quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

quando só o silêncio fala, ninguém o entende


Por vezes até sei o que dizer, como dizer, e muito bem até.
Mas as palavras, os pensamentos que as geram, andam revoltos e revoltados.
Estão lá muitos, todos, sobre tudo e sobretudo sobre nada do que é preciso na altura.
Ensombrados por um perpétuo movimento desorganizado, caótico, delirante, enredados uns nos outros, incapazes de coerência, ausentes de esclarecimento e plenos de abstracção.

Não sai nada. Tudo está lá, mas não sai nada.
Para quem está do outro lado, é muito difícil, mas ainda é mais, muito mais, para o lado de cá.
É um silêncio de incapacidade. Um esfumar de vontade. É um grito de:
- Venham até cá, porque não consigo ir aí!
- Leiam-me, porque não consigo escrever!
- Oiçam-me porque não consigo falar!

É um impossível paradoxo cíclico:
A cabeça, a mente gritam as respostas, mas os lábios cerrados devolvem-nos à cabeça, à mente;
A cabeça, a mente gritam as respostas, mas os lábios cerrados devolvem-nos à cabeça, à mente;
A cabeça, a mente gritam as respostas, mas os lábios cerrados devolvem-nos à cabeça, à mente.

E quando finalmente é quebrado, se quebrado, e algo sai, mais valia não ter saído nada.

Como escreveu Pessoa:

"Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem."


Inkheart




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