domingo, 13 de fevereiro de 2011

Grande Ecrã - Biutiful



Biutiful é um filme que faz a apologia da desgraça.
Iñarritu não se coíbe de juntar todas as desgraças que se lembrou num único filme. Senão vejamos.

Uxbal  (Javier Bardem) tem um cancro da próstata que lhe dá poucos meses de vida.
É traficante de droga e tem um negócio com mão-de-obra chinesa importada ilegalmente. Num momento de humanidade para com estas pessoas que dormem numa cave fria resolve aquecê-los com aquecedores defeituosos. Mata-os todos menos um.
Tem a custódia dos seus dois filhos. Vivem numa casa suja e claustrofóbica. A sua mulher sofre de bipolaridade, bebe, abusa dos filhos e anda metida com o irmão.
E ainda vê e fala com os mortos.

Pelo meio, existe um casal gay que acaba mal, polícias corruptos e uma família que é separada pela deportação para o Senegal do elemento masculino.
Até Barcelona, local onde se situa acção, está  irreconhecível. Iñarritu mostra o lado B desta bela cidade. Suja, labiríntica, pobre e miserável. Marginal.
Certamente quem não a conhece, não ficará com vontade de a conhecer.

Mas Biutiful está muito bem filmado. Tem uma atmosfera pesada, crua e sufocante. Consentânea com a história e a envolvência da vida de Uxbal.
É uma história bem filmada, mas um tudo nada mal contada. Não consegue cativar, nem prender a atenção de quem a vê.

No final do filme não há grande justificação para toda esta desgraça. Não há uma moral, não há uma lição. Falta-lhe uma conclusão lógica que encerre e torne coerente toda a negatividade do filme.
Fica a clara sensação que foi injustificadamente desgraça a mais, para mais de duas horas de filme.
Para um grande fã dos três filmes anteriores de Iñarritu - Amor Cão (Amores Perros), 21 Gramas e Babel - este Biutiful sabe a pouco.


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