Duas deputadas socialistas, Teresa Venda e Rosário Carneiro, estão preocupadas com o facto de Portugal estar acima da média europeia relativamente ao nº de feriados, pontes e tolerâncias de ponto.
Com o objectivo de aumentar o ordenado mínimo nacional e tornar mais competitiva a nossa economia estão a propor que sejam eliminados
4 feriados (2 religiosos - Corpo de Deus e Todos os Santos e 2 civis - O 5 de Outubro e 1 de Dezembro) e que se crie um outro feriado, o 26 de Dezembro - Dia da Família.
Para além disto propõem que os feriados Terça de Carnaval, Dia do Trabalhador (1 de Maio), Dia da Liberdade (25 de Abril) e o Dia de Camões (10 de Junho) se tornem móveis e sejam encostados aos dias úteis mais próximos do fim de semana, segunda ou sexta para diminuir o nº de pontes.
Tudo isto somado e segundo estas deputadas permitiria aumentar o PIB nacional em cerca de 1%.
Isto dá que pensar.
O facto de encostar os feriados móveis ao fim de semana parece-me bem uma vez que cria fins de semana prolongados e portanto mais úteis em termos de descanso e usufruto familiar.
Mas não os mencionados, uma vez que tirando a Terça de Carnaval todos os restantes são fixos.
Se o argumento utilizado é o de diminuir as pontes, considero este falacioso, uma vez que no sector privado estas são deduzidas das férias do trabalhador e portanto é uma decisão de cada um, no sector público cabe ao próprio governo a sua gestão assim como as tolerâncias de ponto. Sabendo de antemão que neste último caso, as tolerâncias de ponto e pontes definidas pelo governo saem do bolso dos contribuintes, por não haver troca com dias de férias.
A eliminação do 5 Outubro (implantação da República) pelo facto de neste ano se celebrar o centenário da República parecer ser uma proposta altamente fora de propósito e algo infeliz. Assim como o pretenso Dia da Família a 26 de Dezembro. Por definição o dia da família é o Natal.
Neste caso faria mais sentido propor como feriado o 24 de Dezembro.
O ganho de produtividade também se conquista com o respeito, com a motivação e justiça por quem trabalha.
Se quem trabalha sente que o esforço que despende é efectivamente aproveitado para o bem comum e para o desenvolvimento do país.
Se sente que é reconhecido, valorizado e retira igualmente dividendos (materiais ou não) do seu esforço de trabalho.
Se todo o fluxo de riqueza que o trabalho gera, flui no sentido de dar e receber.
No entanto a apetência para a produtividade é logo cortada cerce pela negação destes sentimentos, uma vez que não existe retribuição, seriedade e coerência por quem deveria dar o exemplo. Neste caso e dada a situação actual estou a falar do Estado. Uma entidade gananciosa, pouco credível e canibalizadora do esforço laboral do país.
Sem comentários:
Enviar um comentário