quarta-feira, 14 de setembro de 2016

sem eira nem beira



Uma vez disseram-me que de certeza que eu tinha genes dos povos germânicos visigodos ostrogodos (os godos) e na brincadeira ainda acrescentaram que era viking.
Fiquei a pensar nisso. Esta possibilidade atraiu-me fortemente.

Sei que uma percentagem da nossa herança genética, tem origem nos neandartais. Esta percentagem pode oscilar entre 1 a 4%.
Isto é extraordinário. Neandartais e homo sapiens cruzaram-se entre si, partilharam genes com descendentes viáveis, e nós herdamo-lo.
Os caucasianos devem a cor da sua pele a eles. É uma das mais evidentes presenças genéticas oriundas dos neandartais.

Esta mistura sempre me agradou. É como os cães rafeiros ou os gatos de rua. A sua mistura de genes torna-os mais robustos e também mais fascinantes. Olho para eles e consigo imaginar sem dificuldades milhares de gatos a cruzarem-se. Muitos deles provindo de vários países, partilhando várias culturas com os seres humanos. A sua história é longa.
Não foram criados ou aperfeiçoados pelo homem, seleccionados, ou o resultado do capricho e vaidade humana.


Não sei exactamente que genes, para além dos neandartais, me tornam eu, mas espero que sejam variados. Quanto mais variados eles forem, mais fascinante serei geneticamente.
Espero que venham de comunidades antigas, que tenham vadiado por esse mundo fora. Que tenham atravessados planícies geladas, atravessado desertos e subido montanhas para se aventurarem no horizonte que não conseguiam ver. Que tenham pintado cavernas com as suas mãos e ramos de árvores carbonizadas e esculpido totens e amuletos de argila e madeira. Que com os troncos ocos apodrecidos das árvores tenham descoberto que podiam fazer música, comunicar, fazer embarcações e atravessar mares.

Sou um cidadão do mundo. Mas espero, desejo, que a minha genética esteja ancorada em muitos milhares de anos, esteja impregnada de culturas e vivências diferentes, tornando-me mais que num vagabundo do mundo, também do tempo.






1 comentário:

  1. Já tinha visto este video mas não me importei de rever. É extraordinário!
    E gostei muito do teu texto, vagabundo do mundo e do tempo:)

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