quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

uma canção por Zeca Afonso

Zeca Afonso compõe em Maio de 1964 a mítica a canção "Grândola, Vila Morena".
Entraria para história de Portugal ao ser a segunda de duas canções escolhidas para despoletar o 25 de Abril de 1974.
Veria a luz do dia, sete anos depois no Natal de 1971, quando é lançado o álbum Cantigas de Maio.

Juntamente com "Grândola, Vila Morena", faziam parte deste álbum, entre outros, temas como "Cantigas do Maio", "Maio Maduro Maio" e o "Senhor Arcanjo".
É considerado, e bem diria eu, o melhor álbum de Zeca Afonso.

Zeca Afonso morreu há 24 anos, a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, vítima de esclerose lateral amiotrófica, com 57 anos.

Pessoalmente prefiro Maio Maduro Maio, mas aqui fica a Grândola, Vila Morena cantada pelo próprio Zeca Afonso (e amigos), já fragilizado pela doença que o iria matar, num concerto dado a 29 de Janeiro de 1983 no Coliseu dos Recreios.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Grande Ecrã - O Discurso do Rei

O Discurso do Rei começa muito bem, com um dos melhores momentos do filme.

O Duque de York, tenso e receoso, sobe as escadas de rosto fechado, sabendo que no fim delas teria que enfrentar o "monstro", o microfone que o esmaga e domina. Ele sabe que vai ter que discursar.

Uma longa hesitação, lábios que se mexem mas sem palavras e quando estas finalmente saem, o resultado é desastroso. Percebemos então que o Duque gagueja. E muito.

É na abordagem à gaguez que atormenta o futuro Rei George VI, que Colin Firth impressiona. É absolutamente convincente na sua gaguez.
Mas será só aqui que Colin Firth impressiona.
No restante, esta actor britânico é competente a compor um membro da família real, com uma postura altiva e sóbria. O que para um actor inglês não deverá ser difícil, especialmente quando é um tipo de registo que Colin Firth já teve e está habituado em filmes anteriores.

A grande mais valia do filme é definitivamente Geoffrey Rush. É ele a alma do filme. Um fantástico contraponto a Colin Firth ao desempenhar um terapeuta da fala (Lionel Logue) sem formação, pouco ortodoxo e ainda menos protocolar.
Será ele quem irá ajudar o Duque de York, Príncipe Albert, a vencer a sua crónica gaguez.
É no seu consultório que o realizador Tom Hooper consegue os momentos mais divertidos, como aquele em que Lionel põe Albert a desfilar todo o seu conhecimento em matéria de palavrões.

Tem já próximo do seu final, a outra das suas pérolas. Quando já Rei, este tem que de novo fazer um discurso.
A guerra com a Alemanha nazi torna-se inevitável e George VI tem que fazer um discurso inspirador e aglutinador do povo.
De novo tenso, aproxima-se hesitante do microfone e Lionel percebendo isso, começa a guiá-lo através do discurso. Dirige-o como se de uma orquestra se tratasse, com as mãos e com os seus lábios. Naturalmente que no final do discurso, quer a auto-estima, quer a imagem do Rei sai reforçada.

O Discurso do Rei é um filme bem "escovadinho".  É certinho. Tem um excelente guarda-roupa, personagens bem trabalhadas, bons diálogos, argumento e realização competente. Está tudo no seu sítio. Mas não arrebata e não inspira como é a sua pretensão.

Não fosse o marketing e a publicidade feita ao filme e provavelmente este seria apenas um interessante filme, um pouco acima da maioria dos que passam nas nossas salas de cinema.
As doze nomeações do filme para os óscares parecem-me exageradas. Particularmente as referentes para melhor actor principal, realizador e filme.




segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

1...2...1,2,3,4,5 minutos jazz



Gosto particularmente de jazz.
É um dos meus géneros musicais de eleição (o outro é música clássica) para acompanhar os pequenos almoços de fim de semana.
Quer estes comecem com uma manhã de sol glorioso ou com um cinzentismo impenetrável.
É versátil. É a companhia perfeita para a solidão, para apreciar uma outra bonita companhia ou uma conversa com um grupo de amigos.
Fica óptimo com um livro numa mão e uma bebida na outra.

É um animal irrequieto e meio selvagem, não pode ser domado. É colorido e multifacetado. É ágil e veloz.
Mas pode ser lento e intimista. Acolhedor e aconchegante. Renova-se e inova-se constantemente.
Foge à formatação esterotipada de género musical e é difícil para mim defini-lo.
Leva-me aonde ele quer, mas sempre com o meu consentimento.
Tanto é capaz de me atirar para as profundezas do abismo, como é capaz de elevar o meu espírito aos píncaros de uma montanha.

Para quem gosta de jazz, José Duarte e o seu 5 Minutos de Jazz serão sempre uma referência em Portugal. Pessoalmente devo bastante aos dois.
É um programa cujo objectivo é durante 5 minutos fazer a divulgação do jazz, dos seus músicos e das suas várias vertentes.
Alguns dos nomes que oiço actualmente foram-me apresentados por ele. Os incontornáveis Miles Davis e John Coltrane. Stan Getz, Ahmad Jamal, Dave Brueck e Charles Mingus tocam regularmente nas minhas manhãs de fim de semana graças a José Duarte.

Um guia, cuja voz me mostra e aponta novos caminhos do jazz e me vai apresentando novos nomes ou novas peças de velhos nomes do jazz.




Este lendário programa, o mais antigo em emissão na rádio portuguesa, faz hoje 45 anos.
Teve a sua primeira emissão a 21 de Fevereiro de 1966, na Rádio Renascença pela voz de José Duarte.
Está actualmente a ser emitido pela Antena 1 (desde 1993) de segunda a sexta, por volta das 21.55h.
É igualmente autor e apresentador da rúbrica "Jazz com Brancas" na Antena 2 que também passa de segunda a sexta por volta das 20h.

Jazzé Duarte - como gosta de ser tratado - nasceu em 23 de Junho de 1938, no Bairro Alto e tinha 28 anos quando estreou o 5 Minutos Jazz.

Informo igualmente, que 5 Minutos de Jazz é talvez o único spot de rádio que consigo cantar ao ritmo certo desde o primeiro ao último segundo. :)