segunda-feira, 16 de julho de 2012

Night Song - entre um pôr e um nascer do sol





Sou uma pessoa que gosta das sombras, que gosta dos dias coloridos a cinzento por nuvens que anunciam a chuva e das manhãs e fins de dia em que o nevoeiro embrulha a alma e aconchega o corpo, como as labaredas de uma lareira nos dias gelados do inverno transmontano.

Sou dos que defendem que um dia de chuva não tem que ser feio e detestável.
E para mim tem mais encanto a luz que cai após o final do dia, anunciando o crepúsculo, que aquela que se levanta com a aurora no início da promessa do novo dia.

E tudo isto porquê? Porque exactamente há um ano atrás, num dia que não esqueço mas que não celebro, fui escolhido por um cd que é tudo isto.
Escolheu-me porque olhei para este cd que não conhecia, cujos músicos nunca tinha ouvido falar e cuja música não ouvi previamente e... comprei-o.
Ouvi-o pela primeiríssima vez em minha casa, sabendo perfeitamente que não me ia desapontar. E não.
Night Song da etiqueta alemã ECM, é dos cds mais incríveis que alguma vez entrou pela minha casa dentro.

Dois instrumentos. Um piano (Ketil Bjornstad) e um violoncelo (Svante Henryson) dialogam entre si em plena sintonia. Tal como dois irmãos gémeos que sabem intuitivamente o que o outro vai dizer e se completam palavra a palavra, vestindo-se a condizer. Não tem notas a mais e não tem notas a menos. Perfeito.

Night Song deve ser ouvido entre um pôr e um nascer do sol. Não faz sentido ouvi-lo à luz do dia. Assim não funciona, mas é perfeito para a luz adormecida entre dois dias. É para ser ouvido sem pressas, é para ser degustado. Uma iguaria de sabores delicados para os ouvidos.
É melancólico e atmosférico. Flutua-se quando se ouve. É um álbum de sombras mas não de escuridão.
Invoca a Saudade mas não entristece. É suave como veludo.

Há um ano comprei Night Song porque ele pediu-me para o comprar.
E encontrei magia lá dentro.






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