Este último ano na Esteira, tem sido particularmente difícil.
Passado um ano, as três guerras que mencionei aqui (Sudão, Palestina e Ucrânia) ainda persistem.
Já mal são notícias nas televisões e rádios.
As pessoas tornam-se indiferentes, alheias e habituam-se rapidamente à morte e ao sofrimento de dezenas e dezenas de pessoas. Uma cobertura jornalística, em todas as suas formas, tem habilmente, e deliberadamente, esquecido ou suavizado o inenarrável sofrimento e total ausência de condições de vida. De facto, não se trata de condições de vida, mas de condições de sobrevivência.
Das três guerras, a de Israhell contra a Palestina assumiu proporções pessoais que nunca tinha experimentado antes ou algo de comparável.
Mais de um ano depois continuo incrédulo com o que se passa em Gaza, Palestina, território ocupado, roubado e colonizado por um país predatório, governado por um assassino e genocida, Benjamim Netanyahu. O que se assiste ao que se passa e acontece em Gaza e Cisjordânia é de uma atrocidade sem limites. O que li em livros de história, relatos de sobreviventes, vi nos diversos memoriais de vários países que experimentaram o genocídio, vejo agora em directo no ecrã do meu telemóvel.
Em ano que se assinalou trinta anos do Genocídio Ruandês e setenta e nove anos sobre o Genocídio Judeu e dos Roma, o Ocidente que tantas vezes invoca "nunca esquecer para nunca mais voltar a acontecer" vira costas, fica em silêncio e dá até o seu apoio declarado ao genocídio do povo Palestiniano e deixa, permite que o crime de todos os crimes aconteça livremente, sem restrições económicas, físicas e morais.
O Ocidente, o paladino dos direitos humanos, dos valores humanitários, da defesa da vida, da paz, da liberdade de expressão e do mundo livre, tornou-se um assassino, cúmplice e participante activo deste genocídio, através do silêncio conivente e do fornecimento de armamento deste genocídio.
Sinto uma grande vergonha em ser ocidental, em ser português. O meu país também é cúmplice da bestialidade sionista israhellita. Coloca-se debaixo das patas negras de um crime hediondo e tal como o restante mundo ocidental, excluindo os irlandeses, curva-se subservientemente perante um estado que ignora, quebra, contorna, todas as regras que norteiam a dignidade do ser humano.
É frustrante, profundamente triste, uma sensação de profunda incapacidade, de inutilidade, viver nestes dias. Dias em que os nossos políticos são profundamente nojentos, repelentes, vendidos, ausentes de alma e de qualquer tipo de dignidade.
E continuamos a votar neles, como se a invocação da liberdade fosse condição sine qua non, uma obrigação.
Não é. Não votar neles é um grito de revolta e de indignação. Diz-se que podes votar branco, nulo, não na abstenção. Mas enquanto votarmos, seja de forma seja, enquanto os políticos não perceberem que são rejeitados, olhados de lado, repudiados, nunca perceberão o quanto indignos são de nós.
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