domingo, 31 de dezembro de 2017

uma das melhores compras do ano - Made in America (Bobby Watson)


O Smoke Jazz Club não tem a fama, ou não é tão conhecido do grande público como outros grandes clubes de jazz de Nova Iorque como o Birdland, Blue Note ou o mítico Village Vanguard.

Mas este clube nova-iorquino recorda-me aquela máxima tão conhecida, principalmente tão querida entre homens que reza que "não é o tamanho que importa mas o que se faz com ele".
E o Smoke com a sua etiqueta própria - a Smoke Session Records - faz mesmo muito.

Desta etiqueta sairam um dos melhores lançamentos de 2017, (a melhor está aqui) que eu fui comprando ao longo do ano que expira hoje - Made in America
A Smoke Records já tinha editado em 2016 um dos álbuns que mais apreciei do ano: Colors for the Masters, do trombonista Steve Turre.

Made in América, é um quarteto liderado pelo saxofonista (alto) Bobby Watson.
É mais de uma hora de jazz colorido, extrovertido e elegante. O seu líder conseguiu articulações entre músicos e instrumentos, muito bem desenhados e melhor executados. Em cada um dos onze temas há espaço para os sidemen poderem exibir a sua técnica individual e o entrosamento com a formação onde se encontram.
E regressar a ele é sempre um prazer. Ouve-se vezes sem conta sem se sentir cansaço.

Há ainda uma curiosidade relativamente ao Made in America. Cada uma das onze músicas, são de dedicadas, tributos a pessoas, mais ou menos conhecidas, que em variadas áreas contribuíram para o desenvolvimento de algo relevante no Estados Unidos.
Daí o nome do álbum. Essa coisa chamada Trump deve ter gostado do conceito...

Para quem estiver tentado a (e deve) comprar este Made in America, que não se esqueça de dar uma "pestanada", ou melhor uma "timpanada" no Colors for the Masters do Steve Turre. A forma como o jazz é tocado e explorado é igualmente sensacional, com o valor acrescentado de ser liderado por um trombonista, o que não é muito vulgar.

Aqui vai o EPK do Made in América.






sábado, 30 de dezembro de 2017

uma música para o fim de semana - The Gift


Para a Antena 3, o tema Big Fish dos The Gift, foi a melhor canção nacional de 2017. Pertence ao álbum Altar.
Não me parece de todo que seja. É fraquinha, fraquinha. A Antena 3 foi mais atrás do nome e do currículo dos The Gift do que a qualidade da canção.

Ela é chata, pouco atraente, excessivamente comercial e um vídeo que não conta nada.
E lá por ter o dedo de Brian Eno na produção não a torna melhor.

É a quarta vez que os The Gift aparecem no palco da Esteira.
Se comparem Big Fish com as anteriores músicas, percebe-se que qualquer uma delas (entre muitas outras) é superior à suposta melhor canção do ano.


Uma das canções que Antena 3 também considerou ser uma das melhores de 2017 foi Terra Firme de Benjamim e Barnaby. Foi considerada por esta estação de rádio a quinta melhor canção do ano e no entanto é bastante superior a Big Fish.

Muito mal escolhido Antena 3, mesmo mal. Tinha feito sentido se fosse a Comercial, mas agora vocês...
Para o ano têm que fazer melhor. O que não será difícil.


Bom fim de semana e de caminho... Feliz Ano Novo 2018 🎉🎊🍸




Sometimes you gotta get up
Sometimes you gotta get down
Sometimes you gotta get rich
Sometimes you gotta be a big fish

Sometimes you gotta get up
Sometimes you gotta get down
Sometimes you gotta get rich
Sometimes you gotta be a big fish

12 Days
Last days
No rest
Or rain
No sun
No moon
12 Days
Too soon
All year
Too long
Just one
More song
Or day
Fine heart
12 Days
For all
And we stop!

Sometimes you gotta get up
Sometimes you gotta get down
Sometimes you gotta get rich
Sometimes you gotta be a big fish

Sometimes you gotta get up
Sometimes you gotta get down
Sometimes you gotta get rich
Sometimes you gotta be a big fish

12 Days
Last days
No rest
Or rain
No sun
No moon
12 Days
Too soon
All year
Too long
Just one
More song
Or day
Fine heart
12 Days
For all
And we stop!

And we stop at something you will not forget
And we stop at something you will not forget
And we stop at something you will not forget
And we stop!


