sábado, 9 de junho de 2012

uma música para o fim de semana - António Zambujo





Em "uma música para o fim de semana" tento na esmagadora maioria das vezes sugerir um tema português para o fim de semana.
Uma das coisas boas dela é de estar mais atento à música portuguesa e portanto de vez em quando fazer uma descoberta que provavelmente noutras condições passaria ao lado.

António Zambujo é uma dessas descobertas. O seu trabalho mais recente chama-se Quinto, porque é o seu quinto álbum e eu não fazia a mínima ideia quem ele era e muito menos que já tinha quatro discos lançados.


Portanto quando a Antena 1 há poucos meses atrás anunciou que Quinto era disco Antena 1, fiquei atento ao álbum e ao cantor.
À medida que passava na rádio, facilmente percebi que era super agradável ouvi-lo.

É rico e diverso nas sonoridades das suas músicas e aquele distinto toque alentejano da sua voz faz toda a diferença.
De alguma maneira, a relação da sua voz e a sua sobreposição aos instrumentos fez-me lembrar as vozes do outro lado do atlântico onde também se fala português, João Gilberto e Caetano Veloso.

De Quinto escolho Flagrante para este fim de semana. Por dois motivos.
Um, porque a letra de uma maneira divertida conta uma história que é fácil de imaginar e provavelmente familiar a alguns de nós num determinado momento da vida.
O segundo motivo, porque num muito harmonioso prato musical constituído por quatro "guitarras" - guitarra clássica, guitarra portuguesa, cavaquinho e contrabaixo - o clarinete quando entra no tema confere uma (infelizmente breve) pitada de exotismo surpreendente ao tema.


Bom fim de semana :)




Bem te avisei, meu amor
Que não podia dar certo
Que era coisa de evitar

Que como eu, devias supor
Que, com gente ali tão perto
Alguém fosse reparar

Mas não!
Fizeste beicinho e,
Como numa promessa
Ficaste nua para mim

Pedaço de mau caminho
Onde é que eu tinha a cabeça
Quando te disse que sim?

Embora tenhas jurado
Discreta permanecer
Já que não estávamos sós

Ouvindo na sala ao lado
teus gemidos de prazer
Vieram saber de nós

Nem dei por o que aconteceu
Mas mais veloz e mais esperta
Só te viram de raspão

A vergonha passei eu
Diante da porta aberta
Estava de calças na mão


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