quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Mahsa Amini, a repressão não termina


Talvez desde 2009, altura do Green Movement (revolta devido ao resultado das eleições desse ano) que o Irão político não vivia uma agitação popular tão grande nas ruas.
Se a origem do Green Movement foram motivos políticos esta representa uma revolta contra aquilo que mais mudou na sociedade afectando particularmente as mulheres: a imposição do véu islâmico, o hijab, por altura da revolução islâmica de 1979 liderada por Ruhollah Khomeini.

E tudo começou com algo que as mulheres iranianas fazem há algum tempo: usar o hijab no limite. 
Ou seja, o véu islâmico (existem vários, neste caso a shayla) que se destina a tapar o cabelo é preso quase na metade inferior da cabeça, quase solto, deixando uma boa parte do cabelo visível. Uma forma de aplicar as "regras" mas contornando-as o mais possível.

O Irão tem uma polícia própria para verificar se as mulheres cumprem com aquilo que lhes é imposto, a Polícia da Moral ou dos Costumes.
Estes, consideraram que a jovem de 22 anos, Mahsa Amini, estava a não respeitar a "boa moral" e a forma que usaram para a punir, matou-a. Foi presa, espancada, entrou em coma e morreu a 16 de Setembro, três dias depois de ter sido presa.

Uma revolta que já estava latente há muito na sociedade iraniana, e particularmente entre as mulheres, veio ao de cima e o verniz estalou. Está agora nas ruas de várias cidades, queimam-se lenços, cortam-se cabelos e há gente a morrer - mais de três dezenas de mortos. 
Gostava de acreditar que vão conseguir mudar algo. Mas a repressão no Irão parece ser interminável (desde 1979) e os efeitos práticos do Green Movement, que durou cerca de seis meses e movimentou milhões de iranianos foram infelizmente praticamente nulos.








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