sábado, 16 de janeiro de 2016

uma música para o fim de semana - David Bowie


"Olhem para cima, estou no céu!
Tenho cicatrizes que não podem ser vistas
Tenho o drama que não pode ser roubado"
Todos me conhecem agora.
Olhem para cima, estou em perigo"


Blackstar, Lazarus


A morte é mais poderosa que a vida. Consegue corrigir as injustiças e as pontas soltas que a vida é incapaz de resolver.
Talvez nem tanto no que diz respeito a David Bowie. Mas foi necessária a sua morte para que Blackstar se tornasse o seu primeiro álbum a entrar para o número 1 do top americano e que com uma semana no youtube tivesse mais de um milhões de visualizações.

Blackstar, o vigésimo quinto álbum de David Bowie, foi lançado exactamente no mesmo dia em que o Camaleão fazia 69 anos - 08.01.16. Dois dias depois o cantor morria.
É sombrio, melancólico, de difícil acesso, que não se desvenda à primeira.

Bowie foi fiel à morte como foi à vida. Blackstar é um trabalho de natureza experimental, foi para além dos formatos tradicionais da música, planeou e encenou uma personagem, deu-lhe quarenta minutos de vida em sete faixas fortemente laivadas num jazz pouco convencional e reconhecível, viu que o trabalho estava bem feito e partiu.

Lazarus, a terceira faixa de Blackstar, na mitologia cristão é um homem que estando morto, Jesus Cristo ao apor as suas mãos sobre ele e este ressuscita e volta a andar.
É possível fosse isto que no fundo David Bowie desejasse. mas ao ler a letra de Lazurus, percebemos que essa esperança, esse desejo não existe.
Quem prestar atenção aos últimos segundos do clip confirma que não existe essa esperança, quando Bowie, andando para trás e com um olhar transtornado entra no armário escuro e fecha a porta.

Blackstar é um requiem, uma missa fúnebre, escrita, tocada e cantada em vida por David Bowie para celebrar a sua morte e, simultaneamente são as suas "famous last words" para nós as lermos, as vezes que quisermos.
Para muitos, incluindo o The Guardian que lhe deu 5 estrelas, é o melhor álbum de sempre da carreira do músico. O último...
E Lazarus é um triste mas fantástico epitáfio.


Para concluir. Para os que como Andrea Natella que estão revoltados com a morte de David Bowie, podem assinar a petição que pede a Deus a sua volta - Say no to David Bowie dead.
Por experiência própria, sei que Deus é um tipo muito teimoso e surdo, mas podem sempre tentar. Mais de 10500 já o fizeram e aos 15000 a petição fecha. Por essa altura Deus já deve estar convencido.
Afinal se pensarmos bem, Elvis ainda vive...


Bom fim de semana :)




Look up here, I'm in Heaven! 
I've got scars that can't be seen 
I've got drama, can't be stolen, 

Everybody knows me now 
Look up here, man, I'm in danger! 
I've got nothing left to lose

 I'm so high, it makes my brain whirl 
Dropped my cellphone down below 
Ain't that just like me?! 

By the time I got to New York 
I was living like a king 
Then I used up all my money 

I was looking for your ass 
This way or no way 
You know I'll be free

 Just like that bluebird 
Now, ain't that just like me? 
Oh, I'll be free 

Just like that bluebird 
Oh, I'll be free 
Ain't that just like me?



terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Camaleão



Era misterioso. Gostava de cultivar essa imagem. E pegou.
Chamavam-lhe Camaleão por causa disso mesmo, pela capacidade de se reinventar.
Não andava muito longe de Fernando Pessoa na concepção das suas personagens, dos seus heterónimos, quase sempre andróginos.

Tal como o poeta das letras, o poeta das letras musicadas, precisa de exteriorizar a sua imensa biodiversidade interior para sobreviver, para não ser sufocado pelo seu denso interior, David Bowie teatralizou a sua música e ele próprio.

Neste domingo, 10 de Janeiro, David Bowie morreu após uma luta de dezoito meses contra o cancro.
Até a sua morte parece ter sido preparada, encenada e teatralizada. Foi fiel a si próprio, à sua vida.
Ninguém soube o que se estava a passar, qual o seu estado de saúde.
A morte ocorreu, dois dias depois de fazer 69 anos - 08.01.16 - e também dois dias depois de ter lançado o seu último e derradeiro trabalho - Blackstar - que foi realizado praticamente em segredo e sem divulgação.
Foi o seu legado, o seu presente de despedida para o mundo.


Entre as personagens em que Bowie se multiplicou, o andrógino Ziggy Stardust é a mais fascinante, Pierrot, a minha preferida, e o astronauta Major Tom a que mais admiro musicalmente.

E é Major Tom que surge em Space Oddity, tema homónimo do álbum lançado a 4 de Novembro de 1969, mas lançado como single em Julho desse ano.
Propositadamente para que no ano de chegada do homem à lua, a BBBC pudesse usar esta canção como o hino a celebrar este acontecimento.

É uma das minhas canções preferidas do Camaleão.





Ground Control to Major Tom
Ground Control to Major Tom
Take your protein pills and put your helmet on
Ground Control to Major Tom (Ten, Nine, Eight, Seven, Six)
Commencing countdown, engines on (Five, Four, Three)
Check ignition and may God's love be with you (Two, One, Liftoff)

This is Ground Control to Major Tom
You've really made the grade
And the papers want to know whose shirts you wear
Now it's time to leave the capsule if you dare
"This is Major Tom to Ground Control
I'm stepping through the door
And I'm floating in the most peculiar way
And the stars look very different today
For here am I sitting in my tin can
Far above the world
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do

Though I'm past one hundred thousand miles
I'm feeling very still
And I think my spaceship knows which way to go
Tell my wife I love her very much, she knows
Ground Control to Major Tom
Your circuit's dead, there's something wrong
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear me, Major Tom?
Can you hear And I'm floating around my tin can
Far above the Moon
Planet Earth is blue
And there's nothing I can do.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

série "estatísticas da vida" - CLX



Em equilíbrio precário, só o necessário para que um ligeiro toque do próximo a chegar, faça sacudir a água do capote...