quarta-feira, 17 de junho de 2015

sobre ser mulher


E antes que a ira feminina se abata sobre mim ;), acrescento que isto era o que as mulheres pensavam de elas próprias há cerca de 50 anos.





Naturalmente que a mulher está bem mais consciente do seu papel. A sua auto-estima aumentou.
As suas competências aumentaram, tornou-se um elemento preponderante na gestão de uma casa, em termos do acréscimo de rendimento que traz e que facilita essa mesma gestão.
Ela é independente e faz questão de marcar essa independência.

Cargos de poder e chefia vão sendo gradualmente conquistados. As suas áreas de influência estão cada vez maiores. São cada vez mais respeitadas. São cada vez mais necessárias. São cada vez mais autónomas.
Tornaram-se mais esclarecidas, mais capazes de questionar a cultura na qual nasceram e na qual estão inseridas.

E no entanto muito falta conquistar.
Principalmente e acima de tudo, conquistar o reconhecimento, a efectiva igualdade.
Ainda continuam ser vistas como inferiores aos homens.

Nos seus salários, no não reconhecimento da importância das tarefas domésticas. A negação da sua plena participação nas principais religiões. Os entraves que lhes são colocados à maternidade, a conciliação entre carreira profissional e maternidade. Uma dualidade pela qual a mulher paga um preço bastante alto.
A pressão social é imensa quando a mulher quer assumir a maternidade sem querer abdicar, sem que isso implique a evolução ou consolidação da sua carreira profissional.

É sobre elas que incidem os maiores abusos físicos e psicológicos.
A falta de protecção efectiva da mulher quando esta reporta que foi assediada, violada, ameaçada de violação ou ainda alvo de violência doméstica.


Apesar de serem as mulheres que estatisticamente têm maior preponderância no mundo universitário, é também sobre elas que incide a maior taxa de analfabetização.

Quando a mulher entra no mercado de trabalho, começam as desigualdades salariais, os assédios sexuais, a tentativa de subalternização, a sua desvalorização.
Com a entrada e o avanço das tecnologias no mundo laboral esbatem-se as diferenças físicas entre homens e mulheres. A tecnologia é um elemento igualizador que o homem não estava a contar.
A diferenciação passa ser maioritariamente intelectual. Um campo onde a mulher bate-se de igual para igual.

A detenção do poder masculino sobre a fragilidade, sobre a menorização da mulher está e fica enfraquecido.
É com a entrada de mulher no mercado de trabalho que a violência doméstica ganha maior expressão e vergonha.
O homem sente-se contestado no seu poder, na superioridade masculina. Ela sai da sua dependência. Tem mais vontade própria, é menos submissa, subserviente, tornando-se mais difícil de ser controlada.

O controlo que (re)ganhou sobre o seu corpo, quer a nível fisiológico com o advento da pílula, quer a nível da sua imagem, com a moda e publicidade, e portanto a sua independência enquanto mulher. Independência é a palavra-chave sempre que o tema é a mulher.


Pessoalmente acredito que o grande problema da mulher é também o seu maior trunfo. A sua feminilidade e beleza. A sua delicadeza, a sua sensualidade e a sua aparente fragilidade.
A mulher é um símbolo por excelência do pecado. Pense-se na Eva que ofereceu a maçã a Adão.
Ou como um ser indeciso que se situa algures entre a divindade e a demonização. Tal como as sombras, entre a luz e a escuridão.

E isto assusta e assustará o homem que não compreende este mistério, esta aura ambivalente que rodeia a mulher.
Quem diz o homem, diz a sociedade. Esta que ainda tem os seu pilares ancorados num modelo de possessão patriarcal e machista.




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