - First Breath After Coma



Foi o seu nome que começou por me despertar a atenção, First Breath After Coma. A primeira respiração depois do coma.
Foram buscar o nome da banda a uma música dos Explosions in the Sky, uma das suas referências musicais.

Regra geral estas bandas com este tipo de nomes têm sumo e alguma loucura sã.
São diferentes na música que fazem e têm coragem para fazer algo de novo.
Elas constituem nichos de música pelo quais gosto de entrar. Umas vez fico por lá um pouco mais de tempo outras, saio de lá mais cedo e não deixam muitas marcas em mim.

First Breath After Coma, pertence à primeira situação. A tal que de tempos a tempos entro na sua "caverna" e vou andando por lá a descobrir coisas novas.
Eles vêm de Leiria e definem-se como uma banda post-rock.

Ou seja, utilizam os mesmos instrumentos que as bandas de rock utilizam. Guitarras, baterias, sintetizadores mas em tons menos agressivos, minimais, sem os característicos riffs e quase sem utilização da voz, essencialmente instrumentais e quando esta entra também ela é de versos curtos e de curta duração face à duração geral do tema que tende a ser longo.

Os First Breath After Coma de alguma maneira (re)adaptarem o conceito, tal vez ao jeito do mercado portugês, encurtando o tempo de duração dos temas e não minimizando excessivamente o peso da voz.

Shoes For Man Without No Shoes (de novo um título bem curioso) é retirado do primeiro álbum lançado por eles e também ele com um título divertido e igualmente verdadeiro - The Misadventures of Anthony Knivet.
Anthony Knivet foi um aventureiro inglês que partiu em 1591 com o também inglês, navegador e corsário Thomas Cavendish para dar uma volta ao mundo.
A coisa correu mal e Knivet acabou preso pelos portugueses no Brasil, onde trabalhou como escravo numa plantação da família Correia de Sá durante dez anos, onde sofreu a bom sofrer.


Bom fim de semana :)




quarta-feira, 23 de abril de 2014

dia mundial do Livro - Os Grandes Cinco (IV)


Os livros podem ser divididos em 2 grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre. John Ruskin


A cor preta já desmaiada por quase três décadas em que ela foi escrita nas costas da capa, está a data de Feira do Livro 85. A edição é da Europa-América e o título do livro é A Ilíada de Homero.
Dentro dele costumava estar um conjunto de folhas tamanho A5 que constituía um pequeno mapa para me guiar ao longo da narrativa deste livro.

Quando li o livro pela primeira vez, pouco percebi dele, sabendo no entanto que o tinha adorado.
Lá dentro havia guerras, batalhas e duelos. Heróis e cobardes, actos de bravura e discursos inspiradores e inflamados dirigidos à coragem e aos feitos que serão lembrados pela história. Morte, violência, sangue derramado, glória, honra e desonra, sacrifício por companheiros de batalha e traições aos mesmos.
Tudo o que define a condição humana.

Havia deuses que apoiavam guerreiros dando-lhes ímpeto e força quando já nada lhes restava e outros deuses que por sua vez os distraiam com ardis e os faziam falhar os seus alvos.
Era deuses contra homens, homens contra deuses, homens contra homens e deuses que conspiravam contra outros deuses.

Assim é a Ilíada.
Um poema épico que descreve uma época e uma guerra meio histórica, meio lenda, que foi travada entre gregos e troianos e os diferentes povos que os apoiavam pondo em confronto os melhores e os piores homens que cada uma das partes tinha do seu lado.
Tudo porque um troiano, Páris, foi à Grécia para sequestrar e trazer consigo, Helena, a mulher do rei grego Menelau.
Este furioso, declara guerra a Tróia. Esta guerra durará dez longos anos e no fim os gregos saem vitoriosos e Tróia é destruída.

A narrativa é intensa. Somos mergulhados nela. Os combates são vívidos e intensos. Sente-se o pó no ar e nos corpos. O suor e os urros de quem só quer provocar a morte e a destruição do lado oposto.
É palpável a vontade e a determinação da batalhas. Sente-se a sua tensão. Ouve-se o ressoar do metal contra metal, das espadas contra os escudos. As feridas, os gritos que a dor provoca. O troar das patas dos cavalos que são dirigidos para o calor da refrega.
Quem assiste às batalhas tanto ulula de entusiasmo, incentivo com as vitórias como se queda muda, chocada, confrontada com a morte. Com a morte de um combatente ou de um familiar, filho de alguém.

É isto que caracteriza a Ilíada. Homero lança-nos para dentro do livro. Não só para as batalhas, como para os ambientes que as rodeia. Antes, durante e depois.
Para os descansos, para as conversas e definições de estratégias, para os barcos ancorados nas praias. Conta quais os papeis que as mulheres desempenharam quer na cidade de Tróia quer nos acampamentos gregos.