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

via WhatsApp


A grosso modo relacionam-se como Paul Desmond e Dave Brubeck, Carlos Tê e Rui Veloso.
Os segundos dependem muito dos primeiros, mas talvez estes não existissem se não fossem os segundos.
Portished, a banda mais conhecida de trip hop, e Beth Gibbons são míticos porque quer a banda quer a vocalista deificaram-se, endeusaram-se mutuamente.
Pensar num implica pensar na outra e vice-versa mas não consigo discernir neste caso qual deles é maior que o outro. Em matéria de parelhas há sempre alguém que se destaca, que se sobrepõe, por muito pouco que seja.


Em 2002 Beth Gibbons decidiu palmilhar um caminho fora dos Portished, colaborando com Rustin Man. Desta colaboração resultou o álbum Out of Season com um alinhamento de 10 temas.
O número nove chama-se Funny Time of Year.

Ouvindo este tema directamente do álbum, na versão de estúdio, e depois na gravação ao vivo, é noite para o dia. Enquanto no álbum ele está plasmado a 2D, ao vivo ganha uma tridimensionalidade vibrante, uma carga emotiva tremenda.

Beth começa dolente. A sua voz é sentida, arrastada como alguém que carrega o peso de um segredo há muito guardado. Ouvimo-la quase em silêncio durante pouco mais de três minutos. Os instrumentos mal se fazem ouvir, suportam a sua voz apenas para que ela não quebre sob o peso da letra que canta.
Quando Beth se silencia, soam os instrumentos. Eles dão-lhe o tempo necessário para que ela recupera. Quando retoma a canção vem com mais determinação, mais incisiva. Nota-se que a raiva está presente mas de alguma forma ainda controlada. A cantora britânica arrasta os instrumentos atrás de si, em crescendo.

Por volta dos 5.50 minutos, num maravilhoso vibrato sustentado, Beth Gibbons despede-se da canção, os instrumentos deixam de estar contidos, soltam-se, fazem-se ouvir. O palco sonoro é todo deles. Oiço raiva, fúria, dor, inquietação. São hipnóticos, há vórtices e espirais sonoras, são espectrais, entram em transe, arrastam-nos para ele, os riffs não param e quando param, abruptamente, perguntamo-nos e agora?? Onde estão eles?? Acabou?? Acabou.

E Beth é maior que os Portished.






Funny Time of Year
These silent words of conversation Hold me now this adulation See me now Oh it's easy now Falling like a silent paper Holding on to what may be
And I only hear Only hear the rain And many rains turn to rivers Winter's here And there ain't nothing gonna change The winds are blowing telling me all I hear Oh it's a funny time of year There'll be no blossom on the trees
Turning now I see no reason The voice of love so out of season
I need you now But you can't see me now I'm travelling with no destination Still hanging on to what may be It's a funny time of year
I can see There'll be no blossom on the trees And time spent cryin' has taken me in this year Oh it's a funny time of year There'll be no blossom on the trees Falling like a silent paper Holding on to what may be

I can see There'll be no blossom on the trees And time spent cryin' has taken me in this year Oh it's a funny time of year There'll be no blossom on the trees Falling like a silent paper Holding on to what may be



terça-feira, 26 de dezembro de 2017

lifted


Um clássico da Pixar.
Um dos mais divertidos também. As expressões do aluno e a impassibilidade do mestre são impagáveis.
Quanto ao dorminhoco, esse tem um sono bem pesado...







sábado, 23 de dezembro de 2017

a minha árvore de Natal...





uma música para o fim de semana - Dave Brubeck Quartet


Todas as músicas de Natal soam melhor quando é o jazz que nos transporta até nós.
Muitas delas nasceram sob o signo do jazz ou, foi o jazz que as popularizou.

Uma dessas, e tantas vezes tocadas até à exaustão, é Santa Claus is Comin' to Town.
Foi escrita em 1934 pelos norte-americanos Haven Gillespie e John Coots.
Desde então não deve ter havido artista musical que não a tenha tocado ou cantado.
É uma das canções de Natal mais enjoativas que conheço.

Então porque este tema para o fim de semana de vésperas do Natal? Porque nesta versão tocada pelo quarteto de Dave Brubeck, ouve-se o melhor saxofonista alto da história do jazz, Paul Desmond, ao lado de um dos melhores pianistas, mas não o melhor, igualmente da história do jazz, o próprio Dave Brubeck.
E sempre que há uma oportunidade para se ouvir Paul Desmond, esta deve ser imediatamente aproveitada.

