sábado, 19 de julho de 2014

uma música para o fim de semana - Paus


A música deste fim de semana é um pouco marada.
Trogloditas ressacados com ar de quem saíram das cavernas para ir fumar pó branco e depois foram divertir-se à grande batendo com ossos de mamute em caveiras dos antepassados.

Estive a ver outros vídeos e eles até conseguem aparentar que são normais. A verdade é que têm uma não categorizável música frenética, divertida, boa onda e descomplexada, além que estão lá para curtir uns bons momentos.
Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Vale a pena descobrir Paus. Encontraram um nicho musical diferente com influências de "math rock, krautrock, prog rock" que não faço a mínima ideia o que possa ser e música africana. Ainda por cima usam duas baterias na formação. O resultado é estanho mas muito coerente.
Jogando com as palavras, não é uma bela de uma paulada, mas sim uma grande moca.

Os Paus surgiram em 2009 mas a sua formação inicial mudou. Eles são quatro e vêm ou mantêm-se no activo em outros projectos paralelos.
São quatro Paus: Fábio Jevelim, Hélio Morais, Joaquim Albergaria e Makoto Yagyu.

A minha sugestão para este fim de semana chama-se Bandeira Branca e foi retirado do terceiro álbum dos Paus - Clarão.


Bom fim de semana :)






quinta-feira, 17 de julho de 2014

Feral, ou a não mudança da essência


A essência não se muda. Não foi feita para ser mudada. Seja ela genética ou adquirida. Somos nós. 
Pode ser disfarçada, atenuada, tapada por um fato e gravata ou por um elegante vestido. 
Mas ela mantém-se por lá, bem viva. Para o bem e para o mal.

Pensa-se nas civilizações como uma grande conquista e de facto são. Mas não são duradouras. Caíram e foram substituídas por outras, que por sua vez voltaram a desaparecer. É assim a sua natureza, a sua essência.
São voláteis, são um verniz para aquilo que não somos, que é sermos verdadeiramente e genuinamente civilizados. É só sermos colocados em situações limite, sermos vergados para além do que somos capazes aguentar e o verniz estala. 
Quem leu o Ensaio Sobre a Cegueira e/ ou viu o respectivo filme percebe na perfeição isto.

É como o escorpião que pica o sapo enquanto este o transportava para outra margem de um lago.
É como o Jack Skellington de O Estranho Mundo de Jack que vive no país do Halloween mas que se apaixona pelo do Natal e quis trazê-lo para o seu país.
Quer um quer o outro esconderam as suas essências, as suas naturezas intrínsecas e quiseram ser o que não são. Pagaram preços muitos altos.

As essências não se mudam, não se devem mudar. Sim, compreendidas. Sim, adaptadas, mas não anuladas nem enjauladas. E não se pode esquecer isto.
Um escorpião será sempre um escorpião e Jack Skellington será sempre alguém que pertence ao Halloween por muito que o Natal o fascine e queira lá pertencer.

Quem é feral, mantém-se feral. Por muito que se esforcem, por muito que me esforce.





O vídeo Feral, uma curta de animação escrita e realizada pelo português Daniel Sousa.
Esteve candidata aos Óscares de 2013 na sua categoria. Mas os prémios que acumulou desde 2012 são inúmeros e espalhados pelo mundo inteiro. Nomeadamente, Espanha, Portugal, Grécia, Ucrânia, EUA, Brasil, Corea do Sul.

Conta a história de um menino que é encontrado na floresta por um caçador que o leva para a civilização. Um ambiente estranho para ele...






quarta-feira, 16 de julho de 2014

A ONU quer a tua opinião





A ONU quer saber quais são as nossas 6 prioridades para 2015.
Desenhar o nosso mundo perfeito, se ele existisse, em seis pinceladas rápidas.Vale o que vale, mas ficam as boas intenções.
Em inglês aqui e em tuga brasileiro aqui.

No fim, em função das seis escolhas que fizeram, é feito um vídeo que podem partilhar.
E ainda recebem uma salva de palmas em pé ;).


O meu vídeo está aqui  Aproveitem a boleia dele e construam o vosso mundo "perfeito" para a ONU.
E partilhem os vossos vídeos. Não deixa de ser curioso como saber como ele seria aos vossos olhos.


terça-feira, 15 de julho de 2014

A última dança de Charlie Haden


Tenho para mim que há uma espécie de Santíssima Trindade entre os contrabaixistas de jazz vivos.
Não necessariamente por esta ordem: Charlie Haden, Dave Holland e Gary Peacock.
Dos três considero o mais elegante no seu instrumento, Charlie Haden, o mais versátil inclusive até na composição, Dave Holland e o melhor sideman contrabaixista que alguém pode desejar, que o diga Keith Jarrett, que não o "larga" há mais de trinta anos no seu trio, Gary Peacok.
Mas definitivamente sou fã da elegância...

Charlie Haden disse-nos adeus na passada sexta-feira, 11.07.
Cerca de um mês antes da sua morte, em Junho, tinha saído Last Dance. Um trabalho em colaboração com Keith Jarret que se iniciou em 2007 quando começaram a escolher os temas, todos retirados do Great American SongBook, que iriam tocar, ficando tudo concluído em 2010.
Nesse mesmo ano a ECM edita o primeiro álbum dessas sessões, Jasmine. É um dos meus álbuns preferidos no que respeita a duetos.
Jasmine é de uma elegância, lirismo e delicadeza muito grande. Charlie Haden toca o seu contrabaixo da maneira usual. Elegantemente, por vezes discretamente, mas essencial no suporte ao piano de Keith Jarret.

Saída dessas mesmas sessões sairia um segundo trabalho: Last Dance.
Relativamente a este álbum, Charlie Haden diria que se tratava de duas pessoas que dançavam uma com outra, uma química estabelecida entre o pianista e o contrabaixista.

Last Dance completa Jasmine. Diria que não faz sentido ter Last Dance sem ter Jasmine igualmente.
Tudo o que tornou Jasmine um prazer para os ouvidos e para alma, encontramos o mesmo em Last Dance. Serenidade, suavidade, elegância e muito veludo.
Em ambos, Jarrett contém-se nos seus usuais gemidos o que não deixa de ser outra contribuição positiva para os dois álbuns.

O Guardian através de John Fordham, escrevia na sua crítica a Last Dance que esperava que não fosse a última para esta pareceria. Infelizmente foi.

O tema Goodbye é retirado do álbum Jasmine. Pareceu-me (obviamente) adequado.