sábado, 21 de julho de 2012

uma música para o fim de semana - Virgem Suta


Nuno Figueiredo foi estudar matemática e ciências para Beja. Lá conheceu Jorge Benvinda, um alentejano que estava a tirar o curso de assistente social.
Conheceram-se porque as respectivas namoradas partilhavam a mesma casa e descobriram que ambos gostavam de música.
Com mais uns amigos formaram uma banda de garagem. Quando decidiram um dia participar num concurso de música em Vila Nova de Gaia, os amigos roeram a corda e foram os dois.
E nasceram os Virgem Suta.

Virgem da parte do Nuno, de carácter introspectivo, simples e ingénuo e Suta (termo que designa alguém que bebe muito) da parte do Jorge, boémio, extrovertido e exuberante.

Em 2009 editaram o seu primeiro álbum homónimo e em 2012 e viram o seu segundo trabalho Doce Lar lançado para o grande público.
Doce Lar, rompe um pouco com as sonoridades mais tradicionais do primeiro. Surge mais electrificado, mais energético e com as letras mais incisivas.

Pessoalmente prefiro a "calma alentejana" da música e letras do primeiro e para este fim de semana recupero o grande sucesso de há três anos dos Virgem Suta - Linhas Cruzadas.

Nesta versão, Manuela Azevedo dos Clã acrescenta a sua (excelente) voz ao duo bejense.
O vídeo foi integralmente gravado no Alentejo, na Herdade da Malhadinha, perto de Beja.


E falas de ti
e falas do tempo
prolongas o momento
com um simples cumprimentar
falas do dia
falas da noite
nem sei que responda
perdido no teu olhar...


Bom fim de semana :)





sexta-feira, 20 de julho de 2012

José Hermano Saraiva (1919 - 2012)


Não sou um grande admirador de José Hermano Saraiva.
Creio que ele conseguiu a notoriedade um pouco pela sua característica gestualidade e por ter sido talvez o primeiro historiador português a ter impacto umediático.
De qualquer maneira é sem dúvida uma figura referência da cultura portuguesa e um comunicador e divulgador por excelência.

Nasceu em Leiria a 3 de Outubro de 1919. Foi historiador, professor, escritor, embaixador no Brasil e ministro da educação no Estado Novo.

Graças a José Hermano Saraiva ficámos, todos nós, um pouco menos ignorantes.

Morreu hoje com 92 anos.




segunda-feira, 16 de julho de 2012

Night Song - entre um pôr e um nascer do sol





Sou uma pessoa que gosta das sombras, que gosta dos dias coloridos a cinzento por nuvens que anunciam a chuva e das manhãs e fins de dia em que o nevoeiro embrulha a alma e aconchega o corpo, como as labaredas de uma lareira nos dias gelados do inverno transmontano.

Sou dos que defendem que um dia de chuva não tem que ser feio e detestável.
E para mim tem mais encanto a luz que cai após o final do dia, anunciando o crepúsculo, que aquela que se levanta com a aurora no início da promessa do novo dia.

E tudo isto porquê? Porque exactamente há um ano atrás, num dia que não esqueço mas que não celebro, fui escolhido por um cd que é tudo isto.
Escolheu-me porque olhei para este cd que não conhecia, cujos músicos nunca tinha ouvido falar e cuja música não ouvi previamente e... comprei-o.
Ouvi-o pela primeiríssima vez em minha casa, sabendo perfeitamente que não me ia desapontar. E não.
Night Song da etiqueta alemã ECM, é dos cds mais incríveis que alguma vez entrou pela minha casa dentro.

Dois instrumentos. Um piano (Ketil Bjornstad) e um violoncelo (Svante Henryson) dialogam entre si em plena sintonia. Tal como dois irmãos gémeos que sabem intuitivamente o que o outro vai dizer e se completam palavra a palavra, vestindo-se a condizer. Não tem notas a mais e não tem notas a menos. Perfeito.

Night Song deve ser ouvido entre um pôr e um nascer do sol. Não faz sentido ouvi-lo à luz do dia. Assim não funciona, mas é perfeito para a luz adormecida entre dois dias. É para ser ouvido sem pressas, é para ser degustado. Uma iguaria de sabores delicados para os ouvidos.
É melancólico e atmosférico. Flutua-se quando se ouve. É um álbum de sombras mas não de escuridão.
Invoca a Saudade mas não entristece. É suave como veludo.

Há um ano comprei Night Song porque ele pediu-me para o comprar.
E encontrei magia lá dentro.






série "estatísticas da vida" - I


A ideia ao começar esta série é através de gráficos, brincar, mas muitas vezes a sério e também muito subtilmente, com a estatísticas de pequenos gestos e pormenores do nosso dia a dia.