É ele que torna absolutamente fascinante, e suportável, uma música que se houve milhares de vezes, todos os anos, num espaço de tempo tão curto como um mês, desde... 1934!

Os primeiros onze segundos de Santa Claus Is Comin' to Town, são sublimes. Vénia a Paul Desmond!

Bom fim de semana e de caminho... bom Natal 🎅






quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

um poema de... Joaquim Maria Machado de Assis (no solstício de Inverno)


Manhã de Inverno

Coroada de névoas, surge a aurora
Por detrás das montanhas do oriente;
Vê-se um resto de sono e de preguiça,
Nos olhos da fantástica indolente.

Névoas enchem de um lado e de outro os morros
Tristes como sinceras sepulturas,
Essas que têm por simples ornamento
Puras capelas, lágrimas mais puras.

A custo rompe o sol; a custo invade
O espaço todo branco; e a luz brilhante
Fulge através do espesso nevoeiro,
Como através de um véu fulge o diamante.

Vento frio, mas brando, agita as folhas
Das laranjeiras húmidas da chuva;
Erma de flores, curva a planta o colo,
E o chão recebe o pranto da viúva.

Gelo não cobre o dorso das montanhas,
Nem enche as folhas tremulas a neve;
Galhardo moço, o inverno deste clima
Na verde palma a sua história escreve.

Pouco a pouco, dissipam-se no espaço
As névoas da manhã; já pelos montes
Vão subindo as que encheram todo o vale;
Já se vão descobrindo os horizontes.

Sobe de todo o pano; eis aparece
Da natureza o esplêndido cenário;
Tudo ali preparou co’os sábios olhos
A suprema ciência do empresário.

Canta a orquestra dos pássaros no mato
A sinfonia alpestre, - a voz serena
Acordo os ecos tímidos do vale;
E a divina comédia invade a cena.


Joaquim Maria Machado de Assis


Inverno, a sua arte


Inverno. Hoje é o dia mais curto do ano.
Só há um senão, a partir de hoje os dias estão sempre a crescer.
Nem tudo é perfeito... 


Marius Vieth


Wassily Kandinsky


Edvard Munch


Jean Claude Monet


Rui Palha


Nazar Bilyk


Anna Gillespie



terça-feira, 19 de dezembro de 2017

flamingo pride


Tropecei nesta curta por mero acaso.
A animação é brilhante, o argumento é super original e som que a acompanha, idem.

A moral é simples: há sempre uma tampa para cada panela. E quando menos se espera.
Mas a coisa para o lado hetero parece ser um bocado chata...

Esperem mesmo, mesmo pelo fim.
É como em alguns filmes: depois dos créditos finais, vem a surpresa.

Enjoy.








sábado, 16 de dezembro de 2017

uma música para o fim de semana - TT Syndicate


Tão fixe. Puro soul das décadas de 50/ 60 muito bem aromatizado com influências rockabilly.
Sete músicos, outros tantos instrumentos que conferem um ambiente sonoro e bem ritmado da velha guarda.
Para além da voz extraordinária do extraordinário Pedro Serra, há uma bateria, guitarra, baixo, trompete, dois saxofones, um tenor e outro barítono.

Energia positiva e grandes vibrações.  Fazem-me recordar as músicas de Cais Sodré Funk Connection com as vozes de Silk e Tamin.


Bom fim de semana ☺







quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Brain Divided


Naqueles momentos em que frente a uma rapariga gira, no primeiro encontro não sabemos o que fazer, o que ser e como ser, e então na dúvida oscilamos entre a parvoíce e a estupidez, saltando do oito para o oitenta e com ida e volta.

O quer que seja feito, é sempre mal feito.







terça-feira, 12 de dezembro de 2017

série "vencedores" - Estremoz (bonecos de)


Foi fantástico saber que os bonecos de Estremoz foram considerados Património Cultural Imaterial da Humanidade na passada quinta-feira, dia 7 de Dezembro.
Tal como o fado e o cante alentejano, já o tinham sido antes, os bonecos de Estremoz representam arte e cultura nacional vinda de dentro de nós enquanto povo português.

