sábado, 11 de dezembro de 2010

um Natal digital

E se há dois mil e dez anos atrás houvesse para além do burro, o Google, o Youtube, o Facebook e o Twitter como seria o Natal???

O pessoal da Excentric descobriu!


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

divulgar ou não divulgar?

Hoje em dia pensar na Wikileaks, é pensar num dilema.
Sob o pretexto e ao abrigo da liberdade de imprensa pode divulgar-se textos e documentos confidenciais pondo em causa, países, instituições, diplomacias e relações de poder económico e político?
Ou será que dada a importância que a divulgação deste tipo de documentos tem para as relações internacionais e nacionais, para além de potenciais embaraços mais ou menos pessoais, se deve anular o direito à liberdade de imprensa?


Sou dos que pensam que a liberdade de imprensa, a transparência deve prevalecer.
Por natureza e definição tudo o que envolva o Poder, seja ele de ordem pessoal, empresarial ou nacional é opaco. São meandros pouco transparentes e mal explicados.
É sabido que sob as palavras mágicas e vagas de "segredo de estado" se esconde muita coisa obscura que todos nós gostaríamos de saber.
Se casos como a compra dos submarinos e as suas contrapartidas ou a Face Oculta, que volta a estar na berra, foram divulgados e são conhecidos da opinião pública foi devido à liberdade de imprensa.
Será que nós estamos satisfeitos da maneira com que o Poder está lidar com estes casos? Não nos sentiríamos melhor se um site como o Wikileaks tivesse mais informação para divulgar?
Ou outro caso bem conhecido de divulgação de informação confidencial, desta vez por parte de um jornal americano, o Washington Post, foi o escândalo Watergate que culminou com a demissão do presidente Nixon.
Será que não se ganhou socialmente com a divulgação destes casos?

Não se trata de espionagem, roubo de documentação, motivação política ou económica.
É talvez a única maneira que a opinião publica tem de conhecer verdadeiramente do que é feito nas suas costas, de escrutinar as notícias que vão saindo (ou que não vão saindo) nos meios de comunicação, a legitimidade das decisões que a classe dirigente toma.
Talvez o único problema, o grande embaraço, é a maneira descrente e suspeita com que opinião pública passa a olhar para os seus políticos e decisores.
A silenciação e a censura da Wikileaks apenas significa a protecção e manutenção da opacidade dos corredores do poder e de quem decide.
E são cinicamente, os EUA, os tais que por exemplo espiaram a ONU e o seu secretário geral Ban Ki-moon, que estão liderar uma ofensiva contra este site.
Em contrapartida e em reacção oposta, estão a gerar e a generalizar um movimento acerrimamente a favor de Julian Assange e do seu síte.

Não sou a favor nem contra a filosofia da Wikileaks, apenas sou contra o seu encerramento.
O que deve ser questionado não é a publicação ou a divulgação deste tipo de documentos e informações, mas sim a maneira como eles chegam às fontes que as divulgam, neste caso à Wikileaks.
Ou seja, no limite, a grande questão ética a colocar e a resolver, é a fuga de informação em si e não a sua divulgação.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

memórias - Nescafé


Há anúncios que marcam.
Pela música que utilizam, pela história que contam, ou ainda pelo ambiente que criam.
Este anúncio da Nescafé é um dos raros que conseguem combinar um pouco de tudo isto.
Quem o viu há cerca de trinta anos atrás certamente que não o esqueceu.

Qualquer um de nós ao ver este anúncio sentiu em dada a altura, vontade de ir provar uma manhã misturada num copo de água quente aquecida por uma velha resistência de isqueiro.




O tema, I can see clearly now é cantado por Johnny Nash.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

quando a excepção é a regra





Toda a gente sabe que quando chega a altura de os políticos cortarem verbas em questões que lhes digam directamente respeito, no último minuto aparece uma excepção.
Uma adaptação, uma dobra nas regras que lhes permite alterar o que está estabelecido à medida que os interesses vão surgindo.
E ao longo das últimas semanas elas não têm parado de aparecer.

