A Bélgica bate hoje o recorde mundial de 249 dias sem formar governo.
Até agora o recorde pertencia ao... Iraque.
Desde as eleições legislativas de Junho de 2010 que a Bélgica não tem governo.
Com duas grandes regiões - Flandres e Valónia - a dividirem entre si o país, o acordo para formar governo tem sido impossível.
Apesar dos separatistas da Flandres (Nova Aliança Flamenga) terem ganho as eleições, necessitam do apoio dos socialistas da Valónia. Estes ainda não o concederam, resultando num impasse político até ao momento ainda não resolvido.
Mas na Bélgica há quem comemore o recorde mundial batido, convocando uma manifestação a que chamaram "Revolução das Batatas Fritas", símbolo gastronómico do país.
No entanto a obtenção de um acordo talvez já esteja próxima, porque entre as mulheres já se fala numa greve de sexo enquanto este não for obtido...
Consta que a receita da bebida mais conhecida do mundo foi desvendada.
Apesar da marca ter desmentido a veracidade da receita, para quem estiver interessado em supostamente desvendar os segredos do sabor da mítica Coca-Cola, pode ler aqui a receita inventada por John Pemberton em 1885.
Conteúdo e apresentação da informação, formato ao estilo das revistas e qualidade gráfica das suas capas foram os principais factores para a conquista do prémio.
Esta foi a fotografia que ganhou o concurso World Press Photo (WPP) deste ano.
A jovem afegã Bibi Aisha com 18 anos foi mutilada pelo seu próprio marido com a autorização da lei talibã.
O seu crime terá sido o de se ter refugiado em casa de seus pais devido a maus tratos causados por ele, a quem tinha sido prometida aos 8 anos como pagamento de uma dívida que a sua família tinha.
Como consequência, o seu marido desfigurou o seu rosto, cortando-lhe o nariz e as orelhas.
Esta fotografia foi considerada como uma bandeira contra a violência sobre as mulheres por David Burnett, presidente do júri do WPP.
A violência sobre as mulheres não é de todo justificável. Nem que se invoque questões culturais ou religiosas. Será sempre uma barbárie. O que sucedeu a Bibi Aisha é um caso flagrante e chocante dessa mesma barbárie.
Mas qual o mérito desta fotografia? Alertar para a violência sobre as mulheres ou para o choque da desfiguração e profanação de um rosto bonito?
E se tivesse sido uma fotografia de uma mulher com dentes podres, saídos, de olhos grandes quase a saírem das órbitas e peladas na cabeça, mas igualmente desfigurada? Teria ganho este concurso?
Seria igualmente uma bandeira contra violência das mulheres? Duvido.
Após a mutilação, Aisha foi abandonada na rua. Mas foi encontrada por civis que faziam trabalho humanitário que a entregaram ao exército norte-americano.
A fotógrafa Jodi Bieber fotografou-a e foi através dessa fotografia que a ONG Grossman Burn Foundation (apoio a queimados) a levou para o EUA e pagou-lhe a prótese do nariz assim como as respectivas cirurgias reconstrutivas. Vive agora no Bronx. Um final feliz para Aisha.
Biutiful é um filme que faz a apologia da desgraça.
Iñarritu não se coíbe de juntar todas as desgraças que se lembrou num único filme. Senão vejamos.
Uxbal (Javier Bardem) tem um cancro da próstata que lhe dá poucos meses de vida.
É traficante de droga e tem um negócio com mão-de-obra chinesa importada ilegalmente. Num momento de humanidade para com estas pessoas que dormem numa cave fria resolve aquecê-los com aquecedores defeituosos. Mata-os todos menos um.
Tem a custódia dos seus dois filhos. Vivem numa casa suja e claustrofóbica. A sua mulher sofre de bipolaridade, bebe, abusa dos filhos e anda metida com o irmão.
E ainda vê e fala com os mortos.
Pelo meio, existe um casal gay que acaba mal, polícias corruptos e uma família que é separada pela deportação para o Senegal do elemento masculino.
Até Barcelona, local onde se situa acção, está irreconhecível. Iñarritu mostra o lado B desta bela cidade. Suja, labiríntica, pobre e miserável. Marginal.
Certamente quem não a conhece, não ficará com vontade de a conhecer.
Mas Biutiful está muito bem filmado. Tem uma atmosfera pesada, crua e sufocante. Consentânea com a história e a envolvência da vida de Uxbal.
É uma história bem filmada, mas um tudo nada mal contada. Não consegue cativar, nem prender a atenção de quem a vê.
No final do filme não há grande justificação para toda esta desgraça. Não há uma moral, não há uma lição. Falta-lhe uma conclusão lógica que encerre e torne coerente toda a negatividade do filme.
Fica a clara sensação que foi injustificadamente desgraça a mais, para mais de duas horas de filme.
Para um grande fã dos três filmes anteriores de Iñarritu - Amor Cão (Amores Perros), 21 Gramas e Babel - este Biutiful sabe a pouco.