Mas se o cante alentejano e o fado são de divulgação fácil pelo país e internacionalmente, através da internet, da rádio, de cds, com os bonecos feitos de barro é precisamente o contrário. Nem nosso país eles são conhecidos ou até divulgados, e mesmo quem passa por Estremoz só com um pouco de sorte é que saberá que eles existem e que só aqui podem ser encontrados.

Existem há três séculos e para muitos de nós foi preciso que fossem eleitos Património Mundial para conhecermos a nível nacional a sua existência.
São bonecos temáticos, simbólicos, de um vincado carácter popular, que são modelados em barro, de dentro para fora, usando pequenas bolas e rolos de barro trabalhados individualmente e que carinhosamente agregados uns aos outros, formam após devidamente pintados e cozidos, os agora famosos bonecos de Estremoz.

Literalmente, apenas uma dúzia de pessoas e todas de Estremoz, é que os sabem fazer.

Grandes, grandes vencedores, que grande, grande satisfação.




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

dia internacional do Tango


Em Novembro de 2006 estive em Buenos Aires, quando estava a caminho da Patagónia.
Durante os dias em que estive na capital argentina, fiz absoluta questão de não perder algo que faz muito mais sentido do que ir a Roma e não ver o Papa (como se isto fosse algo realmente importante!!!), que é ir a uma milonga.
As milongas são o equivalente às noites de fado em Alfama. Fazem parte da tradição, do imaginário, da cultura e de um modo de vida argentino.
É vulgar encontrar dançarinos de tango, os tangureros, ouvir a sua música, nas ruas, nas esquinas de Buenos Aires. San Tiago e La Boca são locais a procurar.

Foi no Señor Tango, uma sala bem conhecida em Buenos Aires, recomendada pelo hotel, recomendada por restaurantes e por taxistas, que fui assistir a uma milonga.
O que vi ainda hoje está marcado na memória e o tango nunca mais voltou a ser o mesmo para mim.
Paixão, intensidade, posse e submissão, ciúme, sensualidade e sedução, desfilaram com uma elegância, fluidez e técnica que não voltei a assistir.
A magia começa tarde. Não antes da meia-noite. Mas vale a pena estar um pouco antes. Enebriar com as cores escuras num ambiente escurecido mas colorido, ver os milongueros, a orquestra a preparar-se, o ritual a iniciar-se ao sabor de um vinho argentino e do ruído das conversas.

Carlos Gardel e Astor Piazzola, são nomes incontornáveis do tango, mas quem compôs O tango, aquele tango que toda a gente conhece, já ouviu ou viu dançar, não são deles mas sim de um nome não tão conhecido como os dois primeiros, o do uruguaio Gerardo Matos Rodriguez e esse tango chama-se La Cunparsita. Fez este ano, mais concretamente em Abril, cem anos. O seu título significa a pequena comparsa, a pequena companheira.

Nestes cem anos de vida, estima-se que já tenha tinha tido mais de 2700 versões, sendo cantada em variadíssimas línguas, incluindo a portuguesa.
Sim, é verdade. Este tango também foi (maravilhosamente) dançado no Señor Tango.

Agora, silêncio que se vai dançar... o tango.





dia internacional das Montanhas


Hoje é o dia mundial das Montanhas.
Nunca me senti tão bem, tão em paz em harmonia comigo e com o Universo como quando estive numa montanha.
No seu sopé, no seu cume, debaixo da sua sombra, a ver o sol nasce ou a pôr-se.

Nelas, as cores são mais cores, as emoções são mais emotivas, as lágrimas são mais salgadas e os sorrisos mais puros.
Se há religião neste mundo, ela pode ser encontrada numa montanha.
Foi nelas que mais próximo me senti das pessoas que amei.

Montanhas, grandes de quilómetros ou pequenas de poucos metros, suaves ou escarpadas, cheias de verde ou entornar branco pelos picos abaixo, vários dias a pé ou numa caminhada singela, é das coisas mais belas e incríveis que a Natureza tem para nos oferecer.





série "estatísticas da vida" - CCXLXIII


Longe vão estes tempos...





sábado, 9 de dezembro de 2017

uma música para o fim de semana - Frankie Chavez


Esta coisa da procura é algo tramado, da compreensão, especialmente quando é necessário ir às entranhas da alma para o fazer e sai-se de lá com as mãos a abanar. Como sempre. O fundo da alma costuma ser insondável, apesar de ser lá que tudo se encontra no que nos diz respeito.
E olhar lá para baixo para perceber o que se passa, buscar do que se é, ou porque se é, pode-se tornar tão demorado como limpar um sótão empoeirado de décadas de ninguém não lá entrar.

