sábado, 25 de junho de 2016

uma música para o fim de semana - Ludovico Einaudi


Há muito defendo, e acredito, que a tristeza contém em si própria algo de muito belo.
Não ficaríamos tristes se não houvesse uma perda por trás delas. Essa perda, sendo algo importante para nós ao ponto de nos pôr tristes, tem que ter sido bonito, importante, marcante, influente para nós.

Ludovico Einaudi, toca na música para este fim de semana, uma elegia.
Uma elegia é uma peça de música, uma peça de teatro, um texto, poema ou música triste, É melancólica, nostálgica, mas é por essência sempre muito bonita.
Ela usualmente dedicada a algo que já se perdeu, ou que se está a perder,

O compositor e pianista italiano Ludovico Einaudi aliou-se à Greenpeace para expressar a preocupação pelo facto de uma das faces mais belas e mais relevantes para nós, e para o planeta, estar a morrer, a perder-se a uma velocidade que brevemente, muito brevemente, atingir o ponto de ruptura, o ponto de não retorno: o Árctico.
Estamos matá-lo pelas alterações climáticas que provocamos, pelo desejo de explorar o seu petróleo, pela prática da pesca excessiva, pela presença destrutiva do plástico.
E o que acontece no Árctico não fica apenas no Árctico.


O seu degelo, a diminuição assustadora do tamanho das suas calotes polares, a perda de biodiversidade, o número de espécies ameaçadas, em risco de extinção pelo seu modo de vida, seus habitats estarem a ser modificados a um ritmo tal maneira elevado que não se conseguem adaptar. nunca foi tão elevada como neste momento.
A subida das águas do nível do mar já se faz sentir, já é (demasiado) mensurável. 

Há países e ilhas cujas costas já estão inundadas pela subida da água do mar. 
Há países e ilhas que tiveram que mudar parte da população para outros lugares. Eles são os primeiros desalojados, refugiados climáticos. São estimados cerca de 25 milhões pessoas nestas condições nos primeiros anos do século XXI e que duplicarão (!!!) nos próximos cinco anos.

Papua Nova Guiné, Bangladesh, ilhas das Maldivas, Indonésia, ilhas Fiji enfrentam já esta questão. O Kiribati, situado no Pacífico Sul, cujo ponto mais alto do país está a três metros acima do nível da água do mar, está na linha da frente dos primeiros países a desaparecerem. O arquipélago Tuvalu, com metro e meio acima do nível da água do mar, também no Pacífico Sul será, o primeiro a país a desaparecer.
É tão ameaçador que quando estes países enfrentam enchentes com ondas mais altas, eles já ficam debaixo de água!!
E é tal maneira grave que estes países ficam com os seus recursos naturais e infraestruturas afectados pela salinidade da água do mar: cursos de águas, pastagens, água corrente, comércio, escolas, hospitais, etc..., etc...

O conceito de refugiado climático está consagrado no direito internacional. Em 2013, foram feitos pedidos de asilo climático à Nova Zelândia vindos do Kiribati e esses pedidos foram negados sob o pretexto do precedente que iria abrir. Neste país, habitam cerca de cem mil pessoas...

Quando ouvirmos esta Elegia pelo Árctico, devemos apreciá-la pela sua beleza triste, mas nunca, jamais esquecer que este elegia sendo dedicada ao Árctico. é muito mais dedicada a cada um de nós que a ouve.
Ao modificar tão drasticamente o planeta, estamos acima de tudo a perder a nossa única casa. É uma auto-expulsão. A nossa casa, o nosso planeta, vai continuar a ficar cá e vai encontrar, como há centenas de milhões de anos que o faz, uma solução para contornar o seu maltratado estado. Mas nós, os que causámos esta modificação tão severa, tão irreversível, não teremos solução nenhuma.


Bom fim de semana




sexta-feira, 24 de junho de 2016

paz à sua alma


Era de algo como um Brexit que tinha que a abalar a Europa (entenda-se a a Alemanha) para fazer sacudir a letargia ditatorial em que ela.

O Brexit, mostra que há quem saiba pensar fora do rebanho, que quer ter em pleno o controlo do seu país, quem recusa a subserviência germânica, o lamber das botas aos agiotas que distribuem fundos, não ser o cachorro que obedece sem pensar porque quer agradar ao seu dono.
E o exemplo da saída da Grã-Bretanha do império neo-nazista financeiro em que caiu toda a Europa, fará com que outros países, por exemplo a França e a Holanda (Nexit) que já levantaram as suas vozes comecem a pensar, a reflectir nos prós e contras desse acto de coragem.
A europa mediterrânea está muito mais próxima de estar fora da UE do que possamos pensar ou até querer admitir.

A gananciosa, colonizadora, pouco democrática e menos solidária ainda, europa Merkeliana não vai ainda cair por causa desta saída mas vai tremer. Terá que ser repensada e reconstruída. Com um pouco de sorte, de inteligência e alguns murros da mesa principalmente da parte dos PIGS, a europa, será de novo Europa. Menos sufocante, mais tolerante, menos ingerente nas soberanias dos países que (por enquanto) forem ficando neste e talvez pouco recomendável grupo de momento.
Vejo a concretização do Brexit bastante mais como uma consequência de acções políticas (europeias) do que emocionais. Por razões emocionais entendo como por exemplo, refugiados, terrorismo, islamofobia, homofobia, o aumento da influências das extremas direitas e esquerdas.


Acredito que no fundo, nada de especial não vai acontecer ao Reino Unido. Certamente que sim no curto prazo, um par de anos, mas a médio prazo estará estabilizada.
Mas não na europa do Euro. A estabilidade demorará mais tempo a ser atingida. E sairá mais caro em termos económicos e financeiros à Europa, ficar sem esta ilha de estados que ao contrário.

O Reino Unido pode brevemente enfrentar, mais uma vez, a vontade da Escócia tornar-se independente depois de em 2014, o não à independência ter ganho o referendo.
Ontem a Escócia votou maioritariamente Bremain, cerca de 60%. Se o referendo à independência voltar a sair à rua como os escoceses de novo pretendem, aí talvez vá residir a maior e mais séria ameaça à integridade britânica após a sua saída. É que estes estão agora a pensar seriamente em dizer sim a aquilo que há dois anos atrás disseram não.


Em termos práticos a vitória do Brexit é a derrota da Europa que tem os rostos da Merkel, do Barroso, Schauble, Sarcosi, Juncker e de outros béus béus que apenas sabem ou souberam abanar fielmente a cauda aos seus donos e senhores.
O Brexit é um RIP, um paz à sua alma da Europa actual. E não tenho nada contra.