sábado, 8 de agosto de 2015

dia mundial do Gato







O felis sivestris catus, aka gato, é sem dúvida um animal extraordinário.
Primeiro, porque é. Segundo, porque deve ser o único animal com dois dias mundiais que lhe são dedicados.

Um deles, e o mais oficial é hoje. A data de 08 de Agosto.
O outro menos oficial, mas muito reconhecido, é a 17 de Fevereiro.
Mas reduzir um gato a dois dias mundiais não é justo. Há 365 dias por ano que podem ser... ;)


Se há objectos pelos quais os gatos são obcecados e de ideias fixas, são as caixas de cartão. Sejam elas grandes, pequenas, minúsculas ou muito minúsculas.
Eles seguem aquela lógica inabalável do If I fits I sits.


Isto é válido até para gatos muito grandes...
São todos farinha do mesmo saco :)





uma música para o fim de semana - Radar Kadafi



O ar é pesado, está escuro e sai um cheiro a mofo intenso.
Estico as mãos lá dentro, encontro qualquer coisa. Formato quadrado, rigido mas fléxivel e uma textura tipo cartão, suave e pouco rugoso.

Fora do baú das memórias, vejo que tenho nas mãos um vinil. Um objecto não muito comum nos dias que correm.
Na capa está escrito - Radar Kadafi/ Prima Donna.

A história deles é breve. Efémera, até.
Surgiram no ano de 1984, em Lisboa, e nesse mesmo ano participaram no Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous.
Começaram por ser só Radar, no entanto alguém pensou que era um nome curto para uma banda e como na altura o Kadafi andava frequentemente nas notícias... a banda passou a chamar-se Radar Kadafi.
Ficaram em terceiro nesse concurso.

Em Março de 1987 assinam um contrato com a Polygram. E gravam Primadona com um sucesso algo inesperado.
Deste álbum duas canções ganham forte protagonismo na cena musical da altura: 40 graus à Sombra e Eu Sei que não Sou Sincero.

Se em 1987 fazem a sua entrada pela porta grande na cena da musica nacional, é também em 1987 que saem dela.
Incapazes de lidar com o sucesso do seu primeiro álbum, os Radar Kadafi desmoronam-se em oito meses apenas, Novembro de 1987.
Prima Donna é o único trabalho deles.


Para este fim de semana, só podia ser 40 graus à Sombra.
Tudo o que seja acima dos 19 a 21º, vá lá, 22ºC,  para mim já é mais que quarenta graus à sombra


Bom fim de semana :)




Quarenta graus à sombra

No fundo da avenida
Bebendo um capilé
Quarenta graus à sombra
Nas mesas do café
E aquela rapariga
Eu já nem sei o que dizer
O que fazer
O que dizer
O que fazer

Aihaiah
Mediterrâneo agosto
Em pleno verão
Aihaiah
O sol a pino e eu faço
Uma revolução
Aihaiah

Parte um navio
Desce a maré
Vejo o céu vermelho
Tomara que estivesse a arder
E aquela rapariga
Eu já não sei o que dizer
O que fazer
O que dizer
O que fazer

Aihaiah
Mediterrâneo agosto
Em pleno verão
Aihaiah
O sol a pino e eu faço
Uma revolução
Aihaiah

Eu só te quero a ti
Eu só te quero para mim
Agosto aqui para mim
Só ter um fim
É ter-te a ti
Só para mim
Agosto aqui
Só para mim


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

paz



paz

flauta no meio do deserto
em busca do que não está
tão longe do caminho certo
corro atrás do que não há
 
lamento de lágrimas perdidas
arrastadas pelo abandonar
as minhas mãos estão feridas
do querer do que não quer ficar

cansada ela cai lúgubre
a minha cabeça pendente
grita o silêncio fúnebre
cantando o que não sente

paz pousa nos meus olhos cerrados
dentro de uma bola de sabão
endireita os meus ombros cansados
chora-me uma bela canção

se tu na miragem não existires
paro e não te busco mais
longe do meu trilho se insistires
vai e não voltes jamais


Inkheart


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Lou Donaldson e José Duarte em 5 minutos


Na altura em que escrevi sobre os 5 minutos de jazz, não sabia quem era o músico, nem o nome do tema do spot dos 5.

Uma pesquisa fácil na net e descobri o nome do seu "criminoso" - Lou Donaldson e qual o nome da "arma" que usava - Lou's Blues - para me prender no carro durante mais ou menos cinco minutos, mesmo que já tivesse chegado ao meu destino.

A seguir a José Duarte, Lou Donaldson, um saxofonista alto de origem norte-americana, actualmente com 88 anos, é a cara e o nome mais conhecido dos 5.
É ele quem abre e fecha, de segunda a sexta, por volta 22.50, a rubrica mais antiga em emissão da rádio portuguesa: os 5 minutos de jazz.


Enjoy :)





terça-feira, 4 de agosto de 2015

Platero e Eu



Platero e Eu.
Ou como a vida devia ser. Simples, ingénua, bonita, doce e colorida.

O paciente burrito Platero é o confidente do seu dono. Através de Platero. a vida dele e do seu dono, desdobra-se à frente dos nosso olhos.
As crianças e as suas brincadeiras, a cadela Diana, o canário asmático que morre, as cores das flores, borboletas, os pastos, os aromas, o sol e a lua.
Os dois sobem colinas, passam por trilhos, pelas árvores. pelas suas sombras e vão cruzando as estações do ano, enquanto filosofam com a sabedoria dos inocentes, sobre a vida, a morte, a beleza, a doença.


No fim, Platero morre. E há um vazio dentro de nós. Um choque.
Aquele burrito tornou-se parte de nós. Tornou-se igualmente o nosso confidente e amigo.
O seu dono dá-lhe um lugar num paraíso imaginado. Platero fica entre flores, como tinha passado toda a sua vida.

"Platero, haverá um paraíso de pássaros?"

É fácil apaixonar-nos por este livro. Pela sua simplicidade. Um pouco melancólico, com um traço de uma ligeira tristeza. Mas muito longe de ser um ou o outro.
Está repleto de ternura, de doçura. Está cheio de algodão.

É um livro de poesia escrito em prosa.
Cada poema, cada relato, cada capítulo é independente um do outro.
Mas não deve ser lido de rajada, de uma só vez como um livro normal. Tem que ser lido e saboreado.  Uns capítulos hoje, uns capítulos amanhã. É um livro gourmet.

Se os lermos com atenção. eles formam um todo, uma linha coerente. As vidas do dono e do burrito Platero estão profundamente interligadas. São extensoes um do outro.

É fácil apaixonar-nos por este livro. De nos encantar, de nos fazer querer ter um burrinho.
Há uns anos que li Platero e Eu e desde esse dia que tenho vontade ter um.
Um mirandês de olhos brilhantes, esperto, de focinho branco, orelhudo para eu poder sussurrar os meus segredos e abrir as minhas caixinhas para ele.

O autor Platero e Eu, é Juan Ramón Jiménez, um poeta espanhol. Ganhou o prémio Nobel da Literatura em 1956.
Só podia.


"Platero é pequeno, peludo, suave; tão macio, que dir-se-ia todo de algodão, que não tem ossos. Só os espelhos de azeviche dos seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro. 
Deixo-o solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o focinho, mal as roçando, as florinhas róseas, azuis-celestes e amarelas...
Chamo-o docemente: “Platero”, e ele vem até mim com um trote curto e alegre que parece rir ."