A busca é cansativa e inevitavelmente infrutífera. Ou continuamos e ficamos exauridos por esse exercício ou, encolhemos os ombros em indiferença ou ainda, estoicamente pensamos que a coisa podia ser pior.
Nenhuma delas é uma grande solução, talvez as três em simultâneo o sejam. Quando uma nos estoira a mente descansamos nas outras duas e prosseguimos a busca variando o cansaço e com ele diversificando nos apoios disponíveis. Não é grande coisa mas serve.

Num blues suavizado e disfarçado, o guitarrista português Frankie Chavez (Joaquim Chaves) canta a sua versão desta busca (Search).


Bom fim de semana ☺




I don't know,
Where I'm going,
But I sure know,
Where I've been,
I've been waiting far,
All of my move.

Everytime,
I fall asleep,
I wake up, in a different street,
Different faces, still the same vibe.

I'm going,
I'm out on the field.
I can feel i'm doing it for real,
I feel i'm searching,
The stories untold,
Searching for, deep in my soul.

All the lines,
Must be crossed,
All the battles,
Must be fought,
All the dances are,
Meant to be learned.

I keep my fire,
Burning still,
Pick up my rage,
And turning it in my own will,
I search for my soul.

I'm going,
I'm out on the field,
I can feel i'm doing it for real,
I feel i'm searching,
The stories untold,
Searching for, deep in my soul.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Hapiness - felicidade, essa escravidão comprada a preço de saldos


Até a procurar, a perseguir essa ilusão vaga e obscura que se chama felicidade somos iguais, somos enganados, seduzidos, formatados e depois... escravizados por um conceito efémero e enganador que está anunciado em todo lado, presente em todas a montras e que pode ser comprado em todas as lojas a preço de saldos e promoções.







terça-feira, 5 de dezembro de 2017

série "vencedores" - Mário Centeno


Somos bons a exportar políticos para a Europa. Ela a nossa lixeira. O que não presta cá, também não presta lá, mas são mais inofensivos longe do nosso quintal e eles gostam porque recebem à farta.

Durão Barroso e Vitor Constâncio, são os dois exemplos mais flagrantes a que se pode juntar o homem que elevou a palavra colossal a outro nível: Vitor Gaspar.

Agora chegou a vez do Centeno, o nosso ministro das finanças que ontem foi eleito para a presidência do Eurogrupo, uma reunião tida mensalmente e que junta todos os ministros das finanças da zona Euro, substituindo essa tremenda nódoa holandesa chamada Jeroen Dijsselbloem.
Uma das figuras mais sinistras da UE e símbolo maior da prepotência e ingerência alemã nos destinos dos países europeusa, Wolfgang Schauble chamou-lhe o Ronaldo das finanças.

Dou-lhe o beneficio da dúvida. Talvez não seja tão inapto como os dois primeiros nomes.
Numa primeira análise tem conseguido levar o país a bom porto. Pelo menos até ver...
De qualquer maneira quando decidi incluí-lo na série "vencedores" fiquei indeciso qual o nome que deveria colocar à sua frente: Mário Centeno ou Portugal?

Acreditemos que seja o homem e com o ele, o país. Ficamos todos a ganhar.


sábado, 2 de dezembro de 2017

uma música para o fim de semana - Xutos & Pontapés (a propósito de Zé Pedro)


Zé Pedro, o mais carismático membro dos Xutos & Pontapés, morreu na quinta-feira passada com 61 anos. Não há muito a dizer porque muito já foi dito.

Uma das coisas que perguntei a mim próprio foi o que iria acontecer aos Xutos. Vão acabar? Não acredito muito, mas possível. Irá Zé Pedro ser substituído, por um outro guitarrista? Parece-me crível que sim.

Todas as grandes bandas com várias dezenas de anos no activo, os Xutos comemoram 40 anos de estrada em 2019, passam sempre por momentos de grande crise: perda de identidade, divisões internas, entradas e saídas de elementos, perdas dos mesmos.
Um dos casos flagrantes desta dinâmica, vem dos próprios Xutos. Para nós, Tim é o eterno vocalista, a voz da maior banda nacional, mas não é. A primeira voz, pertence a um dos fundadores dos Xutos &Pontapés, Zé Leonel.
Zé Pedro sempre reconheceu a sua importância deste fundador, dizendo que sem ele provavelmente os Xutos nunca teriam existido.

