quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Grande Ecrã - Dunkirk


Boçal e quase claustrofóbico. A câmara está quase sempre em cima dos actores e esporadicamente, nas sequência das batalhas aéreas, é que nos é oferecido espaços abertos.

Os diálogos são impessoais, inclusive entre os pilotos aliados, dos Spitfires, ditos como se as personagens estivessem a falar para uma parede, não trazendo valor acrescentado à narrativa. Esta é morna, estática, muito controlada.
Os silêncios são excessivos, quase desesperantes e os olhares, a ferramenta preferida de diálogo de Christopher Nolan com quem vê o seu mais recente trabalho, Dunkirk, falham redondamente.
Os rostos são quase inexpressivos, talvez resignados, e a emoção não reina no grande ecrã.
O enquadramento histórico, tão necessário para um filme que retrata um episódio verídico e famoso da segunda Guerra Mundial, foi completamente ignorado.

Dunkirk, França, relata a história de 400 mil soldados em fuga após a perda da batalha pela França, entalados entre as forças nazis e o oceano, que foram resgatados por barcos civis de toda a forma e feitio.
Deste número inicial, cerca de 340 mil foram evacuados, mas fica a pergunta: E o que aconteceu aos restantes?
O filme também não conta. Parte foi evacuada pela marinha britânica, outra parte foi morta na praia pelos aviões da Luftwaffe.
E porque amontoados e parados que nem patos a boiarem num lago, o exército nazi não os dizimou?  A história diz que Hitler estava desinteressado, preocupado com outras frentes de guerra e não estava com vontade de dispersar meios para uns quantos "falhados".
Se o tivesse feito, garantidamente, a Grã-Bretanha e a Europa estariam a falar a língua de Angela Merkel


A banda sonora de Hans Zimmer é tão brilhante quanto saturante. É omnipresente ao longo do filme. Mas também é ela que faz o trabalho essencial, aquilo que os actores não fazem porque não os deixaram fazer: trazer até nós a emoção e angustia da situação que os soldados encurralados na praia vivem.

O realizador Christopher Nolan fez-me lembrar aqueles putos que ao porem cromos nas cadernetas, o fazem com todo o cuidado de modo a eles ficarem bem certinhos e alinhados.
A caderneta fica muito bonita, vistosa, mas sem piada.
Assim é Dunkirk.






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