segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Grande Ecrã - Ondine

Syracuse é um pescador irlandês sem sorte que tem a sua vida num caos. Ex-alcoólico, a ex-mulher igualmente alcoólica, e uma filha sonhadora (Annie) com uma deficiência renal a necessitar de hemodiálise, cuja custódia ele não consegue ter.

Um dia Syracuse pesca, literalmente, com as suas redes uma bela mulher, Ondine. Descobre que está viva e dá-lhe abrigo.
Misteriosa, ela canta e fala numa língua que este não entende. Começa a participar na faina, o peixe começa a surgir em maior quantidade e a sua vida ganha frescura e um novo colorido. Fá-lo acreditar de novo na esperança, perdida pelo seu passado.
Annie, pelas histórias que o pai lhe vai contando à noite fica convencida que Ondine é uma "selkie". Um ser fantástico aquático, proveniente da mitologia irlandesa e escocesa, que pode assumir a forma humana ao retirar a sua pele de foca e retomar a sua forma original ao colocá-la de novo.
Começa assim a ser desenhada uma doce história de amor, um conto de fadas romântico, entre dois seres de mundos diferentes de difícil conciliação.

Depois quase cruelmente, quando nós próprios, já embalados na história romântica que paulatinamente se foi desenrolando à frente dos nossos olhos, em que a nossa imaginação começava a dar voltas para perceber como se poderia conciliar a Água e a Terra, Neil Jordan (realizador) começa a retirar-nos o tapete e apresenta uma nova e dura realidade.
Syracuse que estava sóbrio há mais de dois anos, por influência da ex-mulher, cai de novo nas garras do álcool e Ondine, não é mais uma "selkie", mas sim uma correio de droga romena, que afinal se chama Joana, que por sua vez, tem o traficante atrás dela para reaver a droga que perdeu numa fuga à polícia mal sucedida.

Mesmo depois de Neil Jordan conceder um final feliz aos três personagens, não deixa de haver uma certa frustração no desfecho.
Não só porque queremos de novo ver a sedutora e mitológica Ondine no lugar da prosaica Joana, mas acima de tudo porque somos confrontados com o facto que afinal fomos "iludidos" durante uma boa parte do filme.

Mas podemos sempre recorrer à frase do cartaz do filme: "a verdade não é o que sabes, é o que acreditas".

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