A dos Açores é uma delas. Para compensar o corte de 5% nos salários, Carlos César, chefe do governo regional dos Açores, vai atribuir um montante equivalente ao valor que é retirado. Afirma que não vai custar um cêntimo aos contribuintes, mas como Marcelo Rebelo de Sousa diz, se esta compensação vem de um fundo, resta saber quem contribui para o dito fundo.
Sócrates indirectamente já disse não pode intervir neste assunto...

Esta é talvez a mais imoral e difícil de engolir. É a permissão de acumular pensões e salários quando tal está vedado ao "povinho".
Numa tentativa de trazer "moralidade" a esta questão, o governo aprovou em Conselho de Ministros a proibição da acumulação de salários com pensões. Agora chegou a respectiva excepção pelas mãos do próprio governo.

Ou, a excepção que abrange os médicos que não se tenham reformado antecipadamente e que voltem a trabalhar para o Estado, também estes podem acumular pensões e salários.

Ou mais esta excepção que colocará os hospitais públicos de gestão empresarial fora do corte de 15% nos gastos operacionais mas não abrangendo os hospitais públicos, provocando fortes protestos dos gestores destes últimos.

Sem esquecer a excepção aos cortes salariais da Função Pública que estejam incluídos em empresas públicas de capital exclusivamente ou maioritariamente público (EPE), que muito foi falada por aparentemente ter sido feita à medida da Caixa Geral de Depósitos, que já tinha feito esse pedido de excepção com o argumento de evitar a fuga de quadros para o sector privado.


No livro de George Orwell, O Triunfo dos Porcos existe um mandamento que diz:

"Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros"

A classe política segue à risca este mandamento e nós sabemos bem disso.
Mesmo assim não deixa de ser chocante, e muito frustrante, quando somos confrontados directamente com o facto.


domingo, 5 de dezembro de 2010

Grande Ecrã - O Concerto

Na era de Brejnev e do KGB, na antiga USSR, Andrei Filipov era um grande maestro. O maior do seu tempo.
Um dia, o KGB pede a Filipov que expulse os judeus da sua orquestra e este recusa. Numa actuação de Filipov quando este dirigia o concerto nº 1 para violino e orquestra de Tchaikovsky, o KGB interrompe a performance e põe o maestro a ridículo.
Filipov cai em desgraça e torna-se "homem a dias" no Bolshoi, local onde tinha conhecido dias de glória.
Ao limpar um gabinete apanha um fax, onde uma sala de espectáculos francesa, Théâtre du Châtelet, faz um convite ao Bolshoi para ir tocar a Paris. O antigo maestro rouba o convite e num tom de vingança, decide ser ele e os seus antigos músicos irem tocar a Paris.
A partir daqui O Concerto entra num registo de comédia ligeira sem imaginação e em estereótipos sucessivos pouco subtis e vai com eles quase até ao final do filme.
Os russos são abrutalhados, bêbados e desorganizados. Os judeus gostam de dinheiro e comércio e acabam a vender telemóveis chineses e contrabandear caviar russo. E os ciganos são... ciganos. São eles que falsificam os passaportes para os músicos poderem viajar para Paris e arranjam igualmente as roupas para eles vestirem na noite da actuação.
Os franceses são histriónicos e temperamentais.

Com o aparecimento de Anne-Marie Jacquet, o filme ganha outra dimensão. Ganha sentimento, ganha uma certa lógica e seriedade. Torna-se mais credível. Fica menos refém da piada fácil e batida. E finalmente a nossa atenção fica com algo para focar.
Desde que a actuação se inicia até à sua conclusão, cerca de 15-20 minutos. São plenos de sentimento com o realizador Radu Mihaileanu a saber explorar a emoção da música, do ambiente, da incrível beleza que o concerto nº1 para violino e orquestra de Tchaikovsky tem.
É com ela e com o som do seu violino, que os músicos russos sem prática e que nunca ensaiaram se coordenam e inspiram após uma ligeira hesitação inicial.
A cena em que vemos a filha, Anne-Marie, a reproduzir no violino, o que vemos os dedos da mãe, Lea, na noite fria e escura da Sibéria a dançarem sobre um violino imaginário é portentosa.

Este filme só pela abordagem final do concerto para violino de Tchaikovsky vale a pena ser visto.
Depois pode pensar-se num segundo motivo, que é a entrada em cena de Mélanie Laurent, no papel de Anne-Marie.