sábado, 16 de abril de 2016

uma música para o fim de semana - Pensão Flor


Escreve  Nuno Camarneiro na introdução à Pensão Flor, a tal que ninguém sabe onde fica:

Façam favor, podem pousar as malas, vou só precisar de uma identificação. Não podemos facilitar, nunca facilitar. Como daquela vez... parecia... tão mulher... e afinal... queiram desculpar, são histórias... são histórias...
O elevador nem sempre funciona, deve ser do frio, ou da idade, nem eu às vezes... funciono.
As paredes deixam passar os gritos, mas não as vozes. As janelas não abrem desde o dia... desde um dia triste.
Sejam bem-vindos à Pensão Flor, meus senhores, onde é noite todas as noites."



A voz de Vânia tece sobre nós um ninho de fios de algodão de puro branco. Deitamo-nos nele, fechamos os olhos e somos capazes de ficar por aqui quase uma eternidade. É uma voz aconchegante e doce, mas não açucarada e melosa.
E depois temos aquilo que rodeia a Vânia, o nosso ninho, as paisagens sonoras que o rodeiam. Elas são calmas, bonitas mas variadas, acrescentando serenidade ao alvo algodão.
Esta serenidade provem de todo a banda musical estar quase totalmente, suportada em cordas: cavaquinho, guitarra portuguesa, guitarra clássica, viola fado e contrabaixo, laivada com as sonoridades do piano e acordeão.

Pensão Flor é um somatório muito feliz de um conjunto muito saudável de raízes ancoradas na música tradicional portuguesa, fado e world music.
Há uma certa audácia pacata na música que fazem e um conquistar do público que se faz de pé ante pé.
Na Volta de Um Beijo, o segundo tema do alinhamento de do álbum de estreia de 2013 dos conimbricenses, Pensão Flor, de nome O Caso da Pensão Flor, o que mais chama a atenção, é a maneira como a elegante e bem timbrada voz da Vânia é harmoniosamente completada e enquadrada, pelas cordas do grupo.

A letra nostálgica, não separar a letra da voz, canta a história da solidão, o par incompleto, a perda do eu e do tu e da luta e esperança para encontrar o par perdido.

Este fim de semana, será mais um de chuva. Na Volta de Um Beijo, consegue aquilo que raramente se vê, e quando se vê, não dá bom resultado: agradar a gregos e troianos.

Para os que gostam de chuva, a música serena e algo nostálgica, são o acompanhamento perfeito do sons molhados que caiem lá fora. Para os que rezam para que um dia o sol final se levante da sua cama de nuvens cinzentas carregadas, as suavemente coloridas notas musicais de a Volta de Um Beijo, contrastam com o cinzentismo dos dias que correm.


Bom fim de semana :)




Ao meio do quarto uma rosa cai no chão
Ao fundo do peito uma letra sem canção
Ao canto da sala guitarras sem bordão
Lá fora no meu peito andas tu e o meu perdão

Sentada cá dentro olho a cruz está sem perdão
Cai-me a jarra das mãos, cai-me a rosa de paixão
Fechaste o teu peito levaste-me o coração
Agora andas tu lá fora sozinho sem paixão

Chora, chora e a mim que se me dá
Chora, chora e a mim que se me dá

Eu hei-de ir à romaria pedir a nossa senhora
Que me traga o meu amor que anda pelo mundo fora
E assim vê-lo na volta, na volta de um beijo
Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo

Eu hei-de vê-lo na volta, na volta de um beijo


sexta-feira, 15 de abril de 2016

alma, triste menina


alma, minha triste menina

alma, minha triste menina
inquieta no meu coração
nas minhas mãos germina,
terra
gretada sem salvação

na noite de cristal
fechada na caixa dos prantos
voa frágil e fatal
cair
em sombrios encantos

choro a pouco e pouco
no lenço a lágrima quebrada
mergulha no fundo poço
cheio
da loucura inacabada

é assim tua sorte
minha alma desconhecida
perdida na minha morte

e adormecida.


Inkheart








quarta-feira, 13 de abril de 2016

Es-pe-ta-cu-lar!!!



Acredito que haja uma boa probabilidade de isto não vir a acontecer, de serem meras palavras de pólvora seca, mas vindo da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, ganham algum peso, alguma esperança.


Num debate promovido pelo PAN (Pessoas Animais e Natureza) a propósito da conferência sobre a lei de criminalização de maus tratos a animais, a actual ministra da Justiça, apoiou a mudança da qualificação jurídica dos animais.
De estes deixarem de ser, perante a actual lei, uma coisa, obtendo-se uma classificação “entre uma coisa e um ser humano, que é onde se situam os animais”.

Continuou:

“É comum reconhecermos que muitos animais são dotados de uma vida mental consciente. Sentem prazer e sentem dor. Têm diversos tipos de experiências sensoriais, são capazes de sentir medo, ter fúria ou alegria, agem segundo memória, desejos e intenções”, disse ainda Francisca Van Dunem na conferência.

A ministra terminou com uma citação do filósofo moral e do direito Jeremy Bentham: “Não importa se [os animais] são incapazes ou não de pensar, o que importa é que são efetivamente capazes de sofrer”.



Só uns calhaus com olhos é que podem assumir o contrário. E estou particularmente a pensar nos grunhos dos toureiros. Essas coisas que envergonham um país inteiro ao defender a barbárie das touradas.


Há esperança!! :))))))


o Beijo de Bracusi


O Beijo do escultor romeno Constantin Bracusi foi criado inicialmente em 1908, e até 1916, esta escultura teria várias modificações.
Tem influências cubistas, mas as texturas da pedra, a forma das duas imagens evocam claramente a cultura africana.

A escultura representa um homem e uma mulher fisicamente separados, mas unidas pelo beijo e pelo abraço que eterniza o beijo dos dois. A separação das duas figuras não é possível.

A par de o Beijo de Rodin, é uma das esculturas mais icónicas e reconhecidas sobre o acto de beijar.
Quando vi esta escultura pela primeira vez, pensei que ela tinha pelo menos um par de milhares de anos...
Afinal tem pouco mais de uma centena deles.

Mas é uma representação adequada do mundial do Beijo que se celebra hoje.




terça-feira, 12 de abril de 2016