Será curioso ver o que esta banda irá decidir nos próximos dias. Terão algum tempo. Fecharam a digressão de 2017 com o concerto de 4 de Novembro no Coliseu de Lisboa.
Precisamente o último de Zé Pedro.

A música para este fim de semana, não podia deixar de ser dos Xutos e Pontapés. É tocado ao vivo no Optimus Alive de 2011. Zé Pedro discursa antes da apresentação do tema Sémen.
Sémen aparece no primeiro álbum da banda, 78/82. Na verdade, não aparece neste álbum, ele aparece na reedição deste álbum. Ele e mais três. Original tinha 10 faixas, a reedição tinha 14 faixas. Sémen não era uma música consensual, mas foi o seu primeiro grande hino.
Aquela música que todos ficam à espera que seja tocada num concerto, para ser cantada em uníssono com eles.

O próprio título deste disco conta uma história, um episódio dos Xutos & Pontapés: existindo a banda desde 1978, é no entanto em 1982 que vê o seu primeiro álbum editado.

Zé Pedro, faz um bom caminho de regresso.


Bom fim de semana ☺




Sémen, Sémen, Sémen
Semente dum corpo que sai
Do corpo da gente
Velha disputa do sexo
Nunca é quem se espera
Terá isso nexo
Será menino ou menina
Ao pai pouco importa
É mais um anexo

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem

Sémen, Sémen, Sémen
Semente dum corpo que cai
Do corpo da gente
Velha disputa do sexo
Nunca é quem se espera
Terá isso nexo;
Será menino ou menina
Ao pai pouco importa
É mais um anexo

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem

Vem ninguém vê
O que tem
Só vê o que não tem


terça-feira, 28 de novembro de 2017

sábado, 25 de novembro de 2017

uma música para o fim de semana - Vaarwell


Na semana passada passou pelo palco da Esteira, as Golden Slumbers. Um projecto das irmã Catarina e Margarida Falcão na área do folk e country.
Mas uma das manas, a Margarida também está envolvida num outro projecto, Vaarwell, de cariz indie-pop.

Um pouco estranho o nome escolhido...
Um dos membros quando perguntaram como tinha surgido o nome Vaarwel explica: significa “adeus” em Afrikaans e nós juntámos-lhe mais um “L”.
A primeira que a sua música viu a luz do dia foi em 2015 com o EP Love and Forgiveness.
Em Março chegou a vez de um álbum completo, o Homebound 456.
You é o single que faz a introdução ao álbum e Branches foi um dos temas mais conhecidos de Love and Forgiveness.

Branches tem uma certa ingenuidade que lhe traz algum encanto, a simplicidade de quem está em plena de curva de aprendizagem, a sentir o terreno que pisa.

You é mais elaborado, mais embalador, mais aromático.
A voz de Margarida é angelical, inocente. Um pouco melancólica mas delicada e límpida como um ribeiro alimentado pelas primeiras chuvas outonais. Ouve-se muito bem.
Os dois primeiros versos da letra tem um travo meio budista, a crença na realidade e nas coisas que acontecem, são o que apenas o que acontecem.

Tendo em conta que estamos num fim de semana em que finalmente estamos debaixo de água, com as temperaturas um pouco mais baixas e tendo para alguns, o número de cobertores e edredões na cama aumentado, creio que You se adapta melhor.


O curioso é o vídeo ser despretensioso, quase descuidado. Não canibaliza a nossa atenção para ele.
Ouvimos com os ouvidos e não com os olhos.
Os videos espetaculares são sempre atraentes. No pop é mito frequente comprar-se música porque os vídeos são apelativos, são eles que vendem a música, são os olhos que convencem os ouvidos.

Vaarwell, parece mostrar que quem comprar a sua música, fá-lo por isso mesmo e não mais do que isso. O que é muito fixe.


