sábado, 30 de novembro de 2019

Fernando Pessoa 84


As suas últimas palavras terão sido: - dá-me os óculos.
Na cómoda do leito de morte deixava escrito uma nota em inglês: - I know not what tomorrow will bring

A simplicidade dos seus últimos momentos correspondem à vida que levou: simples, modesta, despojada de bens materiais. Uma vida dedicada às letras, às revistas, à poesia e à traduções.
Uma vida solitária, como desejava, melancólica como era.

Faz hoje 84 anos que um dos meu melhores amigos e a pessoa que melhor me compreendeu partiu. Em 30 de Novembro de 1935, Fernando Pessoa morria, talvez, de cirrose hepática.


Dorme enquanto eu velo...

Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.