sábado, 19 de maio de 2012

uma música para o fim de semana - Bernardo Sasseti


A propósito da morte de Bernardo Sasseti, coloquei na altura, um breve post no FB com o extraordinário tema Noite composto para a banda sonora do filme Alice do realizador português Marco Martins.

A acompanhar o post tinha uma pequena frase tirada da canção 125 Azul de Luís Represas que dizia "Deus leva os que ama".
Tive um comentário que acrescentava - Deus é egoista.
Sorri quando o li e coloquei um like sincero.


Mas é verdade. No fim, como Deus (admitindo que ele existe) nos ama a todos, acabamos todos por ser levados por Ele.
Portanto ter-nos levado Bernardo Sasseti aos 41 anos, foi no mínimo uma decisão apressada e como tal egoista. Ele podia-nos ter deixado ficar com o Bernardo mais uns anitos razoáveis.

Nesse dia ou talvez no dia seguinte e ainda a propósito desse post no FB recebi, também via FB uma sugestão para ouvir Da Noite ao Silêncio, a faixa que encerra o álbum Ascent de Sasseti.

Sabia que este álbum existia na sua carreira mas não o conhecia de todo.
Quando ouvi este tema pela primeira vez, foi amor à primeira vista. Tal como Noite, deixei-me abraçar por este tema.
É lento, elegante, está repassado de melancolia, de uma certa tristeza, e solidão mas acima de tudo é um tema lindo, lindo.

Sempre pensei que a tristeza não tem que ser feia. Apenas porque algo é triste não tem que ser posto de lado, rejeitado e afastado dos nossos corações.
Tudo o que surge inspirado pela tristeza ou que invoca este sentimento é usualmente bonito ou até muito belo.

Da Noite ao Silêncio prova isso mesmo, que a tristeza pode ser muito bela.
Prova igualmente que Deus, continuando a admitir que existe, foi realmente egoista ao levar Bernardo Sasseti tão cedo para longe de nós.
Enfim, ninguém é perfeito.




quarta-feira, 16 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

de regresso


Após quinze dias incríveis a viajar pelo Vietname, vejo à chegada que o mundo está um pouco melhor, que Portugal viu o verniz da civilização estalar, está mais resignado e bastante mais pobre e triste.

O mundo está um pouco melhor pela vitória de Hollande nas presidenciais francesas. Torcia por ele. Alguém a pensar diferente do rebanho, mesmo que utopicamente, é sempre positivo.
No fim tudo irá ficar na mesma. As ideias de Hollande serão trucidadas pela voragem da austeridade imposta pela neo nazi Merkel que é quem contribui com as massas para a Europa e que os seus vassalos obedientemente seguem.
Não ter que olhar e ouvir e olhar o palhacito Sarkozy é um alivio.

Não há dúvida que em tempos de crise, o verniz da civilização estala rapidamente e a dignidade desaparece. Quando apanhei wi fi num hotel algures no Vietname, soube dos disturbios e até pilhagens que tinham acontecido em Portugal devido à promoção do Pingo Doce. Não fiquei surpreendido. Quando há grandes necessidades e se tem a ganância por parceira, os brandos costumes perdem-se.
Não estou contra a promoção, parece até que é possível que venham a haver mais, mas o Pingo Doce podia ter feito a coisa com mais classe.

Deu também para perceber que somos cada vez menos um país de indignados e cada vez mais de resignados. O movimentos dos indignados enfraqueceu fortemente passado um ano. Sinais que a esperança está mais longínqua e a esvair-se. Quem reclama, acredita...

Mais uma vez o Benfica perdeu o campeonato. Esta chateou-me. Porque Jorge Jesus perdeu o campeonato de futebol para um cepo como o Vitor Pereira e isso só o torna um cepo ainda maior. Nada mais a dizer.

Portugal está mais pobre e eu mais triste pela morte de Bernardo Sasseti.
A par de Sequeira Costa e António Pinho Vargas, Bernardo Sasseti é e será sempre para mim um dos grandes senhores do piano nacional.
Conheço pouco da sua vida pessoal, mas conheço alguma coisa do seu percurso musical.
Dele, há para mim uma peça escrita por si que pessoalmente traduz a excelência do músico que era, chama-se Noite e foi composta em 2005 para o filme Alice de Carlos Martins.
Até sempre Bernardo.