Bom fim de semana ☺





Breathe in
Find your nirvana
Within yourself

You know it's not fair
I’m breathing on thin air
She’ll always be there
You know it's not fair

You know the truth isn't al...
(they're haunting me forever, haunting me forever)
...always true
You tell me secrets that I've known
(they're haunting me forever because of what)
For much longer than you
(they're haunting me forever because of what you made me do)
You made me feel so insecure, and I blame it all on you

Always searching for what hurts me most
Always looking for what makes me cry

It’s lovely how you're what's keeping me alive
Wrapped up in your love, in your care and in your lies
My hands they are shaking, I know that I'm breaking
but I'm alive, you're what's keeping me from dying

You see the problem is that I was not that true to you
And she corrupted my already twisted mind
And so I focus all the anger in my hands and I fuck her up, it's necessary
(they're haunting me forever because of what you made me do)
I know it was necessary
(I did this to save us so it's all on you, I blame it on you)

Always searching for what hurts me most
Always looking for what makes me cry

Breaking roots and branches from this tree

(Breathe in, Find
Within your)

She’ll always be there
You know it's not fair



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Avishai Cohen - Cross My Palm with silver


O piano e o saxofone são talvez os instrumentos mais expressivos do jazz. É fácil perceber as suas mensagens, a forma como comunicam, o que vai nas suas "cabeças".
Mas nenhum deles tem a capacidade de nos transportar, de nos fazer flutuar como o trompete. Ele é capaz de ser etéreo, celestial, como de uma só vez nos trazer abruptamente à terra. É esta capacidade que tanto me atrai no neste instrumento de sopro.

Foi a angústia de uma criança que inspirou o trompetista israelita Avishai Cohen no tema que abre o seu mais recente trabalho e o segundo para a etiqueta alemã ECM: Cross My Palm With Silver.

No dia 18 de Novembro de 2016, um rapazinho sírio sofre um ataque químico, próximo de Aleppo, que o leva ao hospital. Enquanto é tratado, ele pergunta lavado em lágrimas a quem o ajuda e numa angústia tremenda:
- "Will I die miss? Will I die?"

"Vou morrer senhora? Vou morrer?"

Into the Silence, o primeiro álbum que o músico gravou para a ECM, em 2016, tem um tema que é transversal a todo o álbum, que o unifica: a morte do pai de Avishai Cohen.
O segundo álbum, Cross My Palm with Silver, de 2017, não é sobre a guerra da Síria como o primeiro tema poderia sugerir.
Avishai toca, interpreta, várias histórias ao longo de uns curtos, mas muito belos, trinta e oito minutos. Sabe a pouco. Ficamos a querer ouvir mais.

Tenho este dois álbuns. Gosto muito dos dois.
Penso que não faz sentido gostar de um e não gostar do outro, ambos vêm no mesmo registo melódico, mas não gostar de nenhum deles, talvez faça ainda menos sentido.






sábado, 18 de novembro de 2017

uma música para o fim de semana - Golden Slumbers


É sempre curioso ver alguém, dentro da música nacional, a iniciar projectos um pouco fora da caixa.
É preciso coragem. Quem entra pelo jazz, funk ou blues, sabe que está a entrar em território complicado, em terrenos algo pantanosos. São nichos de mercado pequenos, pouco conhecidos e divulgados, e a sobrevivência não é nada fácil.

Em 2013, as Golden Slumbers, um nome que remete para o tema homónimo de uma canção dos Beatles, as irmãs Catarina e Margarida Falcão decidiram entrar nesses territórios, o folk e country, mas na linha tradicional americana, o que torna as coisas ainda mais difíceis.
Cat Power e Norah Jones, esta última no registo de My Bluberry Nights, são influências completamente reconhecíveis no trabalho das duas irmãs.

O tema My Love is Drunk, que lançou o EP I Found The Key, vai directo ao assunto nestas influências. Um trio, com duas vozes muito características e distintas, uma guitarra e com uma pequena e discreta banda, dando todo o palco sonoro necessário para que as vozes da Catarina e Margarida se destaquem.


Bom fim de semana ☺





Catch a train to nowhere town 
And there nothing left to do 
Where I lived there was someone around 
But now there’s not much left to hold on to 

You always said I was a strange girl 
Couldn’t make up my mind 
I started thinking I could be wrong 
Maybe a year isn’t that long 

I got a ride from a nice old gal 
And she told me what her life was like 
She prayed to God that husband was out 
So she could find some peace of mind 

She always said she was a strange girl 
She couldn’t make up her mind 
She started thinking she could be wrong 
Maybe a forever ain’t that long 

My love, he’s drunk, on my love again 

I always knew you were a strange boy 
Too sure of your own mind 
You were the reason for the lack of time 
You started thinking you could be wrong 
But got too scared to even go on 
And you’re hoping you don’t pay the fine. 

