sábado, 22 de abril de 2023

dia mundial da Terra











uma música para o fim de semana - Time Square (Marc Ribot, The Jazz-bins)


No dia 14 deste mês fui a um concerto de jazz no Auditório de Espinho. Um duo de nomes bem sonantes e consolidados no jazz internacional: Dave Douglas (trompete) e Joey Baron (baterista). As minhas expectativas eram mesmo altas. Pareceu-me um concerto imperdível até porque conheço bem os trabalhos de cada um.
O que vi foi dois músicos que alardear vedetismo tornando o concerto sofrível, sem carisma, sem grande empenho, principalmente por parte de Douglas, quase um frete.

Esta sexta no âmbito do Ovar em Jazz 2023, fui a outro concerto. Desta vez o trio The Jazz-bins, liderado pela guitarra de Marc Ribot, a bateria Joe Dyson e Greg Lewis sentado ao orgão Hammond.
Os seus nomes, à excepção de Ribot, no que me diz respeito, não são tão sonantes ou tão conhecidos quanto Douglas ou Baron, por isso não levava as expectativas tão altas para este concerto, mas o empenho que colocaram no concerto foi tremendo.
Tudo o que faltou no duo Baron/Douglas esteve presente no trio: intensidade, empenho, ritmo, virtuosismo, uma audiência cativada e desejosa de mais.
Joe Dyson, curiosamente, foi o elemento mais forte do trio. 

É pena não haver gravações deste trio. Fica a (enorme) satisfação de os ter ouvido ao vivo.


Bom fim de semana 🎸









sexta-feira, 21 de abril de 2023

pior que uma telenovela mexicana...


...com políticos que não sabem desempenhar os seus papeis, que não sabem as deixas de uns e dos outros e que fazem parecer os actores mexicanos absolutamenbte brilhantes e talentosos.











quinta-feira, 20 de abril de 2023

foleirices


Quando um cartunista tem que explicar porque retirou um trabalho seu de uma determinada exposição, é porque este e a sua mensagem, chegaram certamente ao seu destino.
O cartunista chama-se Onofre Varela, a exposição é a Bienal Internacional de Gaia e o ofendido foi a Comunidade Isrelita de Lisboa que se manifestou contra o cartoon.

O seu cartoon não deixa margem para dúvidas quanto à mensagem. Há obviamente uma gigantesca diferença de escala para os nazis, mas a atitude israelita, essa, é bem comparável.

















segunda-feira, 17 de abril de 2023

Ahmad Jamal (1930-2023)


2 de julho de 1930, nascia um senhor que se tornaria, desde há longos anos, um dos pianistas vivos que mais admirava. O seu nome era Frederick Russell Jones. 
Escrevi "era" por dois motivos. O primeiro porque em 1950 converteu-se ao islão e mudou o nome para aquele que todo o mundo, e para a posteridade, iria sempre conhecê-lo: Ahmad Jamal.
O segundo motivo, e este verdadeiramente triste, Ahmad morreu hoje e de acordo com a sua filha, Sumayah Jamal, vítima de cancro da próstata.

Ele entra na minha vida, curiosamente através de um álbum contemporâneo, o Blue Moon, editado em 2012 e não por um dos seus clássicos.
No ano a seguir comprava sem hesitação Saturday Morning. Em 2017, encontrava o Marseille, pessoalmente menos bem conseguido que os dois anteriores. Finalmente em 2022, e após ter comprado as gravações completas do lendário But Not For Me at the Pershing, gastava alegremente umas largas dezenas de euros ao comprar as gravações ao vivo de Emerald City Nights (1963-1964 e 1965-1966) at the Penthouse, em Seattle.
Encontrando-me actualmente bem atento à saída do terceiro volume destas gravações.

Porquê este carinho por Jamal? É como Fernando Pessoa, ele consegue falar comigo, com a minha alma.
Tem uma sonoridade bem característica que faz com que saibamos quem está tocar sem que saibamos quem é previamente.
O seu piano é elegante, sofisticado e dinâmico. Virtuoso, delicado e exuberante mas não em excesso. Toca com um prazer genuíno e mostra isso na forma com que toca, como toca e no que toca.

Ahmad Jamal morreu hoje aos 92 anos, cancro na próstata. Sinto genuinamente a sua falta. Perdi um amigo de noites e dias calmos, serenos e tranquilos, um lenitivo para dores de alma, pensamentos inquietos e acelerados.

Para honrar o legado deste pianista, que pessoalmente ombreia com Bill Evans no panteão do jazz, vou escolher um tema de um dos seus maiores trabalhos e concertos ao vivo da história do jazz: as gravações ao vivo do seminal álbum But Not For Me. 
Corria o dia 16 de Janeiro de 1958. O local é o salão do Hotel Pershing em Chicago. Ahamad Jamal no piano lidera um trio com o contrabaixista Israel Crosby e o baterista Vernell Fournier.
Desse concerto temas como Poinciana e But Not for Me ficaram clássicos.
Saindo da influência destes dois temas, tenho um terceiro que gosto mesmo muito e que se chama Wood'yn You. 
Delicado, cheio de ritmo, comunicativo, expressivo e muito cativante.

Já tinha feito aqui uma referência à sua genialidade e importância que tinha para mim por altura dos seus 84 anos.












série "sad animal facts" - LXXVI