A Ilíada descreve quase até à exaustão as linhagens de cada um das muitas personagens que participam nesta guerra e de como elas influenciavam os seus comportamentos, assim como os deuses que influenciavam e conspiravam entre si sobre os desfechos de algumas das batalhas travadas.
Mostra-nos as tradições, a cultura, os costumes, as vestes, armas, armaduras e os seus rituais de quem combatia, quer estes fossem de vida ou de morte. Como choravam os mortos e os honravam, a maneira como partilhavam os espólios da guerra.

É um livro que venero e me marcou profundamente. Primeiro pela necessidade que tive em o perceber.
Por isso da segunda vez que li o livro, pouco tempo depois da primeira, fiz um pequeno mapa, tipo árvore genealógica. De um lado os troianos e os deuses que os favoreciam, do outro os gregos e os respectivos deuses que os protegiam.

Tracei as linhagens das principais personagens e os diferentes povos a que pertenciam, entre parêntesis coloquei qual o deus ou deuses que tinham a seu lado.
Esperei algum tempo para voltar a ler com a minha cábula. Da terceira vez que li fiquei deslumbrado com o livro que tinha nas minhas mãos.
Graças ele, passaram a interessar-me todas as grandes mitologias. A hindu, a egípcia, a nórdica e principalmente a greco-romana. Interesse e fascínio que ainda hoje sinto.
É raro o livro que passe pelos meus olhes e que aborde uma mitologia qualquer que não seja pelo menos folheado.

O seu "escritor", Homero, é ele próprio uma personagem lendária.
Ninguém sabe se ele existiu ou não, se sim em que cidade terá nascido e quando terá nascido. E se Homero será o seu nome verdadeiro.
Se foi ele que escreveu ou não a Ilíada e posteriormente a Odisseia. Há quem diga foram autores diferentes e que as duas obras estão separadas entre si várias décadas ou até séculos.
Há quem defenda que estas obras não foram escritas de raiz, mas sim a partir de histórias compiladas ao longo de séculos por contadores de histórias.
Homero através da Ilíada e da Odisseia é também considerado um dos pais da mitologia grega.

Toda esta névoa misteriosa que rodeia Homero, só torna a Ilíada mais misteriosa, mais "genuína" e mais fascinante para mim.
A Ilíada é um livro aos quadradinhos mas sem quadradinhos que faz mergulhar quem o lê, num mundo de culturas e hábitos distantes.
E para quem viu o filme Tróia de Wolfang Petersen, engane-se se pensa que viu algo parecido com a Ilíada. Comparado com o livro, o filme é um autêntico embuste, uma fraude.


Bem, o facto é que quase três décadas depois de o ter lido (e relido) ainda ando metido lá dentro dele. E não tenciono sair de lá.

terça-feira, 22 de abril de 2014

pela Terra, por Nós





Somos mais de 7 mil milhões de pessoas à face da Terra e com este número a crescer cada vez mais e mais rápido.
Estamos a esgotar cada vez mais depressa os recursos que a Terra pode oferecer num ano. 
Em Agosto do ano passado o ser humano já tinha esgotado os recursos que o planeta tem para oferecer durante um ano. 
Os restantes quatro meses já estávamos a viver a crédito. A tendência é para que isto aconteça cada vez mais cedo.
A crescente procura de carne, a mortandade de milhares de milhões de animais e os recursos físicos que estes consomem é gigantesco e insustentável no médio prazo.
O que estes animais sacrificados para consumo humano consomem em termos de vegetais, dá para alimentar mais gente do que a carne que eles proporcionam. A pegada ecológica que a criação intensiva deles deixa é gigantesca

Os recurso hídricos são cada vez menos menores e muitos ciegntistas advogam que será a luta pelo seu controlo uma das maiores fontes de conflito nacional e internacional dos próximo anos.

A exploração industrial, o aumento global da temperatura e as consequentes alterações climáticas que estão a acelerar a ritmos alucinantes com consequências cada vez mais (im)previsíveis, a poluição, a perda e alteração de habitat de cada vez um maior número de espécies que as põe já a franquear a porta da extinção, a redução da biodiversidade, há espécies que já se extinguiram e nunca as chegámos a conhecer, faz-nos duvidar e temer cada vez mais pelo destino no planeta.

A questão que já se coloca não é se o planeta sobrevive a nós. Tenho a certeza que sim. A geologia e a paleontologia já nos ensinaram isso.
A Terra sempre encontrou soluções para a sua sobrevivência, mesmo quando tudo parecia perdido para a vida. Sempre aconteceu algo que permitiu a manutenção da vida, ou a própria vida arranjou maneiras de assegurar a sua própria manutenção, escolhendo caminhos e formas alternativas.

A pergunta de um milhão de dólares, é se nós, seres humanos, a Humanidade, será capaz de sobreviver, ao, e no, novo planeta que está a resultar da nossa acção devastadora sobre ele.
Se as soluções que o planeta Terra e a vida vão encontrar para a sua sobrevivência serão as mesmas que nós precisamos para sobreviver nele.

:(