sábado, 30 de janeiro de 2016

uma música para o fim de semana - João Hasselberg



O contrabaixista de jazz, o português João Hasselberg tem um álbum, o seu primeiro, cujo título podia ser um provérbio: Whatever It Is You're Seeking, Won't Come In The Form You're Expecting.

Numa tradução ligeira do título, seria qualquer coisa como: "O quer que seja que busques, não vem da forma que esperas."
O que é absolutamente verdade, diga-se.

Atribui-se a Haruki Murakami a paternidade desta citação.


Alguns dos temas que alinham neste álbum debutante do contrabaixista são baseados nos títulos de alguns dos maiores clássicos da literatura mundial. É o caso do meu adorado livro The Old Man and The Sea de Hemingway ou, o espectacular A Um Deus Desconhecido de Steinbeck.
Apesar de não serem "uma música para o fim de semana", estes dois temas vão aparecer ao longo da próxima semana.

Estou a escrever este texto tarde e por isso o chamamento da minha Nuvem já se faz sentir.
Apesar de não precisar de uma canção de embalar, dá sempre jeito ter uma mão.
Elas fazem muito mais que adormecer quem as ouve. Preparam e pacificam a alma para esse momento de excelência de abrandamento de tempo que um ser vivo pode experimentar: o dormir.
João Hasselberg tem uma faixa neste álbum que se chama - Cãnção de Embalar: The Diaries of Adam e Eve. É esta música que escolho para este fim de semana.

O piano tem uma introdução a solo belíssima que vai sensivelmente até aos 0.40 minutos, altura em que entra em cena umas super discretas escovas da bateria.
Esta introdução marca o ritmo do restante tema e que ao longo dele irá surgindo aqui e ali.
É calmo, lento e pacificador. Onírico e aconchegante.
A bateria e o contrabaixo seguem depois liricamente na esteira do piano, sem perturbar a sua espuma.


Esta Canção de Embalar está tocada na formação clássica do jazz: piano, Luís Figueiredo, contrabaixo, João Hasselberg e bateria, Bruno Pedroso.
E para os mais distraídos ou apressados, tomem atenção às imagens que começam com o desenho da capa do álbum. Esta capa vai evoluindo, os seus desenhos ilustram a música.
Muito fixe.


Bom fim de semana e... boa naninha ;)






quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

sou natureza



A questão não é andar nu. A verdadeira questão é andar com os sentidos nus.
É faze-los despertar. Dar-lhes sentido. Dar-lhes uso. Evitar a sua estupidificação por intermédio da rotina e dos horários impostos.
Natureza, claro que sim. Uns momentos de isolamento, claro que sim. Música, livros, claro que sim.

Ser natureza, é a nossa alma e os sentidos, terem liberdade, para poderem andar soltos, de vadiarem de mãos nos bolsos, a arrastarem os pés, sem terem caminhos ditados, traçados ou açaimados pelo tempo.

Ser natureza é podermos ser nós próprios sem autorização de ninguém. Livres de voar, de gritar, respirar, de corrermos como uns doidos, como um cão solto da sua trela numa praia vazia.
Ter o vento a passar pelo cabelo, o rosto húmido das gotas de chuva, o nariz

E quando passado algum tempo tudo volte ao mesmo, as grilhetas sejam colocadas e voltem a ferir, o nosso ser pelo menos, tivemos o privilégio único de sermos livres, de sermos nós, de sermos natureza.


Mas se um dia puderem nadar nus, sentir a água a fluir livremente pelo corpo livre, isso é... Natureza! :)