sábado, 13 de novembro de 2021

uma música para o fim de semana - O Gajo (convida Saturnia)


Pessoalmente, depois de já ter ouvido Anusha Shankar ao vivo e assistido um concerto de sítara numa loja de um fabricante em Varanasi, torna-se difícil para mim ouvir este instrumento tão característico nas mãos de um português, por muito bom que ele seja.
É como assistir a uma milonga em Buenos Aires e depois estar numa em Portugal. É diferente. Por muito que se queira gostar há sempre algo que falta. Virtuosismo, diria.
Sim, admito, que é pensamento a atirar para o pedante.
A gravação também não ajuda muito a discernir as subtilezas de ambos os instrumentos.

Vale pela curiosidade de ouvir em dueto, aconteceu em 2018, uma viola campaniça (que gosto muito) tocado pelo O Gajo (João Morais que já passou pelo palco da Esteira) com uma sítara tocada por Saturnia (multi-instrumentista e produtor Luís Simões).
Mas quer o Gajo, quer Saturnia, ambos com percursos pelo punk nacional, têm presentemente projectos musicais que valem a pena conhecer. Pessoalmente optaria pelo primeiro. Para viagens mais experimentais, psicadélicas e underground, claramente o segundo.
Saturnia que lançou o seu mais recente trabalho - Stranded in the Green - em Março deste ano ainda passará pela Esteira assim como o Gajo que lançou Subterrâneos também no inicio de ano.

Ontem estes dois músicos voltaram a encontrar-se nas CLAV Live Session, em Vermil, Guimarães.

Bom fim de semana 😉












quinta-feira, 11 de novembro de 2021

12 anos



Em ano de pré-pré-pós-pandemia, a Esteira esteve moribunda.
Esteve de facto próxima de acabar por atirar toalha ao chão. Afinal a Esteira conta com 12 anos e tudo o que tem um início também tem um fim.

Como um pugilista que cambaleia, que já não suporta mais pancada, e quando a queda e o KO se anunciam, o gongo soa e este recupera no seu canto para mais um assalto. Assim foi a Esteira.
Mesmo ligada às máquinas ela recuperou e chegou ao seu décimo segundo ano de existência. Vamos ver se o conclui...

Para já continua com os seus temas preferidos: música, alguns livros, alguma poesia, curtas de animação, alguns toques de humor e ironia, anti-touradas, claro, e com um imenso carinho e aflitiva preocupação pelo nosso planeta e ambiente.

Uma das mais longas rubricas do blog, Uma Música para o Fim de Semana  (que por esta altura já leva umas redondas quatrocentas edições), vai-se manter mas sem esforço. Ou seja, irá aparecer sempre que necessário e não forçosamente todos os fins de semana. No entanto continuará, na essência, dedicada à música portuguesa.

O número de posts, que em anos anteriores eram furiosamente lançados, deverá continuar contido à semelhança de 2019 e 2020.

Mas é altamente que tenha durado até aqui. 
Como já escrevi em posts, poucas coisas na minha vida duraram tanto como a Esteira.
Portanto, em dia de São Martinho, celebremos 12 anos de Esteira com... castanhas e vinho 🍷🌰









quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Grande Ecrã - 007 Sem Tempo para Morrer


Sem Tempo para Morrer foi o filme menos 007 que vi desde que Daniel Craig encarnou o papel do agente britânico MI6. O que não tem que ser mau. De todo. Os filmes que usualmente começam rapidamente a bombar, cheios de acção, perseguições, tiros e explosões, aqui eles também acontecem mas de uma forma mais lenta, mais familiar e depois vai ganhando crescendo, tendo o seu climax na perseguição em Itália.
Em contrapartida é filme mais pessoal e claramente com um toque romântico. Em Sem Tempo para Morrer seguimos mais o homem que o agente secreto, mais o seu sacrifício pessoal em prol da sua família do que pelo mundo. A empatia com o 007 de Daniel Craig há muito que já estava criada e assistir ao seu fim proporciona um certo alívio. A sensação que os seus demónios - sempre presentes ao longo dos seus cinco filmes - que o assolavam e inquietavam finalmente acabaram. 
Coloco este último filme de Bond abaixo de Casino Royale e Skyfall mas uns furos acima do apático e modorrento Quantum of Solace. Ainda o poria baixo de Spectre muito por culpa de Safin.

Os actores que estão nos papeis de M (Ralph Fiennes que não está a altura de Judi Dench), Q (fantástico Ben Wishaw) e Moneypenny (sofisticada e dinâmica Naomi Harris) espero que se mantenham, e acredito que sim, uma vez que foram aparecendo ao longo desta sequência de cinco filmes, substituindo os actores anteriores.
Por algum tempo é-nos apresentado um 007 feminino, Lashana Lynch, na personagem Nomi. Começa por surgir como a nova 007 para depois voltar a delegar o título em Bond. Uma espécie de pro-forma. Parece empenhada no papel, mas pessoalmente parece-me algo monótona e sem carisma. A sua participação é, diria, secundária. Claramente uma cedência ao politicamente correcto.