My love, he’s drunk, on my love again



sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Grande Ecrã - Blade Runner 2049


Há filmes que não são para ser mexidos. Sequelas, prequelas, spin off, remakes, reboots, o quer que seja, não é para ser feito. Blade Runner: Perigo Iminente de 1982, realizado magistralmente por Ridley Scott, é um desses. Ele é perfeito e dentro da ficção científica não há muitos que sejam capazes de ombrear com ele. Passados trinta e cinco anos alguém pensou o contrário. O realizador canadiano Denis Villeneuve decidiu realizar uma sequela dele: Blade Runner 2049.

Aqui separam-se as águas tal como Moisés fez no Mar Vermelho: os que viram Blade Runner para um lado, os que não viram para o outro.
Para quem não viu Blade Runner, não é fácil seguir o argumento, algo abstracto por falta de uma contextualização adequada.

Os que o viram, vão reconhecer a lógica da caça aos replicants, a linha quase indistinta entre alma e a consciência da inteligência artificial, que tão bem estava trabalhada no primeiro filme mas agora abordada de uma forma atabalhoada e confusa.

Aos que se sentaram pela primeira vez numa sala de cinema Visualmente o filme espanta pelas cores, pela grandiosidade dos cenários, pelo gigantismo dos ambientes de uma Los Angeles distópica e pós-apocalíptica, de ruas cinzentas, plenas de neons e vozes em fundo, e a atmosfera densa poeirenta e avermelhada de Las Vegas.
A música de Hans Zimmer é atmosférica, etérea, mecânica e sombria. Ela é um filme dentro de outro filme
Mas para quem tem Blade Runner na memória, a fotografia e a banda sonora soam familiares. É um regresso a casa, mas não em toda a sua plenitude. Falta o conforto, falta o espanto, falta o deslumbre, o mergulho no vazio da música de Vangelis de há trinta e cinco anos.

É bom rever o Deckard de Harrison Ford, o velho Blade de Runner. Quando este surge, o filme ganha logo outra dinâmica. O mau da fita é desempenhado pelo canastrão e boçal Jared Leto, Ryan Gosling, o actual Blade Runner, o agente K, está em modo piloto automático, Ana de Armas (linda de morrer!), resulta muito bem como Joi, uma inteligência humana virtual a qual K tenta por todos os meios corporizar fisicamente.

Para quem, na separação das águas de Moisés, ficou do lado dos que viram a obra prima de Ridley Scott, percebe perfeitamente que há coisas que não devem ser mexidas.
Talvez não seja de estranhar por isso que Ridely Scott se tenha remetido para a produção, enquanto Denis Villeneuve tentava (honestamente) dar uma continuidade, uma extensão credível e conseguida à história de contada em 1982.
As grandes obras primas só são criadas uma vez. Não lhes é permitida uma segunda vida para elas.
O legado de Blade Runner: Perigo Iminente é demasiado pesado para Blade Runner 2049.







série "pessimismos" de David Daneman VI





terça-feira, 14 de novembro de 2017

um poema de... Ana Garjan (sobre jazz)


Um solo de jazz

Uma noite,
Um vinho tinto,
Um beijo
Um solo de sax
marcando o ritmo...

Uma noite intensa como um jazz
Um amor de improviso
Um toque de música
a pulsar nas veias...

O vinho escorre
pelo céu da boca
e se mistura a um beijo
sob o tapete de estrelas
de uma noite de lua...

Sentimento e sentidos
intensos e densos,
marcantes como música.

Um solo de sax...
Transcendendo limites
como um sonho sem volta

Um toque, um jazz,
sentidos alertas,
e o amor prega peças,
a noite enfeitiça.

O vinho escorre da taça
e tem gosto de beijo...
Um beijo ritmado
como um solo de sax
marcando os sentidos...

Ana Deva's Garjan


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

série "estatísticas da vida" - CCXLIX


Já com poças de sangue por causa de uma guerra de gangs, partem atrasados para uma perseguição a carros dos maus da fita a alta velocidade, destruindo toda a cidade sem que ninguém morra, e no fim os polícias falham redondamente.

Não é fácil ser-se polícia nos filmes...