segunda-feira, 9 de abril de 2012

compra de fim de semana - Jan Garbarek





Há poucos músicos que tenham construído um universo, uma assinatura só deles. 
Com isto quero dizer que ouvindo-se um pouco da sua música, uma frase musical e reconhecemos de imediato o seu autor. 
Não sou expert nem conhecedor nestas coisas de música, mas existem três músicos de jazz que conseguem a proeza de eu os reconhecer quase à primeira. O trompete de Miles Davis, o saxofone de John Coltrane e um outro saxofone, o de Jan Garbarek.

Tentando caracterizar o universo de Garbarek, para além de multifacetado, eu diria que ele é espectral, expressivo, minimal, capaz de nos transportar para paisagens misteriosas, nórdicas, onde imperam as diáfanas neblinas, onde lagos misteriosos brilham como prata à noite, os ventos cantam suavemente e as luzes são difusas.
É um universo encantado que ele nos introduz em todo os seus trabalhos.

Mas Garbarek tem uma outra capacidade, talvez rara, que é de tocar em parceria com instrumentos pouco vulgares ou associados ao jazz, daí ser multifacetado, mas que são igualmente capazes de complementar e passar as mesmas emoções e paisagens sonoras que o seu saxofone.
Em In Praise of Dreams, é exactamente isto que acontece.

Garbarek, para além da percussão de Manu Katché, ele vai buscar talvez o maior trunfo deste seu trabalho de 2004 ao violino de Kim Kashkashian.
O diálogo entre estes dois instrumentos aparentemente sem afinidades entre si, o violino e o saxofone é suave e muito delicado e o resultado final é sempre extraordinário.
Subtilmente Katché acompanha muito este diálogo sem se tornar um outsider. Se ele não estivesse presente, este diálogo seria bem mais pobre.

Tudo isto está presente em três das minhas preferidas faixas do álbum.
Uma delas é A Knot of Place and Time.




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