sexta-feira, 15 de maio de 2015

sobre o talvez


Pedro Mexia é o homem dos sete oficios no mundo das letras,
Poeta, escritor, ensaísta, cronista, bloger, tradutor, dramaturgo, argumentista por uma vez e é um intelectual que não é.
Na prática, deve ser mais conhecido pelo Governo Sombra da TSF do que por aquilo que é.

No dia 24 de Abril, Pedro Mexia deu uma entrevista ao I.
A última pergunta que o entrevistador lhe faz é bastante curiosa:
- Que palavra salvarias se apenas pudesses salvar uma única?
- Talvez. Salvava a palavra “talvez”.


Pensei nesta pergunta. Não na resposta que daria, essa ficará para outro post, mas na resposta que Pedro Mexia deu.
Definitivamente eu não salvaria esta palavra. 

"Talvez" é uma fuga, é ausência de compromisso, um "nim", a negação da opinião, 
É vaga e sem conteúdo. Personifica o receio de um escrutínio posterior. 
"Talvez" é um eufemismo, uma forma mais simpática do "não me chateies mais".

Um encolher de ombros sob a forma de uma palavra, a concretização do desinteresse.
Talvez sim, talvez não. Talvez um dia, talvez dois.
É uma seta que apontando para todos os lados simultaneamente, não indica nenhuma direcção.

Uma despudorada caixinha de segredos, de quem sabe mas não quer que saibam que sabe.
Uma palavra que incomoda quem a ouve, porque fica sozinho. Fica sem apoio e pode ficar na merda.

Não uso o "talvez", mas também não fujo ao seu uso. Vou buscar palavras de roupagens talvez mais sofisticadas, cuja vacuidade também está presente, mas menos perceptivelmente.
São mais positivas. O conselho, a opinião está mais presente, mas não totalmente.
Creio, penso, é possível, é provável, são palavras mais reconfortantes. São mais amigas, mais positivas e discretas do "talvez".
São eufemismos, mais, como se diz...??? User friendly!


Por tudo isto "talvez" é uma palavra inteligente que talvez não mereça ser salva. 




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