Há uma frase pelo qual tenho um especial carinho, na qual acredito e cito frequentemente que diz "num mundo de loucos só os loucos têm juízo".
Já soube quem era o seu autor mas infelizmente já não me recordo do seu nome.
Foi esta frase que mais uma vez me veio à cabeço quando ouvi no cinco minutos de jazz, a canção Colapsopira de Helena Caspurro.
Helena Caspurro iniciou a sua carreira pianística na música clássica e erudita bem cedo, aos dez anos. Entrou no mundo de jazz relativamente tarde quando já era professora e já não se revia completamente no que fazia.
Ela compõe, escreve, toca e canta as suas próprias canções, dá aulas na Universidade de Aveiro e pelo meio tirou o curso de filosofia na Faculdade de Letras do Porto.
Helena descreve o seu segundo álbum - Colapsopira - como um "nome criado para definir um estado de loucura. Um estado passional em que a razão pura simplesmente vai-se embora e vem justamente da ideia de colapso em que nós colapsamos." Mais à frente nessa explicação acrescenta que Pira não vem de dióspiro mas sim de pirar, de nos passarmos da cabeça, de darmos em malucos, acrescentaria eu.
A loucura não tem que ser sempre um estado de insanidade mental, pelo contrário. Pode ser um sinal de sensatez, de qualidade de vida.
Quando o termos que ser meninas e meninos bonitos e bem comportados se torna cansativo, nos exaure, nos esgota, então temos que quebrar regras. Temos que ser loucos ou tornarmos loucos para nos mantermos sensatos.
Fazer aquilo que usualmente não fazemos, para que interiormente nos possamos sentir normais de novo. Um extravasar de energia. Uma transformação interior.
Num grande livro do escritor norte-americano de ficção científica, Philip K. Dick, chamado Os Clãs da Lua de Alfa, um livro que aborda e reflecte sobre o tema da loucura vs sanidade, diz-nos que na essência os loucos são loucos porque estão em minoria relativamente aos que estabelecem as regras de conduta da sociedade.
Mas numa sociedade em que são os loucos que estão em maior número e são estes que estabelecem as regras, então de que lado estará a loucura???
Sabermos ter, equilibradamente, um pé em cada um destes mundos, pessoalmente é um sinal suplementar de sanidade.
Um bom de fim de semana cheio de quás-quás-quás ;)