sábado, 17 de dezembro de 2016

uma música para o fim de semana - Sérgio Godinho


Sérgio Godinho num registo bem diferente a que estamos habituados a ouvi-lo.

Sobe o Calor é uma das canções da banda sonora do filme com argumento de Nuno Markl e realização de Luís Galvão Teles.
Está escrita a meias com o pianista Luís Filipe Raposo. E são eles os grandes trunfos de Sobe o Calor.

A voz de Sérgio Godinho macia, serena e sem pressa, o piano de Filipe  Raposo, por vezes incisivo, por vezes embalador, mas sempre intenso.
Quer um, quer o outro, já pisaram o palco da Esteira. O Filipe, aqui, e o Sérgio Godinho com duas colaborações: aqui com Caetano Veloso e aqui com Jorge Palma.

Sérgio Godinho disse que as colaborações com Filipe Raposo iriam continuar.
Grandes notícias!


Bom fim de semana 😉





Diz-me o que vais beber Gelo para eu te aquecer O que vais amar Do meu corpo a pulsar A flutuar No teu rio que vai dar ao mar, amar Diz-me o que vais beber Gelo para eu te aquecer O que vais amar Do meu corpo a pulsar A flutuar No teu rio que vai dar ao mar, amar Sobe o calor Dá no peito O amor é fogo que arde sem se ver Refrigerar o interior deste corpo em chamas Quando me amas de amor Diz-me onde vais achar O corpo onde vais perder Onde vais buscar esse beijo para durar A flutuar No teu rio que vai dar ao mar, amar Diz-me onde vais achar O corpo onde vais perder Onde vais buscar esse beijo para durar A flutuar No teu rio que vai dar ao mar, amar O ar abafou noite dentro Nosso respirar ao vento Agora esta tudo azul Neste amor o tempo vai mudando a cor E as formas (de amor) Sobe o calor Dá no peito O amor é fogo que arde sem se ver Refrigerar o interior deste corpo em chamas Quando me amas de amor Refrigerar o interior deste corpo em chamas Quando me amas de amor

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Kandinsky 150


Quatro de Dezembro de 1866, em Moscovo, na Rússia czarista, há exactamente 150 anos, nascia um dos pintores mais influentes, mais interessantes e inovadores da história da pintura, e um dos mais admirados e venerados por mim: Wassily Wassilyevich Kandinsky.

Revolucionário e um visionário, Kandinsky foi gradualmente libertando-se da inspiração impressionista, cujo grande contacto que teve com esta escola de pintura foi através da obra de Claude Monet. Percebeu que no impressionismo a figuração estava muito presente, mas que já apresentava alguns sinais de fuga à mesma. Algo que o atraiu de sobremaneira.

Se os movimentos pós-impressionistas como o pontilhismo, o expressionismo e o cubismo foram tentando retratar a realidade de uma forma cada vez mais livre, mais reinventada, mas ainda assim focada nela própria, o abstraccionismo corta ferozmente e radicalmente com a figura reconhecível.
O percurso artístico de Wassily Kandinsky segue igualmente esta lógica.

Nas sua primeiras obras é bem visível o cunho impressionista que o motivou para a pintura. À medida que a vertente abstracta avança e se torna cada vez mais forte nele, as cores e os traços tornam-se mais imprecisos, mais livres e mais rebeldes.
A figura, a realidade, vai perdendo contornos, esbatendo-se na tela. As cores ganham personalidade e encontram-se mais soltas.

O abstraccionismo na pintura de Kandinsky ganha plenamente a sua maturidade ao longo da primeira década do séc XX, com uma evolução na segunda metade, altura em que o pintor faz um corte definitivo com o real e começa a introduzir nas nas suas telas elementos geométricos, onde a série seus trabalhos que denominou como Composições, representam o expoente máximo da sofisticação do seu trabalho.
Particularmente a Composição VIII que é um dos trabalhos que mais admiro e me fascina na obra dele.




Quis a história que a 2 de Janeiro de 1911, Kandinsky assiste a um concerto do compositor austríaco Arnold Schoenberg.
De imediato Kandinsky sente uma tremenda afinidade com o músico. Tal como ele, também Schoenberg estava a introduzir um corte radical na forma como a música era percepcionada, como era ouvida, Se o pintor russo, estava a romper com a realidade com o abstracto, o compositor austríaco contrapunha à tonalidade a atonalidade. E os dois estavam a enfrentar uma resistência enorme por parte da sociedade e dos escolares às suas ideias e novos conceitos.

A empatia entre os dois artistas foi enorme. Encontraram-se, leram obras um do outro, trocaram ideias e cartas. Ajudaram-se mutuamente. Se em Schoenberg a música era a sua vida, em Kandinsky a influência e educação musical na sua formação é elevada. Na juventude, o futuro pintor tocou piano e violoncelo.

Kandinsky uma vez afirmou "Eu não pretendo pintar música", mas olhando para os seus trabalhos, principalmente das décadas de vinte e trinta, só vejo música.
Ele, melhor que ninguém conseguiu fazê-lo.