Rami Malek, no vilão Safin também não traz valor acrescentado à longa linhagem de gente cuja missão de vida é matar o maior número de pessoas, conquistar e controlar o mundo, destruir países, pôr a mão na maior quantidade de dinheiro possível e em mísseis nucleares. Sempre que Safin aparecia no ecrã, ficava a contar o tempo para quando o deixava de ver e ouvir. Grande tormento este Safin. Saudosos tempos do Silva (Javier Bardem), do Le Chiffre (Mads Mikkelsen) e Blomfeld (Christoph Waltz).
Léya Seydoux, menos interventiva que em Spectre, mais focada no seu papel de mãe e no apoio, sofrido e emocional a 007, é neutra no seu desempenho.

Resta o curto aparecimento da belíssima Ana de Armas como agente Paloma da CIA. Soube a pouco mas esperemos que em futuros filmes o seu tempo de ecrã aumente consideravelmente. Fica a sensação que o seu aparecimento também não foi casual. Especialmente sabendo que Felix Leiter, igualmente CIA, também não tem o melhor dos destinos.

Interessante reparar que os filmes de Daniel Craig são como uma mini-série dentro de outra série. Casino Royale mostra o começo do agente e Sem Tempo para Morrer (um título enganador) concluí-o de uma forma irreversível. Entre estes, a personagem evolui e passa por diversos estados de espirito e fases da vida, Podendo ser vistos individualmente, eles fazem muito mais sentido quando vistos como um todo.
Fica a questão de quem virá a seguir. Terá um trabalho ciclópico. Daniel Craig elevou a fasquia a níveis muito altos. Curioso será saber como os argumentistas vão desenhar e compor o novo agente. O que conseguiram com Craig foi notável. Agora existe uma família 007 e fico igualmente curioso com o que irão fazer com esta nova personagem (a filha) e já agora com a mãe. Qual a continuidade delas, isto se houver alguma.
Forçosamente novos tempos estão para chegar, e precisam-se urgentemente novas ideias relativamente à composição dos maus da fita, para o futuro 007.

No que diz à canção de abertura do genérico de Sem Tempo para Morrer, de Billie Eilish, vem na linha da boçalidade de Sam Smith em Spectre e portanto na direcção oposta ao tema de Adele em Skyfall. Provavelmente, tal como o filme, um dos melhores temas de sempre de Bond.

Para quem seguiu Daniel Craig desde Casino Royale faz todo o sentido ver este Sem Tempo para Morrer, para quem aparece para ver o último filme deste actor e apenas por ser o seu último, talvez não valha a pena assistir ao vigésimo quinto filme de James Bond.












terça-feira, 9 de novembro de 2021

corre pequeno urso polar, corre


A WWF (World Wildlife Fundation) lançou ontem este espantoso mas triste e preocupante vídeo.
A mensagem que acompanha a narrativa deste pequeno urso polar que tenta sobreviver, correndo através de um mundo caótico, assolado por fenómenos extremos climáticos, ao derreter do gelo do Ártico, é que a temperatura global do planeta imperativamente não pode subir, devido aos gases de efeito de estufa, acima de 1.5ºC .
O gelo uma vez derretido é perdido para sempre. Não é recuperável, não é reversível.

A velocidade do degelo das calotes polares é um dos maiores indicadores do aquecimento global do planeta e uma das maiores ameaças à vida humana. Diminui a salinidade dos oceanos, afectando a vida marinha, sua biodiversidade e cidades costeiras. Afecta a meteorologia global, aumentando fortemente, e a frequência, de ondas de calor, de frio, cheias, furacões, inundações costeiras, e a severidade e devastação dos incêndios.

No limite, pode pôr em causa a corrente Golfo que modera as temperaturas atmosféricas das áreas por onde esta corrente circula mantendo-as temperadas. 
Se no longo prazo (talvez nem tanto) esta corrente for diminuída ou até interrompida por diminuição da concentração da salinidade devido ao acréscimo de água doce provinda dos polos, ela lançará boa parte da América do Norte e da Europa Ocidental numa nova, e destrutiva, idade do gelo.
Paradoxalmente, umas das consequências do aumento global da temperatura do planeta é poder conduzir-nos para uma nova idade do gelo.

😢






Uma curiosidade sobre este curto filme.
Foi necessário esculpir 500 ursos polares em gelo verdadeiro e um ano de produção para fazer esta animação realizada pelo estúdio de animação inglês Nomint