sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Gulbenkian - monumento nacional

Soube por aqui, que o edifício sede da Fundação Calouste Gulbenkian e os seus jardins tinham ganho o estatuto de monumento nacional.

Para quem a conhece, sabe que a Gulbenkian é uma bolha protectora dos sentidos, que os acalma e os abranda.
Localizada em plena cidade de Lisboa, é um espaço que nos isola e protege da sua urbanidade. Nele, a cidade soa abafada, distante.
O verde abunda. Os seus jardins têm cantos e recantos. São acolhedores. Tem estátuas sabiamente distribuídas e as árvores estão identificadas. Frequentemente vê-se famílias de patos a cruzarem apressados, os caminhos traçados nos jardins, a caminho do lago.


Mas para mim, e para além disto, a Gulbenkian foi uma perdição durante os tempos de faculdade.
Perdição no sentido formal da vida, porque perdi algumas aulas à conta da Gulbenkian, dos seus museus e jardins.
Mas no lugar delas, muitas vezes estéreis e mal dadas, encontrei música, dança, pintura e escultura.
Fui apresentado a outros "professores" com quem estabeleci relações duradouras. Eduardo Viana, Philip Glass, Stockhausen, Pina Bausch foram alguns deles. Outros nem tanto: Schiele, Modigliani e Paula Rego.

Várias vezes fui para lá apenas para ir ver um determinado quadro, ou simplesmente, arrumar pensamentos soltos, deixar o espírito planar e ler um livro.
O Museu Gulbenkian, o Centro de Arte Moderna (CAM) e o Anfiteatro ao Ar Livre, tornaram-se grandes companheiros. Amigos para a vida.
Educaram-me e cresci em matérias que uma faculdade de engenharia não ensina e não aborda.
Pensando bem e para minha sorte, a Gulbenkian no sentido prático da minha vida, foi uma "ganhação".

É justo e agrada-me bastante que seja agora um monumento nacional.
Uma importante e bonita parte de mim e da minha vida, está embebida nestes edifícios e jardins.

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